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Confederação é investigada pela PF

TÊNIS
Entidade é suspeita de não prestar contas de dinheiro público e de fazer caixa dois

LUCAS FERRAZ
DE BRASÍLIA

Por determinação do Ministério Público Federal, a Polícia Federal abriu inquérito para apurar se houve desvio de recursos públicos nas contas da CBT (Confederação Brasileira de Tênis).

O principal alvo da investigação é o presidente Jorge Lacerda, que tentará hoje, em assembleia extraordinária, alterar o estatuto da CBT para permanecer à frente da confederação até depois da Olimpíada do Rio em 2016.

O inquérito, sob segredo de Justiça, foi instaurado na Superintendência da PF em São Paulo após denúncia de um ex-diretor da Federação de Tênis do Espírito Santo.

Segundo a denúncia, Lacerda não prestou contas da CBT e, segundo documentos encaminhados à Justiça, usou contas paralelas para fazer uma espécie de caixa dois.

Adversários também levantam a suspeita de que ele quer se perpetuar no poder (se se confirmar, será sua segunda reeleição após duas alterações no estatuto).

À Folha, o presidente da confederação negou todas as irregularidades e disse ser alvo de uma disputa política. "É bom que se investigue tudo", afirmou Lacerda.

R$ 20 MILHÕES

Embora seja uma entidade de direito privado, a CBT funciona graças ao repasse de verbas públicas -que correspondem a cerca de 80% do orçamento anual. As principais fontes são os Correios, o patrocinador oficial, e o Ministério do Esporte.

Segundo a denúncia encaminhada ao Ministério Público Federal, a CBT recebeu mais de R$ 20 milhões desses dois órgãos. Lacerda, contudo, afirma que o valor corresponde ao total do orçamento da confederação em 2011.

A denúncia não especifica o valor supostamente desviado, pois afirma que as contas da CBT são uma "caixa-preta". Segundo as suspeitas, parte das irregularidades teria relação com cinco contas abertas pelo Instituto Tênis, entidade criada por empresários para apoiar financeiramente a modalidade, à época que Jorge Lacerda dividia a vice-presidência dela com o cargo de presidente da CBT.

De acordo com a denúncia, essas contas foram usadas para desviar dinheiro da confederação, o que Lacerda chama de "mentira".

O inquérito também apura se ele beneficiou a empresa Brascourt que, sem licitação, foi escolhida para construir quadras de tênis em vários Estados. A empresa pertence a um amigo do presidente.

Aliado de Jorge Lacerda, Gustavo Kuerten, o maior nome da história do tênis brasileiro, afirmou à Folha que defende a permanência dele à frente da entidade por mais quatro anos, mas cobra uma democratização nas decisões do conselho da CBT.

Guga, contudo, mostrou-se preocupado com o inquérito da PF: "Toda investigação é ruim, estar envolvido nisso é a pior coisa. Torço para que essas suspeitas não sejam verdade, seria um retrocesso para o tênis brasileiro".

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