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JUCA KFOURI
Quatro anos pífios
Jamais este país teve no poder um presidente que gostasse tanto de esportes. E para que serviu? Para nada
HOJE É dia de votar para presidente. Coisa que, nós, brasileiros, não pudemos fazer
por quase 40 anos. Dia, ainda, de fazer um balanço, de olhar para trás e
perguntar: "O país está melhor hoje
do que estava quatro anos atrás"?
No esporte, infelizmente, não. Está,
no mínimo, igual, com um agravante: está, também, bastante frustrado.
Pelo menos estão frustrados os
que acreditaram na possibilidade de
ver Lula fazer o que prometeu na
área, ele que é torcedor militante de
futebol e que tem vivo interesse por
outros esportes.
Como tanto gosta de dizer o presidente, nunca este país teve um comandante tão interessado pelo tema. Para quê?
Para muito pouco, quase para nada, fora alguns retrocessos.
E olhe que começou bem, com a
assinatura do Estatuto do Torcedor
e da chamada Lei de Moralização do
Esporte. Mas o próprio governo tratou de sabotar o que assinou, talvez
por ser fruto da gestão anterior, filho
que não tinha como enjeitar, mas
não querido.
Se, então, a Casa Civil foi forte o
suficiente para enfrentar uma
ameaça de paralisação do Campeonato Brasileiro em protesto contra a
assinatura dos dois textos legais, hoje sabe-se que o próprio ministro do
Esporte tentou sabotar o que seria
assinado, ao fazer coro com os cartolas. Coisa que, aliás, esta Folha denunciou à época e este colunista
não viu, ao acreditar na palavra de
Agnelo Queiroz.
Palavra desmoralizada tempos
depois por sua assinatura num papel que ele jurara não ter assinado
e que propunha retirar artigos essenciais da nova legislação.
Se, à época, prevaleceu a posição
poderosa de José Dirceu, depois,
no episódio da Timemania, ele já
não teve força para impedir o retrocesso que premiou a incompetência, os devedores e, em boa parte, a corrupção pura e simples
-que Lula fez questão de inocentar num discurso cuja emenda conseguiu ser pior que o soneto.
Não é por acaso que os pelegos
do esporte, os que há anos querem
dinheiro do Estado para continuar
em suas sinecuras, não param de
fazer juras de amor ao presidente.
Alguns até capazes de, ao mesmo
tempo, fazer discursos modernizantes e moralizadores, mas somente da boca para fora, porque o
que interessa mesmo é a boca, a
boquinha.
Já o torcedor segue maltratado, e
a população, sem acesso à prática
esportiva. Mais: vítima de programas recauchutados de gestões passadas com novos nomes e números
inchados. Como o tal Segundo
Tempo, que diz beneficiar 1 milhão
de crianças (o que seria pouco,
mesmo se verdadeiro) e que, de fato, vira e mexe é alvo de relatórios
demolidores do Tribunal de Contas de União.
Com a mesma sem-cerimônia
com que beijou a mão de Jader
Barbalho, Lula amancebou-se com
a CBF e nem seria preciso dizer
mais nada. Ou seria?
Pois, se seria, será.
Por inútil que seja neste país
anestesiado há mais de 500 anos,
vítima de uma elite predadora - e
de populistas hoje enredados com
sindicaleiros da pior espécie, além
dos ex-guerrilheiros que confundiram o que aprenderam nos manuais de sobrevivência na selva
com o salve-se quem puder para
manter-se no poder.
Hoje é dia de eleger o presidente.
Brasileiros valorosos, alguns
muito jovens, outros maduros,
morreram por isso.
Se o panorama é sombrio, mais
motivos há para lutar do que para
descansar. Mesmo uma democracia capenga e vulnerável como a
nossa é menos pior que qualquer
outro regime. Desesperar jamais!
Às urnas, pois.
Joguemos o jogo.
blogdojuca@uol.com.br
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