São Paulo, quinta-feira, 01 de junho de 2006

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CARLOS SARLI

Vandalismo, boicote e aprovação

No passado, enfrentar os amantes da praia era uma das maiores dificuldades para a organização de provas

O PRIMEIRO campeonato de surfe em Maresias aconteceu há 20 anos. Foi organizado pela associação de surfe local, a de São Sebastião, sob os protestos dos habituais freqüentadores de fim de semana, a maioria paulistana. A tensão culminou na manhã de um domingo quando os organizadores constataram uma tentativa de incêndio, entre outros vandalismos, no modesto palanque instalado na praia para o evento. Um amigo mais exaltado no dia anterior levou a culpa, embora não fosse o responsável. Apesar dos atos vândalos, havia um romantismo ingênuo para justificá-los, a idéia de que seria possível preservar aquele paraíso tal qual o conhecemos antes do asfalto, das multidões, das boates, dos assaltos. Chegamos a criar a Associação de Surf de Maresias, a forma legal para tentar conter o avanço inevitável, que até que demorou. Em maio, Maresias suportou três campeonatos de peso, o Brasileiro Amador, o ISA World Junior Surfing Championship, um Mundial júnior por equipes que reuniu quase 200 atletas de 27 países, e a segunda etapa do Super Surf, o Circuito Brasileiro profissional. Se no passado enfrentar os amantes da praia estava entre as maiores dificuldades para os organizadores, hoje a situação é mais complexa. A disputa por patrocínios, pelos centímetros e segundos na mídia, e a restrição à participação de atletas que disputam o Mundial (WCT) nos circuitos regionais são complicadores para a realização de campeonatos relevantes. O Super Surf está em sua sétima temporada e só há pouco começou a dar lucro. As principais marcas do segmento não apoiaram a iniciativa da Abril Eventos, responsável pela organização do circuito, que buscou entre os grandes anunciantes a viabilidade do projeto. Volkswagen, Tim, Nova Schin são os patrocinadores, além do apoio da Onbongo, única marca do segmento a investir. Mas, enquanto as grandes marcas do surfwear questionam a forma com que a organização realiza o circuito e o boicotam, parece que entre os maiores interessados, os atletas, predomina a aprovação. Claro que sempre se espera mais em premiação, mas todos reconhecem que temos o maior circuito regional do mundo e que viver de surfe no país ficaria mais complicado sem ele. Jihad Kohdr, no Super Surf, com uma onda nota 9,5, garantiu a virada na bateria final sobre o bicampeão brasileiro Léo Neves, embolsou R$ 22 mil e assumiu a ponta do ranking. No feminino, foi Taís de Almeida quem venceu e passou à liderança. Enquanto isso, em Fiji, na quarta etapa do Mundial, novamente os brasileiros decepcionaram. Damien Hobgood venceu, Andy Irons ficou em terceiro, e Kelly Slater, contundido, não disputou a prova, mas segue líder do ranking. Três brasileiros estão entre os últimos colocados. Se continuar assim, vai faltar convite para os brasileiros que terão que voltar para a prova doméstica.

DESPORTOS NA NEVE
Os 40 anos do Mundial de esqui em Portillo, Chile, uma homenagem especial a Isabel Clark, nona colocada no snowboarder cross na Olimpíada de Turim, e a confirmação de Las Leñas, Argentina, como sede do Brasileiro de esqui e snowboard de 2006, com realização prevista para agosto, foram os destaques do evento promovido pela CBDN nesta semana.

BOLETIM NO CELULAR
As condições do mar com vídeos atualizados a cada duas horas agora são acessíveis pelo telefone móvel. O serviço é resultado da parceria entre Tim, Waves.Terra e E-Surf.

PRO RAD

O ginásio do Ibirapuera lotou no fim de semana para o skate vertical, que encerrou o evento. Sandro Dias venceu. A pista mereceu críticas.


@ - sarli@trip.com.br


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