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Prata faz veterano Emanuel admitir ida aos Jogos do Rio

PRAIA
Derrotado por alemães, atleta espera resposta do corpo para 2016

MARIANA BASTOS
ENVIADA ESPECIAL A LONDRES

Parecia que já estava definido. Uma estátua de cinco metros de Emanuel, 39, na entrada do Horse Guards Parade, mostrava desde o início da Olimpíada quem deveria ser o dono do espetáculo.

Mas os alemães Brink e Reckermann roubaram a cena. Venceram a final contra o brasileiro e seu parceiro, Alison, por 2 sets a 1 (23/21, 16/21 e 16/14) e tiraram do veterano a possibilidade de se despedir da Olimpíada com o seu segundo ouro no peito.

"Estou satisfeito pela forma como joguei e por estar levando uma medalha olímpica para casa", disse.

A prata, no entanto, trouxe uma frustração aparente ao atleta brasileiro, que no ano passado conquistou o título de campeão mundial.

E talvez sirva de combustível para levá-lo até a Olimpíada do Rio, em 2016.

No pódio, Emanuel não chorou, mas, ao falar sobre seu futuro, não conseguiu conter as lágrimas.

"Talvez eu não seja capaz de suportar mais quatro anos", disse o veterano, que começou a gostar de Olimpíadas nos Jogos de Los Angeles, em 1984, quando assistiu pela TV à seleção masculina de vôlei conquistar uma medalha de prata igual àquela que ele obteve ontem.

Gostou tanto da experiência que já disputou cinco Jogos e acumulou três medalhas olímpicas (um ouro, uma prata e um bronze).

"Agora tenho uma de cada cor", brincou o jogador.

"Tenho um prazer muito grande de jogar Olimpíada. Foi o grande motivador da minha vida como atleta. Quando penso em 2016, no meu país, eu até gostaria, mas o esporte é esporte e o tempo...", disse antes de baixar a cabeça e chorar mais um pouco, deixando o tradutor se virar para concluir sua frase.

Mas a palavra que mais ecoou da sua boca e da de Alison foi "guerreiro".

"Saio dessa quadra triste por não ter levado esse ouro para o meu país. Mas feliz porque em nenhum momento a gente desistiu. Fomos guerreiros", disse Alison, 26, estreante em Olimpíada.

De fato, não desistiram. Quando o jogo apontava 14 a 11 para os alemães no tie-break, a dupla brasileira teve serenidade para salvar três match-points e empatar.

Mas, logo depois, Brink e Reckermann fizeram os dois pontos que precisavam para fechar e levar o ouro.

Eles ainda demoraram um pouco para comemorar, talvez duvidando que tivessem conquistado o título sobre um de seus maiores ídolos.

Durante todo o confronto, o locutor do Horse Guards Parade celebrava Emanuel, chamando-o de "king" (rei).

Não foi o único a reverenciar o brasileiro. Nas duas semanas em que disputou os Jogos, Emanuel foi bajulado por adversários e admiradores. Não faltaram comparações com grandes estrelas do esporte mundial. Chamaram--no de Pelé do vôlei de praia, de Roger Federer da areia.

O veterano jogador pode não ter o mesmo status desses outros ídolos do esporte, mas pode se orgulhar de, aos 39 anos, ter obtido mais uma medalha olímpica.

E da coragem de ainda não descartar disputar sua sexta Olimpíada, quando já tiver 43 anos. "Nós fomos vice-campeões, mas o tom é de campeão", afirmou.

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