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Legião estrangeira

Gringos de 2º escalão viram destaque em ligas de vôlei e basquete e ofuscam estrelas

Karime Xavier/Folhapress
Filip Rejlek, tcheco do Minas, em treino em SP
Filip Rejlek, tcheco do Minas, em treino em SP

DANIEL BRITO
MARIANA BASTOS
DE SÃO PAULO

Filip Rejlek mal sabe falar português. Com 30 anos já não é mais uma promessa, e seu país está longe de ser uma das maiores potências do vôlei. Mesmo assim, o tcheco consegue se destacar em um campeonato repleto de campeões olímpicos e mundiais e já desponta entre as maiores estrelas desta Superliga.

Fã de Murilo, do Sesi e da seleção, Filip se surpreende com o fato de se destacar entre tantos bons jogadores.

"Não esperava ir tão bem logo no meu primeiro ano no Brasil", diz o oposto do Minas. Até a penúltima rodada da primeira fase, era o segundo maior pontuador da Superliga e o quinto melhor atacante em aproveitamento.

Seu ídolo é o 27º maior pontuador e não está entre os dez melhores atacantes.

Filip é um dos nove estrangeiros na Superliga. Quase todos são protagonistas nos times, mas não foram grandes destaques em suas seleções.

No NBB (Novo Basquete Brasil), o número é ainda maior: 28 de dez países.

E, após metade da fase de classificação, oito deles estavam entre os 15 maiores cestinhas. Recorde no torneio, que está na quarta edição.

A maior estrela é Shamell, do Pinheiros, americano cestinha da fase inicial (média de mais de 22 pontos por jogo). "Os americanos no Brasil são ofensivos, porque os EUA costumam formar muitos pontuadores", afirma.

Sem chance na NBA, ele se mudou em 2004 e está em processo final de naturalização. "Os estrangeiros ajudam a elevar o nível do campeonato e dos atletas do Brasil."

Um americano chamou tanto a atenção no NBB que foi convocado para a seleção brasileira em 2011. Larry Taylor também busca a cidadania brasileira. Ele é décimo da lista de cestinhas, com média de 17,29 pontos por jogo.

O potencial ofensivo dos estrangeiros nem sempre é visto como qualidade. "Muitos não têm comprometimento com o time, porque o cara quer ter pontuação alta para arrumar um contrato melhor na outra temporada", diz Alex, do Brasília e da seleção.

No vôlei, com o mercado aquecido, jogadores estrangeiros medianos viraram opção de reforço mais barato para os times. A Folha apurou que, hoje, atletas do nível de seleção brasileira ganham entre R$ 900 mil e R$ 1,5 milhão por temporada. Os medianos, cerca de R$ 300 mil.

Por pressão dos clubes, a Confederação Brasileira de Vôlei voltou a permitir o limite de dois estrangeiros por equipe para a próxima temporada. Hoje, o limite é um.

A busca por um bom contrato no vôlei também motiva os cubanos. Quatro atuam na Superliga, e três estão entre os principais destaques.

Camejo, do Vôlei Futuro, é o melhor atacante do masculino. No feminino, Daymi e Herrera, do Minas, são, respectivamente, a primeira e a sexta maiores pontuadoras.

Todos passaram por quarentena antes de jogarem no Brasil, por causa de regra da federação internacional. Como deixaram a seleção cubana, tiverem de ficar dois anos parados antes de atuarem por clubes de outro país. Por isso, Daymi e Herrera chegaram em 2010 acima do peso.

"Elas têm muita força de vontade porque têm a responsabilidade de vencer na vida. Saíram de Cuba deixando família. O que dará sobrevivência a elas é o vôlei", diz Jarbas Soares, técnico do Minas.

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