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sem classe
Clássico busca honrar o nome
Corinthians e Palmeiras jogam no Morumbi para tirar da mesmice duelos entre grandes do Estado
Poderosos paulistas não decidem título desde 2003, e torcedor foge dos jogos enfadonhos ocorridos nos últimos campeonatos
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
O torcedor deu fortes sinais
de que vai fazer sua parte -até
sexta-feira, 36,5 mil ingressos
haviam sido vendidos.
Resta saber se Corinthians e
Palmeiras vão contribuir hoje,
às 16h, para acabar com a crise
dos clássicos paulistas.
O que deveria ser o ápice do
futebol virou no Estado algo
enfadonho, com poucos gols e
torcedores na arquibancada,
sem heróis e histórias que são
lembradas por semanas, como
ainda acontece, por exemplo,
no futebol carioca (o Flamengo
x Botafogo do último domingo
é um ótimo exemplo disso).
Fruto de regulamentos de
pontos corridos, mas também
da incompetência dos clubes,
os grandes paulistas não fazem
uma final entre si desde 2003, a
maior seca desde o início dos
anos 70, quando os campeonatos do país passaram a adotar
fórmulas que previam finais.
Sem confrontos valendo taças, os clássicos do Estado mais
vitorioso do futebol brasileiro
não seduzem mais atletas e torcedores como antes, especialmente a partir do Nacional do
ano passado e deste Paulista,
que tem o Corinthians como o
melhor grande na classificação,
quatro pontos à frente do Palmeiras, seu rival hoje.
Já são 15 duelos envolvendo
os dois, mais São Paulo e Santos, no período. A média de gols
é ridícula (1,73). Foram sete
empates e nenhuma goleada. O
público médio não chega a 22
mil pagantes -o público máximo foi de 42 mil pessoas.
A comparação com os clássicos cariocas é cruel. Também
levando em conta o Brasileiro-07 e o atual Estadual, os confrontos entre os grandes do Rio
registraram 2,82 gols por partida, ou 63% a mais do que em
São Paulo. O público médio ficou em 45 mil pagantes, mais
do que o dobro do registrado no
período em campos paulistanos e em Santos. Sem contar
que Flamengo e Vasco decidiram, em 2006, um torneio de
expressão (a Copa do Brasil).
Sobrevivente de uma época
em que clássicos eram épicos,
como os envolvendo seu clube
e o Corinthians na Libertadores de 2000 (um duelo acabou 4
a 3 e outro, 3 a 2), o veterano goleiro Marcos dá sua explicação
sobre a falta de gols atual.
"São vários fatores. Há goleiros e zagueiros muito bons. E
com as cobranças [por resultados], o pessoal se preocupa
mais em defender. Muitas vezes até os grandes têm feito isso. Daqui a pouco vão diminuir
o tamanho da bola para os goleiros não enxergarem mais",
diz, com bom humor no final da
frase, o campeão mundial pelo
Brasil em 2002, novamente titular da meta palmeirense.
Para quem está chegando
agora no mundo dos clássicos,
esse tipo de confronto ainda é
especial. "Claro que clássico é
um jogo diferente. Ainda mais
um desses. Dá muita ansiedade", afirma o atacante Lulinha,
que hoje não terá ao seu lado o
amigo de longa data Dentinho,
suspenso por amarelos.
A velha rivalidade entre corintianos e palmeirenses está
aguçada pela gozação dos alviverdes com o fato de os rivais
estarem na segunda divisão.
Resta para o torcedor, que
deve encher o Morumbi, que isso seja suficiente para fazer
com os dois joguem mais do
que o modesto futebol que
apresentaram até agora na
temporada. E São Paulo tenha
um clássico que justifique, enfim, essa denominação.
Colaboraram RENAN CACIOLI E PAULO GALDIERI , da Reportagem Local
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