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Brasileiras passeiam até Londres

VÔLEI Em São Carlos, Pré-Olímpico tem de tênis furado a seleção juvenil

MARIANA BASTOS
ENVIADA ESPECIAL A SÃO CARLOS

"Estou cansado de escutar o que era o vôlei peruano há 30 anos. Quero pensar no futuro", desabafa o técnico italiano Luca Cristofani, contratado há um ano para tentar reerguer a seleção feminina peruana, maior potência do continente nos anos 80.

O Peru, cujo vôlei passou por um processo de precarização na década seguinte, será hoje o adversário do Brasil, que só cresceu desde então. A final do Pré-Olímpico sul-americano começa às 18h30 e vale uma vaga em Londres-12. Ontem, em São Carlos, o Brasil venceu a Venezuela por 3 sets a 0 (25/14, 25/15 e 25/23), e o Peru, a Colômbia, no tie-break (25/19, 15/25, 22/25, 25/11, 17/15).

A superioridade do Brasil é tamanha que até o Peru considera improvável vencer hoje. "Para fazer frente ao Brasil, é preciso antes aumentar o nível da liga interna e fazer um bom trabalho de base", disse Cristofani. Ele relata que a estrutura no Peru conta com equipamentos velhos.

A penúria é ainda maior em outros países vizinhos.

Na Colômbia, as atletas da seleção têm de comprar seus próprios tênis. Uma delas, inclusive, jogou com o calçado furado a primeira partida. Coube à maior estrela da seleção, Montaño, que atua na Coreia do Sul, comprar um par de tênis para a colega.

Segundo o técnico Mauro Marasciulo, algumas atletas têm dificuldade até para arcar com despesas de transporte para ir aos treinos.

No Chile e no Uruguai, o amadorismo predomina.

A grande maioria desiste do esporte quando sai da faculdade. As poucas que persistem não conseguem se dedicar integralmente ao vôlei.

No Uruguai, as atletas da seleção recebem dos clubes salário simbólico de no máximo US$ 80 (R$ 157), quantia infinitamente inferior à recebida por jogadoras top do Brasil, que chegam a ganhar R$ 800 mil por temporada.

"Temos seis jogadoras que se dividem entre o vôlei e o trabalho. Há arquiteta, empresária, engenheira, secretária", enumera o técnico uruguaio Marcelo Cardozo.

Segundo ele, o ginásio de treinos da seleção tem dimensões menores que as exigidas internacionalmente.

No Chile, há dificuldades para se montar uma seleção adulta forte uma vez que o vôlei se desenvolve apenas em escolas. O time que disputou esse Pré-Olímpico tinha média de idade de 16 anos.

A Confederação Sul-Americana vem tentando diminuir a disparidade técnica entre o Brasil e o seus vizinhos.

Para isso, paga a alguns técnicos brasileiros para desenvolverem a modalidade em outros países. O Uruguai será o próximo beneficiado.

NA TV

Brasil x Peru

18h30 Sportv

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