São Paulo, quinta-feira, 02 de agosto de 2007

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saída estratégica

Dualib se afasta e divide a oposição

Presidente e o vice Nesi Curi se retiram do Corinthians por 60 dias com alegação de preparar defesa contra acusações

Decisão faz os opositores debaterem se há sentido em realizar a reunião de terça que poderia dar início a um processo de impeachment

EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

Alberto Dualib, 87, pediu afastamento do cargo de presidente do Corinthians. O dirigente e seu vice Nesi Curi, 82, assinaram termo na tarde de ontem em que se retiram do clube por 60 dias.
Dualib e Curi entregaram cartas com o pedido de licença ao presidente do Cori (Conselho de Orientação), Antonio Roque Citadini, e ao presidente do Conselho Deliberativo, Carlos João Eduardo Senger.
Alegaram que o processo na Justiça Federal, em que são acusados de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, e a reprovação das contas de 2006 do clube os motivaram a deixar seus cargos para poderem montar suas defesas.
Com o afastamento da dupla, o clube será assumido, a partir da próxima segunda-feira, pelo vice Clodomil Antonio Orsi.
Ficou decidido ainda que a comissão de conselheiros que já analisa a parceria com a MSI também fica encarregada de estudar se houve má gestão dos dois dirigentes no clube.
A estratégia de Dualib visa esvaziar a reunião do Conselho Deliberativo da próxima terça, marcada justamente para votar o afastamento do presidente e de Curi, o que daria início a um processo que poderia resultar em impeachment e até na expulsão dos dois do Corinthians.
Sem a saída definitiva de Dualib da presidência, é impossível que ocorram novas eleições no Corinthians antes de janeiro de 2009, quando o atual mandato do dirigente acaba.
Com o pedido de afastamento, a reunião do Conselho fica agora colocada em xeque -está prevista para hoje a publicação do edital de convocação.
Oposicionistas que participaram da entrega do pedido de afastamento de Dualib já não vêem utilidade no encontro do dia 7. "A meu ver, fica comprometida a realização da reunião de terça", disse o conselheiro Rubens Approbato Machado.
Senger, como presidente do Conselho, é quem pode cancelar ou realizar a reunião.
A opinião de Approbato, no entanto, não é consenso. Os grupos oposicionistas Renovação e Transparência, encabeçado por Andrés Sanches, e Ação Corinthiana, dos ex-vices Edgard Soares, Osmar Stábile e Flávio Adauto, são contra o cancelamento da reunião.
Defendem que o afastamento de Dualib e Curi deve ser realizado pelo órgão para que o processo de impeachment contra o presidente seja iniciado.
Partidários de Sanches falam em ir à Justiça para forçar a votação sobre o afastamento definitivo do presidente e criar uma comissão só para analisar as contas da gestão Dualib -ele dirige o time desde 1993.
Sanches, que despontava como principal liderança de oposição e nome forte numa eleição à presidência, não foi convidado para participar do encontro de ontem, apesar de ter a seu lado a maioria no Conselho.
O impeachment de Dualib forçaria eleições e o favoreceria. Por outro lado, Approbato e Citadini, sem muitos votos no Conselho, perderiam espaço.


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