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Tostão

Passes e chutões

A Espanha está mais forte na defesa, e a Itália, no ataque. A decisão ficou mais equilibrada

Colunistas de outras áreas, escritores, filósofos e poetas deveriam falar mais de futebol. Além de escreverem muito bem, não têm nossos vícios de linguagem nem compromisso com detalhes técnicos e táticos. Assistem às partidas com outro olhar.

Na quarta-feira, Antonio Prata escreveu uma deliciosa coluna sobre o chutão. Segundo ele, o chutão, fracasso de crítica, é aplaudido pelo público. Disse ainda, entre várias coisas interessantes, que o chutão é uma característica brasileira, especialmente do Corinthians, pouco vista na Europa. Penso que é uma característica sul-americana, como vimos em Buenos Aires.

Espanha x Portugal foi uma exceção. Houve muitos chutões. A melhor análise da partida entre Corinthians e Boca foi a de José Simão: "Pra cada cinco chutões, três trombadas! É o futebol-arte. Futebol-arte marcial".

Porém, há sempre um porém, como sou um entendido, palavra usada pelo mestre Nelson Rodrigues para ironizar os comentaristas, lembro que, no passado, quem dava chutões eram os europeus. Os brasileiros jogavam com a bola no chão, de pé em pé. Assim, encantaram o mundo. Hoje, os europeus lamentam mais que os brasileiros a mudança em nosso estilo.

Os europeus aprenderam muito do nosso jeito de jogar, sem perder a disciplina tática. Já os brasileiros importaram os chutões e o futebol programado dos europeus, mas perderam parte da espontaneidade e da fantasia.

Nesta troca, o Brasil ficou em desvantagem. Quando falo em chutão, incluo o passe longo, para se livrar da bola.

O técnico Guardiola já falou que, para se formar um ótimo time, os zagueiros precisam saber dar um bom passe, sem chutão, para iniciar as jogadas ofensivas.

A moda é questionar o estilo da Espanha, de muita troca de passes, mesmo sendo campeã da Euro de 2008, da Copa de 2010 e, hoje, finalista.

O problema da Espanha não é o estilo, e sim a falta de um grande atacante. Seus excepcionais armadores não são também artilheiros. Xavi, no Barcelona, é um segundo volante. Na seleção, é um meia de ligação, onde é mais facilmente marcado. Por outro lado, a Espanha atual, desde a Copa de 2010, ficou mais forte na defesa, por marcar muito bem e ficar com a bola, sem dar chances ao adversário.

A Itália melhorou ao trocar os chutões por mais troca de passes e chegar ao ataque com mais jogadores. A Espanha está mais forte na defesa, e a Itália, no ataque. Uma seleção se aproximou da outra. A decisão ficou mais equilibrada.

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