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Para quase ninguém

No anonimato, Copa do Brasil feminina, cada vez mais longe dos clubes tradicionais, inicia hoje decisão entre times bancados por prefeituras

MARCEL RIZZO
DE SÃO PAULO

Érika será hoje uma das estrelas da final da Copa do Brasil feminina de futebol. O seu time, o Centro Olímpico, visita o São José, em São José dos Campos, às 11h, na primeira de duas partidas.

"O problema é que quase ninguém sabe disso. Quando falo que jogo futebol, me perguntam se tem campeonato. Aqui no Brasil ainda jogamos para ninguém", lamenta a atacante de 24 anos.

Criada em 2007 para ser o piloto de um Campeonato Brasileiro forte, a Copa do Brasil feminina não emplacou. A edição 2012 teve 16 participantes, de 14 Estados, em jogos eliminatórios. Clubes com tradição jogam uma vez, depois desistem, principalmente por falta de patrocinadores. Em 2012, Vasco e Atlético-MG participaram, mas nem chegaram às semifinais.

Este ano sairá o quinto campeão em seis edições. O Santos, que desfez o time em janeiro, é o único bi (2008 e 2009). Primeiro vencedor, o Saad jogou em 2007 pelo Mato Grosso do Sul. De lá para cá mudou duas vezes de sede e não jogou nesta edição.

"Enquanto o Brasil não tiver um título de expressão internacional, vai ser assim", afirmou Márcio Oliveira, técnico do São José.

O campeonato não teve transmissão pela TV. Há promessa de que a segunda partida final, no domingo que vem, no Pacaembu, passará no Sportv. Jogadoras como Marta, Cristiane e Aline Pellegrino atuam fora do país.

Isso se reflete na baixa média de público: 320 presentes. Alguns jogos não tiveram número de pagantes divulgado, o que impede o cálculo correto da média de quem desembolsou até R$ 5.

No dia 14 de abril, o Vitória-PE massacrou o América-RN por 15 a 0 para dois pagantes, renda de R$ 10. No total, o público presente era de 11 pessoas -ou seja, no gramado tinha mais gente.

A dissolução do Santos mostra a tendência atual: o apoio do poder público a times que perderam ou não tem grife. Os quatro semifinalistas, de maneiras distintas, receberam ajuda de prefeituras (Vitória-PE e São Francisco-BA foram eliminados).

O Centro Olímpico tem como base o Santos desfeito e é o time da secretaria de esportes da cidade de São Paulo. Usando estrutura montada para o projeto de modalidades olímpicas, a prefeitura fechou parceria com quatro empresas, que bancam salários.

Em São José dos Campos, uma lei obriga a prefeitura a investir em modalidades consideradas não profissionais. O futebol feminino, assim como o basquete -finalista do NBB-, entram nesse pacote.

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