São Paulo, domingo, 02 de março de 2008

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sem classe

Clássico busca honrar o nome

Corinthians e Palmeiras jogam no Morumbi para tirar da mesmice duelos entre grandes do Estado

Poderosos paulistas não decidem título desde 2003, e torcedor foge dos jogos enfadonhos ocorridos nos últimos campeonatos

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O torcedor deu fortes sinais de que vai fazer sua parte -até sexta-feira, 36,5 mil ingressos haviam sido vendidos.
Resta saber se Corinthians e Palmeiras vão contribuir hoje, às 16h, para acabar com a crise dos clássicos paulistas.
O que deveria ser o ápice do futebol virou no Estado algo enfadonho, com poucos gols e torcedores na arquibancada, sem heróis e histórias que são lembradas por semanas, como ainda acontece, por exemplo, no futebol carioca (o Flamengo x Botafogo do último domingo é um ótimo exemplo disso).
Fruto de regulamentos de pontos corridos, mas também da incompetência dos clubes, os grandes paulistas não fazem uma final entre si desde 2003, a maior seca desde o início dos anos 70, quando os campeonatos do país passaram a adotar fórmulas que previam finais.
Sem confrontos valendo taças, os clássicos do Estado mais vitorioso do futebol brasileiro não seduzem mais atletas e torcedores como antes, especialmente a partir do Nacional do ano passado e deste Paulista, que tem o Corinthians como o melhor grande na classificação, quatro pontos à frente do Palmeiras, seu rival hoje.
Já são 15 duelos envolvendo os dois, mais São Paulo e Santos, no período. A média de gols é ridícula (1,73). Foram sete empates e nenhuma goleada. O público médio não chega a 22 mil pagantes -o público máximo foi de 42 mil pessoas.
A comparação com os clássicos cariocas é cruel. Também levando em conta o Brasileiro-07 e o atual Estadual, os confrontos entre os grandes do Rio registraram 2,82 gols por partida, ou 63% a mais do que em São Paulo. O público médio ficou em 45 mil pagantes, mais do que o dobro do registrado no período em campos paulistanos e em Santos. Sem contar que Flamengo e Vasco decidiram, em 2006, um torneio de expressão (a Copa do Brasil).
Sobrevivente de uma época em que clássicos eram épicos, como os envolvendo seu clube e o Corinthians na Libertadores de 2000 (um duelo acabou 4 a 3 e outro, 3 a 2), o veterano goleiro Marcos dá sua explicação sobre a falta de gols atual.
"São vários fatores. Há goleiros e zagueiros muito bons. E com as cobranças [por resultados], o pessoal se preocupa mais em defender. Muitas vezes até os grandes têm feito isso. Daqui a pouco vão diminuir o tamanho da bola para os goleiros não enxergarem mais", diz, com bom humor no final da frase, o campeão mundial pelo Brasil em 2002, novamente titular da meta palmeirense.
Para quem está chegando agora no mundo dos clássicos, esse tipo de confronto ainda é especial. "Claro que clássico é um jogo diferente. Ainda mais um desses. Dá muita ansiedade", afirma o atacante Lulinha, que hoje não terá ao seu lado o amigo de longa data Dentinho, suspenso por amarelos.
A velha rivalidade entre corintianos e palmeirenses está aguçada pela gozação dos alviverdes com o fato de os rivais estarem na segunda divisão. Resta para o torcedor, que deve encher o Morumbi, que isso seja suficiente para fazer com os dois joguem mais do que o modesto futebol que apresentaram até agora na temporada. E São Paulo tenha um clássico que justifique, enfim, essa denominação.


Colaboraram RENAN CACIOLI E PAULO GALDIERI , da Reportagem Local


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