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VÔLEI
A elite e a periferia
CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA
Por enquanto, vai tudo bem na
trajetória da seleção feminina
brasileira no Mundial da Alemanha. Até a derrota para a China
foi um bom resultado. Afinal,
acredite se quiser, é melhor ficar
em segundo lugar do que em primeiro. Quem for o líder do grupo,
pega adversários mais difíceis na
próxima fase.
Como você pode notar, o regulamento não tem muita lógica. Se
não houvesse surpresas nos resultados, as duas grandes candidatas ao título, China e Rússia, já
deveriam se cruzar na próxima
etapa. Mas no sábado, para espanto geral, as russas perderam
das americanas por 3 sets a 2.
Com isso, a tendência agora é
que os EUA terminem na liderança do Grupo C e fiquem na mesma chave da China na fase seguinte. Já as russas, pelo que tudo
indica, devem acabar na segunda
posição e ficar no grupo da Itália,
um rival mais conhecido e menos
perigoso do que as chinesas.
O Brasil deverá ser mesmo o segundo colocado da chave já que
os dois próximos adversários
(Grécia e Tailândia) são bem frágeis e não têm tradição no vôlei.
Na próxima etapa, terá pela
frente o 1º do grupo B (Cuba ou
Coréia ), 2º do A (Alemanha, Bulgária ou Japão) e 3º do C (provavelmente Porto Rico).
Com esses possíveis adversários,
se jogar bem, o Brasil pode sair
em primeiro do grupo. Neste caso,
seria uma vantagem já que teria
remotas chances de cruzar com
China ou Rússia na disputa das
quartas-de-final. Ou seja, o caminho brasileiro para chegar entre
os quatro primeiros não está tão
complicado.
No único grande confronto desta primeira fase, a renovada seleção brasileira perdeu para a China, mas jogou bem. Falhou no
bloqueio, o seu fundamento mais
frágil. Mas o certo é que Paula Pequeno, Sheila, Sassá, Marcelle e
companhia estão mostrando que,
apesar da pouca experiência, estão se saindo bem.
Em um pequeno balanço depois
de três dias de jogos, é impossível
fugir de uma constatação básica:
pelo menos seis das 24 seleções
não deveriam estar disputando o
torneio. São equipes muito fracas
e colocam em xeque a máxima
que um Mundial reúne a elite do
esporte. No caso do vôlei, reúne a
elite e a periferia.
Ok, a Federação Internacional
de Vôlei (FIVB) quer popularizar
o esporte, ter representantes de todos os continentes na competição.
Mas a qualidade técnica do Mundial cai muito e torna a primeira
fase pouco atraente.
Fora das quadras, a Alemanha,
anfitriã do torneio, está provocando a grande fofoca do Mundial e uma corrida às bancas de
revistas. Oito das 12 jogadoras do
time alemão posaram nuas para
uma publicação local.
A revista dedicou oito páginas
com fotos em grupos e individuais
das atletas. Quem não gostou dessa história foram os dirigentes da
FIVB, que já estariam até estudando algum tipo de punição para a federação alemã.
Para quem acompanha vôlei,
essa onda moralista da FIVB é
um tanto contraditória. Há poucos anos, a entidade incentivou e
até exigiu que as seleções usassem
uniformes mais justos, que realçassem o físico das atletas.
A seleção brasileira resistiu ao
uso desse uniforme. As cubanas
foram as que mais seguiram a determinação e passaram a usar
uma espécie de maiô para jogar.
Agora, os dirigentes querem punir as alemãs. Difícil entender.
Nova geração
A Itália, campeã dos três últimos Mundiais masculinos, mostra
que tem mais uma nova geração de futuro no vôlei. A seleção italiana masculina juvenil foi a grande vencedora do Campeonato Europeu da categoria, que foi disputado na Polônia. Na partida decisiva,
os italianos derrotaram os franceses, uma das maiores surpresas
da competição, por 3 sets a 1. Na decisão do terceiro lugar, um resultado inesperado: os favoritos russos perderam para a seleção da
Alemanha por 3 sets a 2.
Novo rumo
A romena Cristina Pirv trocou o vôlei brasileiro pelo italiano. A
atacante vai defender a equipe de Novara no próximo Campeonato Italiano. Pirv atuou no time do MRV-Minas durante cinco temporadas e foi uma das principais armas do clube na conquista da
Superliga. Ela foi a jogadora com melhor recepção e a maior pontuadora da competição com 341 pontos assinalados em 21 jogos.
E-mail cidasan@uol.com.br
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