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Em Santos, torcida troca festa oficial por padaria e café com leite por cerveja

Juca Varella/Folhapress
Torcedores celebram vitória contra o Kashiwa em padaria de Santos
Torcedores celebram vitória contra o Kashiwa em padaria de Santos

MARCEL MERGUIZO
ENVIADO ESPECIAL A SANTOS

Nem café nem festa oficial do clube na praia. O torcedor de Santos acompanhou a classificação para a final do Mundial de Clubes em bares e padarias, regado a muita cerveja na manhã de ontem.

Enquanto o clube organizou às pressas uma barraca de praia com um telão -na verdade, TVs que formavam uma grande tela-, santistas se aglomeravam em frente a pequenos televisores em outros pontos da cidade.

O evento oficial, na praia do Gonzaga, a principal de Santos, teve cerca de 250 torcedores, segundo o clube. Aparentemente eram menos. Somente 130 desses pagaram R$ 40 (sócios) ou R$ 60 para ter direito a bebida e comida.

Apenas na última segunda-feira a diretoria santista autorizou a festa para cerca de 400 pessoas, com a perspectiva de atrair autoridades e ex-jogadores para o evento. Estes também não foram. Para domingo, o clube não confirma, mas deve organizar algo maior na Vila Belmiro.

Em outro bairro, a padaria A Santista recebia cerca de 300 fãs de todas as idades.

Em frente, torcida e carros dividiam espaço. O taxista Nilton Fernandes parou para festejar o gol de Borges, que viu na TV do GPS. Jovens cantavam: "Barcelona, pode esperar, a sua hora vai chegar". E Maria de Lurdes Monteiro, 72, apenas rezava, quieta, isolada, do outro lado da rua.

"Não consigo ver", afirmou, baixinho. Por que não consegue entrar? "Não, porque fico muito nervosa."

A padaria, que abre às 6h00, não fechou durante a última madrugada. E serviu comida japonesa após o jogo.

"Não dormi quando meu pai morreu, quando minha mãe morreu, ia dormir hoje, que é dia de alegria?", disse o dono Carlos Eduardo Fernandes, com uma garrafa de cerveja na mão às 8h00.

A bebida alcoólica substituiu o café dos santistas.

"Tinha consulta no cardiologista às 7h00. Deu 8h00, ele não apareceu, eu vim ver o jogo. Na verdade, eram 7h02. Tomei uma dose do remédio para o coração e vim", contou o estivador Almir José da Silva, 53, com a latinha de cerveja na mão e o dia de trabalho no porto abandonado.

Ao lado da Vila Belmiro, os bares também estavam cheios. A dona de um deles ainda tentou uma promoção para o café da manhã, mas lucrou mesmo com a cerveja.

"Café com leite mais pão na chapa mais um pão de queijo ficava R$ 3. Só vendemos um. Mas cerveja já vendemos umas 30 caixas", disse a proprietária Maria Tereza, antes do fim da partida.

O clima de jogo era tamanho que havia flanelinhas, vendedores ambulantes (com camisa pirata com a terceira estrela, referente ao tri mundial, a R$ 30) e torcida organizada em torno do estádio.

A festa acabou minutos após a vitória. E quem conseguiu ou quis foi trabalhar.

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