São Paulo, segunda-feira, 02 de abril de 2007

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JUCA KFOURI

Os limites da onda verde


Está quase tudo dando certo para o Palmeiras. Menos, é claro, quando encontra um adversário tão melhor


BOM E ESTRANHO clássico no Morumbi. Bom porque foi bem disputado o tempo todo, embora com poucas chances de gol, principalmente no primeiro tempo.
Dos quatro gols, apenas o terceiro do São Paulo, foi absolutamente planejado, no tirambaço de Richarlyson, um golaço. Os demais nasceram ou de um lance de sorte do tricolor, na bola que sobrou para Borges abrir o marcador, ou de erros da arbitragem, nos dois pênaltis convertidos por Edmundo e por Rogério Ceni.
Seja como for, prevaleceu o melhor, mesmo mais voltado para poupar seus principais jogadores para a Libertadores. É indiscutível a superioridade do São Paulo sobre o Palmeiras, que, mesmo assim, mostrou uma cara muito mais adequada ao seu passado.
A tranqüilidade faz parte da vida do Morumbi e o otimismo começa a ser possível no Parque Antarctica, ainda mais agora que até a Fifa aderiu (leia abaixo) à onda verde.
Mas é uma onda que tem ainda claros limites, como a diferença de elenco entre tricolores e alviverdes deixou patente no jogo de ontem.
E, muito mais que olhar para o passado, o Palmeiras tem de olhar para o futuro. Porque o presente, em São Paulo, é de Santos e São Paulo.

O justo e o legal
"Teu dever é lutar pelo direito. Mas, no dia em que encontrares o direito em conflito com a justiça, luta pela justiça", ensinou o jurista uruguaio Eduardo Couture.
E ele nunca batalhou pelo reconhecimento do Uruguai como tetracampeão mundial, como tantos compatriotas dele o fazem, simplesmente porque o bicampeonato olímpico do Uruguai, foi isso, o bicampeonato olímpico, embora numa época em que não se disputavam Copas do Mundo.
O Palmeiras tem agora legalizado seu título da Copa Rio como se fora um Mundial de Clubes. Mas não foi, e aí está a diferença entre o legal e o legítimo. Como não é legal nem legítimo contar gols marcados como amador, embora ninguém possa retirar de quem os marcou a alegria por tê-los feito.
Ninguém em sã consciência discute, por exemplo, que o Sport é o campeão legal do Brasileiro de 1987, embora o país todo saiba que o campeão legítimo é o Flamengo.
E, antes que surja consideração maliciosa, pode-se criticar os critérios da Fifa na organização do seu primeiro Mundial de Clubes, de 2000. Pode-se e deve-se, porque a exclusão do Palmeiras foi criminosa, mesmo que com o aval do presidente do clube à época, o sr. Mustafá Contursi, algo que, parece, a Fifa busca compensar com essa decisão que afeta de novo sua credibilidade.
Mas, impossível negar, o Mundial de 2000 foi organizado, chancelado e avalizado pela entidade, que cravou para a eternidade sua marca no troféu que mora no Parque São Jorge. Sem se dizer que as primeiras Copas do Mundo de seleções também não foram disputadas sob os rigores de hoje.
A Copa Rio foi a Copa Rio, uma catarse, dessas que nem faz sentido pedir ao palmeirense que a viveu para que tire do coração, como sensação de ter sido campeão mundial.
Mas foi apenas (?!) isso. O que é tudo, aliás, para quem sentiu.
PS. Os jornalistas, e colunistas, Antero Greco, Mauro Betting e PVC, verdes no coração, estão de parabéns pela coragem de não entrar na onda. Maduros.

Assim, cai
Time na zona do rebaixamento, como o Sertãozinho, que pega o Corinthians e desperdiça a chance de vencer, merece cair.

Passado que vale
Este escriba, neto de avô libanês, associa-se ao movimento de solidariedade ao rabino Henry Sobel.

blogdojuca@uol.com.br


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