São Paulo, segunda-feira, 01 de novembro de 2004

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Recolhido, Washington mira recorde e esbanja fôlego no BR-04

TONI ASSIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Um artilheiro com fôlego de aço. É assim Washington, o principal goleador do Campeonato Brasileiro. Ele vem esbanjando energia na competição, sem acusar o problema cardíaco, que quase abreviou sua carreira durante a passagem pelo futebol turco.
Os números comprovam a força do matador. Principal goleador do Brasileiro com 27 gols -a quatro de se igualar a Dimba, o recordista em uma edição-, Washington ostenta a marca de 13 partidas sem saber o que é ser substituído no Atlético-PR.
Dos 853 jogadores que entraram em campo na competição segundo o Datafolha, o camisa nove do clube paranaense ocupa o 77º lugar no ranking dos que mais suaram a camisa: 2.728 minutos.
Só para se ter uma idéia, o zagueiro Serginho, do São Caetano, famoso pelo seu vigor físico, tinha atuado 2.087 minutos.
Se no geral Washington tem um bom retrospecto, entre os atacantes seu desempenho impressiona ainda mais: ele está entre os 11 que mais entraram em campo.
Aos 29 anos, o jogador vem fazendo desta edição do Brasileiro a mais especial da sua carreira.
O máximo de partidas que ele tinha disputado num mesmo Nacional era 25. Em 2004, o artilheiro já chegou aos 31 jogos.
Só que seu comportamento fora do gramado mudou depois da morte do zagueiro Serginho: de jogador solícito e falastrão, ele agora é arredio às entrevistas.
Abalado, o jogador foi proibido pelo clube de dar entrevistas sobre o caso. Segundo Valentina Stecanela, tia do atacante, o Atlético-PR chegou a colocar um psicólogo para cuidar do Washington.
"Eles [diretoria do Atlético-PR] proibiram o Washington de falar sobre a morte do Serginho para ele não ficar deprimido. Meu sobrinho chorou e ficou impressionado. Quem já teve um problema de coração sabe bem o que é ver um companheiro morrer no campo", afirmou a tia do atacante, que mora em Brasília e ontem estava com o sobrinho "ilustre" em casa.
E Washington está mesmo disposto a se manter calado sobre a morte de Serginho. De acordo Valentina, seu sobrinho desmarcou até entrevista num programa de TV para evitar o assunto.
"Ele iria no Programa do Jô amanhã [hoje], mas quando avisou à assessoria que não falaria sobre o que aconteceu com o rapaz do São Caetano, a entrevista foi desmarcada", disse a tia.
Anteontem, quando fez os dois gols nos 2 a 1 contra o Internacional, ele foi o primeiro a deixar o vestiário, calado. "Ele só pensa em passar o Dimba [fez 31 gols em 2003 pelo Goiás] para entrar para a história", disse Valentina.


Colaborou Paulo Cobos, da Reportagem Local


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