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CARLOS SARLI
Vandalismo, boicote e aprovação
No passado, enfrentar os amantes da praia era uma das maiores dificuldades para a organização de provas
O
PRIMEIRO campeonato de
surfe em Maresias aconteceu
há 20 anos. Foi organizado
pela associação de surfe local, a de
São Sebastião, sob os protestos dos
habituais freqüentadores de fim de
semana, a maioria paulistana. A tensão culminou na manhã de um domingo quando os organizadores
constataram uma tentativa de incêndio, entre outros vandalismos,
no modesto palanque instalado na
praia para o evento. Um amigo mais
exaltado no dia anterior levou a culpa, embora não fosse o responsável.
Apesar dos atos vândalos, havia
um romantismo ingênuo para justificá-los, a idéia de que seria possível
preservar aquele paraíso tal qual o
conhecemos antes do asfalto, das
multidões, das boates, dos assaltos.
Chegamos a criar a Associação de
Surf de Maresias, a forma legal para
tentar conter o avanço inevitável,
que até que demorou.
Em maio, Maresias suportou três
campeonatos de peso, o Brasileiro
Amador, o ISA World Junior Surfing Championship, um Mundial júnior por equipes que reuniu quase
200 atletas de 27 países, e a segunda
etapa do Super Surf, o Circuito Brasileiro profissional. Se no passado
enfrentar os amantes da praia estava entre as maiores dificuldades para os organizadores, hoje a situação
é mais complexa. A disputa por patrocínios, pelos centímetros e segundos na mídia, e a restrição à participação de atletas que disputam o
Mundial (WCT) nos circuitos regionais são complicadores para a realização de campeonatos relevantes.
O Super Surf está em sua sétima
temporada e só há pouco começou a
dar lucro. As principais marcas do
segmento não apoiaram a iniciativa
da Abril Eventos, responsável pela
organização do circuito, que buscou
entre os grandes anunciantes a viabilidade do projeto. Volkswagen,
Tim, Nova Schin são os patrocinadores, além do apoio da Onbongo,
única marca do segmento a investir.
Mas, enquanto as grandes marcas
do surfwear questionam a forma
com que a organização realiza o circuito e o boicotam, parece que entre
os maiores interessados, os atletas,
predomina a aprovação. Claro que
sempre se espera mais em premiação, mas todos reconhecem que temos o maior circuito regional do
mundo e que viver de surfe no país
ficaria mais complicado sem ele.
Jihad Kohdr, no Super Surf, com
uma onda nota 9,5, garantiu a virada
na bateria final sobre o bicampeão
brasileiro Léo Neves, embolsou R$
22 mil e assumiu a ponta do ranking.
No feminino, foi Taís de Almeida
quem venceu e passou à liderança.
Enquanto isso, em Fiji, na quarta
etapa do Mundial, novamente os
brasileiros decepcionaram. Damien
Hobgood venceu, Andy Irons ficou
em terceiro, e Kelly Slater, contundido, não disputou a prova, mas segue líder do ranking. Três brasileiros
estão entre os últimos colocados. Se
continuar assim, vai faltar convite
para os brasileiros que terão que voltar para a prova doméstica.
DESPORTOS NA NEVE
Os 40 anos do Mundial de esqui
em Portillo, Chile, uma homenagem especial a Isabel Clark, nona
colocada no snowboarder cross na
Olimpíada de Turim, e a confirmação de Las Leñas, Argentina, como
sede do Brasileiro de esqui e snowboard de 2006, com realização prevista para agosto, foram os destaques do evento promovido pela
CBDN nesta semana.
BOLETIM NO CELULAR
As condições do mar com vídeos
atualizados a cada duas horas agora
são acessíveis pelo telefone móvel.
O serviço é resultado da parceria
entre Tim, Waves.Terra e E-Surf.
PRO RAD
O ginásio do Ibirapuera lotou no
fim de semana para o skate vertical,
que encerrou o evento. Sandro Dias
venceu. A pista mereceu críticas.
@ - sarli@trip.com.br
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