São Paulo, segunda-feira, 02 de setembro de 2002

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VÔLEI

A elite e a periferia

CIDA SANTOS
COLUNISTA DA FOLHA

Por enquanto, vai tudo bem na trajetória da seleção feminina brasileira no Mundial da Alemanha. Até a derrota para a China foi um bom resultado. Afinal, acredite se quiser, é melhor ficar em segundo lugar do que em primeiro. Quem for o líder do grupo, pega adversários mais difíceis na próxima fase.
Como você pode notar, o regulamento não tem muita lógica. Se não houvesse surpresas nos resultados, as duas grandes candidatas ao título, China e Rússia, já deveriam se cruzar na próxima etapa. Mas no sábado, para espanto geral, as russas perderam das americanas por 3 sets a 2.
Com isso, a tendência agora é que os EUA terminem na liderança do Grupo C e fiquem na mesma chave da China na fase seguinte. Já as russas, pelo que tudo indica, devem acabar na segunda posição e ficar no grupo da Itália, um rival mais conhecido e menos perigoso do que as chinesas.
O Brasil deverá ser mesmo o segundo colocado da chave já que os dois próximos adversários (Grécia e Tailândia) são bem frágeis e não têm tradição no vôlei.
Na próxima etapa, terá pela frente o 1º do grupo B (Cuba ou Coréia ), 2º do A (Alemanha, Bulgária ou Japão) e 3º do C (provavelmente Porto Rico).
Com esses possíveis adversários, se jogar bem, o Brasil pode sair em primeiro do grupo. Neste caso, seria uma vantagem já que teria remotas chances de cruzar com China ou Rússia na disputa das quartas-de-final. Ou seja, o caminho brasileiro para chegar entre os quatro primeiros não está tão complicado.
No único grande confronto desta primeira fase, a renovada seleção brasileira perdeu para a China, mas jogou bem. Falhou no bloqueio, o seu fundamento mais frágil. Mas o certo é que Paula Pequeno, Sheila, Sassá, Marcelle e companhia estão mostrando que, apesar da pouca experiência, estão se saindo bem.
Em um pequeno balanço depois de três dias de jogos, é impossível fugir de uma constatação básica: pelo menos seis das 24 seleções não deveriam estar disputando o torneio. São equipes muito fracas e colocam em xeque a máxima que um Mundial reúne a elite do esporte. No caso do vôlei, reúne a elite e a periferia.
Ok, a Federação Internacional de Vôlei (FIVB) quer popularizar o esporte, ter representantes de todos os continentes na competição. Mas a qualidade técnica do Mundial cai muito e torna a primeira fase pouco atraente.
Fora das quadras, a Alemanha, anfitriã do torneio, está provocando a grande fofoca do Mundial e uma corrida às bancas de revistas. Oito das 12 jogadoras do time alemão posaram nuas para uma publicação local.
A revista dedicou oito páginas com fotos em grupos e individuais das atletas. Quem não gostou dessa história foram os dirigentes da FIVB, que já estariam até estudando algum tipo de punição para a federação alemã.
Para quem acompanha vôlei, essa onda moralista da FIVB é um tanto contraditória. Há poucos anos, a entidade incentivou e até exigiu que as seleções usassem uniformes mais justos, que realçassem o físico das atletas.
A seleção brasileira resistiu ao uso desse uniforme. As cubanas foram as que mais seguiram a determinação e passaram a usar uma espécie de maiô para jogar. Agora, os dirigentes querem punir as alemãs. Difícil entender.

Nova geração
A Itália, campeã dos três últimos Mundiais masculinos, mostra que tem mais uma nova geração de futuro no vôlei. A seleção italiana masculina juvenil foi a grande vencedora do Campeonato Europeu da categoria, que foi disputado na Polônia. Na partida decisiva, os italianos derrotaram os franceses, uma das maiores surpresas da competição, por 3 sets a 1. Na decisão do terceiro lugar, um resultado inesperado: os favoritos russos perderam para a seleção da Alemanha por 3 sets a 2.

Novo rumo
A romena Cristina Pirv trocou o vôlei brasileiro pelo italiano. A atacante vai defender a equipe de Novara no próximo Campeonato Italiano. Pirv atuou no time do MRV-Minas durante cinco temporadas e foi uma das principais armas do clube na conquista da Superliga. Ela foi a jogadora com melhor recepção e a maior pontuadora da competição com 341 pontos assinalados em 21 jogos.

E-mail cidasan@uol.com.br



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