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Tostão

Amigos do rei

Ex-atletas, craques ou não, precisam se preparar bem para outros cargos relacionados ao futebol

Sempre que há vagas para treinadores, diretores técnicos e dirigentes de clubes e da CBF, surgem nomes de ex-atletas, geralmente os mais famosos. Existe uma grande busca, no Brasil, para encontrar um Beckenbauer, um Platini. Bastou Ronaldo admitir seu nome para presidente da CBF, depois da Copa, para se falar muito disso.

Ronaldo, por não ter tido preparo técnico, não demonstra condições para o cargo nem para ser membro do comitê organizador da Copa. Ele precisa também decidir se quer ser empresário do esporte ou dirigente esportivo. Há um nítido conflito de interesses.

Para um atleta se tornar um ótimo profissional em outro cargo relacionado ao futebol, precisa, além de se preparar bem, executar integralmente a nova atividade. Não pode ser por bico, por vaidade, por diversão ou apenas para faturar mais. Tem ainda de abandonar os trejeitos, a pose e o estrelismo da época de jogador.

A experiência não passa de uma função à outra. Todo atleta que inicia uma nova profissão no futebol é inexperiente. Além disso, tempo de carreira não significa competência. Vejo, em todas as atividades, que alguns profissionais cometem os mesmos erros por muitos anos e não aprendem.

Atletas deveriam iniciar uma nova atividade por baixo, para aprenderem. Quanto mais famosos, mais começam por cima. Evidentemente, há exceções. Alguns, especiais, por terem outras virtudes e não somente por terem sido grandes craques, podem pular etapas. Isso ocorre em todas as profissões.

Quando falo em se preparar melhor e estudar mais, não é apenas ter um diploma. Isso é fácil. Existem muitas escolinhas e cursos pela internet. Basta clicar.

César Sampaio é um dos poucos ex-atletas que se prepararam para o novo cargo. O Palmeiras reconheceu isso. Ele não é diretor técnico porque jogou no clube, e sim porque tem condições para isso, como tem mostrado.

Como César Sampaio é sóbrio e sério, desde a época de jogador, não é um falastrão, não foi um craque, embora tenha sido ótimo jogador, não se parece com Beckenbauer nem com Platini e não dá boas manchetes, dificilmente seria lembrado para cargos como o de diretor de seleções da CBF. Ele tem mais condições do que Andres Sanchez.

Infelizmente, as pessoas são mais reconhecidas e escolhidas por prestígio, por serem amigas do rei, do que por conhecimentos técnicos. O que prevalece, na maioria das vezes, é a ética do mercado e da política, o corporativismo e o toma cá dá lá.

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