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Tostão

Loucos amores

Se o Corinthians for campeão, os torcedores, loucos de amores, vão delirar pelas ruas de São Paulo

Parafraseando a famosa frase publicitária, criada pelo louco corintiano Washington Olivetto, o primeiro título da Libertadores nunca se esquece.

O fato de o Corinthians nunca ter sido campeão e de o Boca ter ganhado seis vezes ajuda emocionalmente o time brasileiro ou o argentino? Não dá para saber. "As coisas não têm explicação, têm existência" (Fernando Pessoa). As explicações e os significados são posteriores.

A pressão emocional, a ansiedade, é benéfica até certos limites. O corpo aumenta a produção de substâncias químicas, que melhoram a concentração e a força física. O jogador fica mais esperto. É o doping psicológico. Mas se a ansiedade for excessiva, o atleta passa a dominar a bola com a canela, a finalizar com o corpo desequilibrado, a errar passes de cinco metros e a ser violento.

O Boca tem jogado melhor fora do que em casa. Uma das explicações é que, em seu campo, o time avança demais e deixa os fracos zagueiros desprotegidos. Outra é que o time tem bons jogadores para o contra-ataque, o veloz Mouche e o talento de Riquelme, capaz de dar um passe preciso no momento certo.

O Corinthians pode armar boas jogadas pelos lados, já que o Boca não usa um meia de cada lado, bem aberto, para bloquear o avanço dos laterais.

Em um jogo equilibrado, os detalhes e o acaso costumam decidir. Em Buenos Aires, no gol do Boca, se a bola não tivesse entrado, o árbitro teria de expulsar Chicão e marcar o pênalti. Provavelmente, o Boca faria o gol e, com um a mais, teria grandes chances de fazer o segundo. Em vez de Romarinho, entraria um zagueiro.

Se o Corinthians perder, só restará aos apaixonados torcedores, como diria Nelson Rodrigues, sentar na calçada e chorar lágrimas de esguicho. Se vencer, os torcedores, loucos de amores, vão delirar pelas ruas de São Paulo.

DEVIDOS LUGARES

A Eurocopa terminou com as coisas nos devidos lugares. Para a tristeza de quem gosta de outro futebol, a Espanha mostrou que é a seleção mais encantadora e eficiente do mundo, que está entre as maiores de todos os tempos e que tem os dois melhores armadores do planeta, Xavi e Iniesta.

O jeito de jogar do futebol brasileiro não permite que surja um Iniesta, um Xavi. É nossa principal deficiência. No Brasil, só existem volantes, muito mais para marcar, ou meias-atacantes e atacantes, que jogam da intermediária para o gol. Não há um excepcional armador. Se Ganso tivesse sido formado no Barcelona, talvez fosse esse craque.

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