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Emerson dá título ao Corinthians

LIBERTADORES
Polêmico atacante faz 2 gols, provoca adversários e encerra desconfianças

LEONARDO LOURENÇO
DE SÃO PAULO

Faltavam ainda alguns minutos para o início do jogo no Pacaembu quando uma família com sete ou oito pessoas passou em frente ao espaço reservado à imprensa.

Todos com trajes corintianos, todos com o nome de Emerson Sheik às costas -era de se imaginar algum parentesco com o camisa 11.

O que vinha à frente, puxando a fila de mãos dadas a crianças, tinha, no espaço do uniforme reservado ao patrocinador principal, uma mensagem: "O predestinado". Não poderia estar mais certo.

Emerson foi o Basílio da vez. Assim como o camisa 8, santificado pela torcida pelo gol no Paulista de 1977, o atacante tirou da garganta corintiana o espinho que há anos sufocava toda uma geração.

Foram dois gols, ambos no segundo tempo, o primeiro em um bate-rebate digno daquele Corinthians x Ponte Preta de 35 anos atrás.

Mas Emerson fez mais. Encarnou o espírito que rege o Corinthians. Partiu para cima dos zagueiros do Boca, dividiu bolas e provocou. Provocou muito os argentinos, que, na maior parte do jogo, o viam pelo retrovisor.

Com a vitória nos braços, mandou beijinhos aos rivais, apontou a própria bochecha para ser beijada e chegou a morder um dedo adversário.

Entretanto, o poder decisivo do 11 corintiano apareceu antes da decisão de ontem.

Foi de Emerson o gol da vitória sobre o Santos, na Vila, pelas semifinais. Na Bombonera, Romarinho se consagrou após um passe dele.

"Gosto dessas partidas. Tenho certeza de que a galera que acompanhou a minha história sabe o quanto é importante", disse o atacante.

"Um ano atrás me deixaram de fora por uma coisa que eu não fiz. Vocês foram injustos comigo, e hoje sou campeão da Libertadores", completou ele, em mensagem direta ao Fluminense. Ele saiu do clube carioca praticamente escorraçado depois de, supostamente, ter cantado uma música do Flamengo dentro do ônibus tricolor.

Justamente esse tipo de confusão, passagens rápidas e saídas conturbadas de outros clubes fizeram o torcedor desconfiar do atacante em sua chegada, em 2011.

Teve boa participação na campanha do título brasileiro, revezando-se entre o gramado e o banco. Virou titular com a má fase de Liedson.

Ontem, enforcou de vez as dúvidas que ainda restavam com suas duas únicas finalizações em toda a partida.

No fim, saiu para dar lugar a Liedson. Ouviu seu nome ser gritado pela torcida, que agora o terá como herói.

Mas ele não se considera assim. "Sozinho jamais teria feito isso. Tive o passe do Paulinho contra o Santos e hoje [ontem], no primeiro gol, tive o desvio do Danilo e, no segundo, a pressão do Alex."

Já a torcida celebrará os dois tentos desse 4 de julho como faz há 35 anos com o gol daquele 13 de outubro.

Se 2012 é o novo 1977, Emerson poderia ser o novo Basílio. Mas não, ele será Emerson. Eternamente em corações corintianos.

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