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Palmeiras bate rival, mas desconfiança do torcedor predomina

MORRIS KACHANI
ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

De mãos dadas, silenciosos, os 11 do Palmeiras pisaram no gramado com o semblante sério de quem tem uma missão a cumprir. Descontração zero, destoando da animação da torcida do Bahia, vitaminada pelos acarajés vendidos dentro do estádio de Pituaçu e pelo "melhor batuque das arquibancadas brasileiras".

O argentino Barcos puxava a fila. Jogara na noite anterior em Santiago, pela seleção argentina, e cruzara o continente para defender o time no jogo mais importante do campeonato. Ele chegou só meia hora antes do apito inicial. E valeu a pena, pois os paulistas bateram o baianos por 1 a 0 nesta quarta-feira.

Mas, naquela altura, antes de o jogo começar, a torcida palmeirense não ajudava. O clima de "já caiu" predominava entre os poucos que se aventuraram a comparecer. Foram muitos os apupos --de "mercenários" para baixo.

Sobrou para a zaga, para o goleiro Bruno, para o atacante Luan. Só mesmo Barcos continua em alta conta, segundo Marcos Ferreira, presidente da Mancha Alviverde.

Para ele, a diretoria palmeirense é a pior dos últimos 15 anos, as chances de cair são de 99%, apesar do triunfo desta quarta-feira, e os jogadores fazem corpo mole, satisfeitos com os altos salários.

"Existem dez times com elenco inferior ao do Palmeiras. Não era para a gente estar nesta situação. É insuportável, ainda mais com o Corinthians indo para o Japão", disse.

"Os protestos", segundo Ferreira, "serão inevitáveis" caso o time caia. E por que prestigiar o time diante de tanto desgosto? "É um lazer. Como se fosse teatro", afirmou.

Com a bola rolando, o primeiro tempo foi do Palmeiras. Para um torcedor baiano, "o time deles ressuscitou". O outro completou: "É o desespero". Um terceiro ponderou, depois do gol, que "a defesa deles é pesada". Por outro lado, um quarto ressalvou que "a nossa zaga está com medo do Barcos".

No final das contas, a partida entre Bahia e Palmeiras foi um espetáculo digno... de dois times que estão lutando para não cair, com muitos chutões. Ninguém pode dizer que não houve força de vontade, dos dois lados.

Arnaldo Tirone, o ultracriticado presidente do Palmeiras, respirou aliviado. "Os seguranças haviam me desaconselhado a vir para Salvador. Essa torcida precisa empurrar o time, e não puxar para trás", afirmou ele, que decidiu voar para a capital baiana só após se sentir pressionado pelas reações negativas à sua decisão de ficar longe da delegação.

Agora, a equipe precisa somar algo como 16 pontos nas próximas sete partidas para não cair para a Série B.

Para o matemático Tristão Garcia, as chances de isso acontecer são de 82%, considerando o retrospecto do time no certame e os adversários que terá pela frente.

"É quase como uma roleta russa, com cinco balas carregadas em um tambor de seis", comparou Garcia.

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