Seleção se expõe pela última vez

O último amistoso da seleção brasileira antes da estreia nos Jogos Olímpicos será, também, a última exposição de uma série de produtos disponíveis numa vitrine.

O Brasil enfrenta a Grã-Bretanha hoje, às 15h45 (de Brasília), em Middlesbrough.

Pouco mais de duas horas após o fim da partida, encerra-se também a janela de transferência de atletas do mercado europeu.

Dos 18 jogadores convocados pelo técnico Mano Menezes, pelo menos nove estão (ou estiveram recentemente) envolvidos em negociações para trocar de clube.

O zagueiro Thiago Silva, que acaba de trocar o Milan pelo Paris Saint-Germain numa operação estimada em R$ 100 milhões, declarou que as indefinições só atrapalham.

"Foi difícil para mim", afirmou o capitão do time nacional. "Você está focado numa competição importante como essa, aí entra num site e lê que vai ficar num clube, que vai sair, que vai para outro. Você fica com a cabeça lá."

Além de Thiago Silva, são cinco os titulares do Brasil envolvidos em negociações.

O meia Oscar praticamente acertou sua transferência do Inter para o Chelsea.

O atacante Hulk é pretendido pelo Tottenham Hot-spur, que despachou até o técnico André Villas-Boas para conversar com o jogador no hotel do Brasil.

O goleiro Rafael pode trocar o Santos pelo Milan -o mesmo clube italiano estaria interessado em contratar o atacante Leandro Damião.

Antes mesmo da preparação da seleção, o Vasco vendeu o volante Rômulo para o Spartak, da Rússia, por cerca de R$ 20 milhões.

O mercado não poupa nem os reservas do Brasil. O São Paulo resistiu às investidas do Manchester United por Lucas; o zagueiro Bruno Uvini é alvo de interesse da Lazio. E há ainda a novela Ganso.

O meia está brigado com o Santos e, se não for negociado hoje para a Europa, pode ir para o Internacional.

O cenário levou Thiago Silva a fazer um pedido público a seus companheiros. "Quem está nessa aflição, espero que resolva logo, porque sei como é difícil lidar com isso", disse. E até pediu desculpas.

"As pessoas falam que eu sou mercenário, mas não estou saindo para ganhar mais do que ganharia no Milan. Quero dizer que a culpa não é minha e peço desculpas ao torcedor do Milan."

A CBF liberou os jogadores para definirem seus futuros antes da estreia nos Jogos.

"São decisões importantes da vida deles, não vamos atrapalhar isso", disse à Folha o diretor de seleções, Andres Sanchez. "Só não pode prejudicar o trabalho aqui."

O presidente da CBF, José Maria Marin, se une ao grupo na semana vem. O próprio cartola se orgulha de ter intermediado o acordo entre Inter e São Paulo, que brigavam para ter o meia Oscar.

O técnico Mano Menezes não se mostrou tão preocupado com o assunto. "Não estou vendo nenhum tipo de prejuízo ao nosso trabalho."