São Paulo, domingo, 01 de abril de 2007

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TOSTÃO

Atletas precisam de férias


Kaká, Ronaldinho e Robinho, juntos, precisam de uma organização tática definida; caso contrário, não dão certo


DISCORDO DOS conceitos e lugares-comuns de que craque não precisa de esquema tático, de que craque acha o seu melhor lugar em campo mesmo sem a ajuda do técnico, de que craque tem de "chamar o jogo para si" e decidir a partida, de que a vitória depende da inspiração ou não do craque e outras frases. Ainda mais hoje, que o futebol é mais tático e coletivo.
Com raras exceções, craque fica inspirado e brilha quando joga em um time bem organizado. Sempre foi assim. Na Copa de 70, e em todas as grandes equipes da história, todos os craques tinham posições e funções definidas e cumpriam o que estava planejado, sem perder a criatividade e a improvisação. Se necessário, tinham autonomia para mudar a maneira de jogar durante a partida.
Os craques de hoje da seleção brasileira são mais bonzinhos, obedientes e só fazem o que o "professor" manda. Pior ainda quando o "professor" manda fazer errado.
Se Ronaldinho, Kaká e Robinho jogarem como nos dois recentes amistosos, sem posições e funções determinadas, nunca vão dar certo juntos, com regularidade.
Apesar dos 4 a 0 sobre o Chile, a confusão tática foi a mesma da segunda partida.
Contra Gana, com exceção de dois excelentes passes de Ronaldinho que quase acabaram em gols, os três jogaram mal, principalmente Robinho, que não jogou nada e, como acontece no Real Madrid, ainda finalizou mal quando teve uma ótima chance. Robinho só marcou dois gols no Campeonato Espanhol. Ele foi reserva em mais da metade dos jogos, mas entrou no segundo tempo em quase todas as partidas.
Só Galvão Bueno e Falcão gostaram da atuação de Kaká, que também não jogou nada. Mostraram até estatísticas para dizer que ele foi o mais eficiente dos três meias. Citaram ainda declarações de Romário de que Kaká é hoje o melhor jogador do mundo. Não deram a informação completa. Na mesma entrevista, Romário escalou a sua seleção de todos os tempos e colocou Ronaldinho, não Kaká. Estar é diferente de ser.
Continuamos obrigados a assistir a todos os jogos da seleção pela Globo. No mínimo, as TVs Culturas, que não atrapalham a audiência de quem paga pelas transmissões, deveriam ter o direito. A seleção é patrimônio nacional.
Será que um dia vai acabar o péssimo horário de partidas às 21h45, por causa das novelas?
Antes que alguém pense, não sou contra a TV Globo nem uns dos que sonham trabalhar nessa emissora. Anos atrás, recebi vários convites e não aceitei. Sou contra os monopólios e contra o massacrante poder de uma televisão, seja qual for.
Volto à seleção.
Na Copa América, o time deveria ser formado por jogadores que podem jogar a Olimpíada. É o único título que falta ao Brasil. Seria também uma boa fonte de observações para a Copa de 2010.
Os jogadores que atuam na Europa estarão de férias e precisam descansar. Mas a TV Globo, que vai transmitir as partidas, as empresas promotoras, a CBF e a Confederação Sul-Americana não vão querer. São elas que mandam.

Veteranos
Será que Romário faz hoje o milésimo gol? Será que Romário, 41 anos, é ainda artilheiro de um grande clube brasileiro, também porque se poupou durante a carreira, nunca fez os mesmos exaustivos exercícios físicos dos outros atletas e sempre treinou somente o que iria fazer em campo, como ele diz?
Outro veterano que brilha no futebol brasileiro é Edmundo, 36 anos. Isso ocorre porque ele está muito bem preparado fisicamente para a sua idade ou o nível técnico está muito baixo? Provavelmente, as duas coisas.

tostao.folha@uol.com.br


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