São Paulo, Sábado, 12 de Junho de 1999
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AVALIAÇÃO
Medicina e economia realizam estudos próprios para diagnosticar os problemas específicos com a formação
Novos cursos já adotam avaliação alternativa

da Reportagem Local

Dois dos três cursos que foram incorporados à lista dos avaliados no Exame Nacional de Cursos neste ano -economia, medicina e engenharia mecânica-, já desenvolveram e aplicaram sistemas próprios de avaliação. Nos dois casos, medicina e economia, já foi feito um diagnóstico dos problemas e necessidades dos cursos e já estão sendo implantadas medidas visando a melhora da qualidade.
Desde o final dos anos 80, a maioria dos cerca de 95 cursos de medicina que existem no Brasil participam do projeto de avaliação institucional coordenado pela Cinaem (Comissão Interinstitucional Nacional de Avaliação do Ensino Médico). Já na área de economia foi realizado um censo para mapear o atual estado dos cursos e, com base nos dados levantados, implementar mudanças (leia textos nesta página).

Exame dispensável
Por isso, nessas áreas, há quem defenda a idéia de que o provão possa ser um instrumento de avaliação dispensável. "Em medicina, o provão não deverá acrescentar dados aos que já levantamos e aos que estão disponíveis no próprio MEC. Além disso, muitas das diretrizes adotadas pelo provão seguem os padrões criados pela Cinaem", diz Regina Parizi, vice-presidente do Conselho Federal de Medicina, uma das entidades que integram a Cinaem.
O exame da Cinaem, diz ela, é mais completo do que o provão, pois avalia, além dos conteúdos desenvolvidos ao longo do curso, aspectos éticos e práticos da profissão, como a postura do médico diante do paciente.
A prova de medicina pretende avaliar a formação do futuro médico em dois planos: o das matérias básicas e o das de transição e profissionais em cinco grandes áreas (clínica médica, cirurgia, ginecologia, obstetrícia e pediatria).
Outro questionamento feito é relativo à legitimidade do provão. "É indiscutível que o MEC deve avaliar o processo de formação porque é o responsável pelo credenciamento das instituições e deve cuidar da qualidade. O único risco é que o provão não reflita a qualidade real das escolas porque é um exame teórico", diz Regina Stella, presidente da Cinaem e vice-reitora da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Há quem aposte, porém, na diminuição da resistência ao provão na área de medicina. "A aceitação vem aumentando. O provão e a avaliação da Cinaem não são excludentes. São mecanismos diferentes. E o provão não é o único instrumento adotado pelo MEC, tem também a avaliação das condições de oferta", diz

Economia
O provão deverá colaborar para melhorar a qualidade dos cursos de economia do Brasil. É o que defende o presidente do Conselho Federal de Economia e professor da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), Antônio Corrêa de Lacerda. "Não é a única solução. O provão precisa ser inserido no conjunto de uma política educacional para melhorar a qualidade, mas com base nas diretrizes e nos resultados do censo, montamos uma agenda de discussões com o MEC para discutir a melhora da qualidade."
Um dos desafios a serem enfrentados é a homogeneização da qualidade dos cursos. "Existe muita disparidade e diferença entre as regiões. Acho que esse é o principal problema a ser enfrentado dentro do atual contexto da profissão."
O principal desafio da área é, na opinião de Lacerda, formar profissionais capazes de atuar em um contexto de globalização da economia e que consigam transitar por diferentes campos e assuntos. (MARTA AVANCINI)


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