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FUTEBOL
O destino dos técnicos
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
O técnico Murtosa, que deve estar perdendo o emprego
depois da goleada sofrida ontem
pelo Palmeiras, é um homem de
pouca sorte.
Os quatro melhores jogadores
do elenco alviverde -Arce, Zinho, Lopes e Pedrinho- estão fora, por conta de contusões. Na
partida de ontem, contra o Paraná, o meio de campo palmeirense
era composto por Paulo Assunção, Alceu e Juliano. Dificilmente
um time com essa formação poderia chegar muito longe.
Mas um placar retumbante como o de ontem, apenas uma semana depois de outra goleada (4
a 0 para o Atlético-MG), faz com
que a torcida exija um bode expiatório, e o candidato mais cotado é sempre o técnico. Ou quase
sempre. No sábado, o Corinthians
tomou de três do Atlético-PR, em
casa, e a torcida não pediu a cabeça do treinador, e sim do goleiro -que, aliás, não merecia.
É que Parreira, tendo levado o
time aos títulos mais importantes
do primeiro semestre, tem ainda
um crédito junto à Fiel. Até quando, não se sabe.
A vitória do Atlético-PR não
mostrou apenas as limitações do
atual Corinthians (já sem Ricardinho no meio-campo e ainda
sem Guilherme no ataque), mas
principalmente a força do Furacão paranaense. No Pacaembu, o
Atlético-PR mostrou as qualidades básicas que fizeram dele o
campeão brasileiro de 2001: marcação firme e rapidez na passagem da defesa para o ataque.
Com as trocas de passes e de posições entre os meias Kleberson e
Adriano e os atacantes Alex Mineiro e Kléber -todos técnicos e
inteligentes-, a equipe multiplica indefinidamente as possibilidades de jogadas ofensivas. A esse
quarteto infernal somam-se eventualmente os ótimos laterais Alessandro e Fabiano (autor de um
lindo gol no sábado).
Compare esse grupo -que joga
junto há mais de um ano- com o
combalido elenco que Murtosa
tem nas mãos e você chegará à
conclusão de que a sorte trata os
treinadores de modo desigual.
Na estréia de Ricardinho no São
Paulo, ontem no Morumbi, o Grêmio começou a partida dando a
impressão de que havia retomado
o seu melhor futebol, bem no estilo Tite: marcação por pressão no
campo do adversário, deixando-lhe pouco espaço para a troca de
passes e a criação ofensiva.
Bastaram, porém, duas bobeadas da defesa, aproveitadas muito bem pelo São Paulo (ambas
com Reinaldo pela esquerda), para que a fortaleza gremista ruísse
por completo.
Com dois gols de vantagem no
placar, o São Paulo ainda criou
outras oportunidades no primeiro tempo e depois se acomodou. A
segunda etapa foi monótona, pois
o Grêmio, mesmo precisando de
gols, não conseguiu ameaçar a
meta são-paulina, e o São Paulo,
por sua vez, mostrou-se satisfeito
com o 2 a 0.
A torcida merecia mais, mas a
equipe de Oswaldo de Oliveira
provou que é tão poderosa que
basta jogar seu máximo por alguns poucos minutos para definir
uma partida.
Ricardinho, marcado de perto
por Tinga, teve pouco espaço para
jogar. Mas deixou claro que, com
um pouco mais de entrosamento,
vai fazer a festa de Kaká, Reinaldo e Luís Fabiano. Só vai sentir
falta de Kléber para fazer as lindas tabelas pelo flanco esquerdo.
Nem tudo é perfeito.
Volta à Espanha
Ronaldo, finalmente, foi para
o Real Madrid, que agora
conta em seu elenco com três
craques eleitos em anos recentes os melhores do mundo -Zidane, Figo e Ronaldo-, além de dois segundos
colocados (Roberto Carlos e
Raúl). A transferência arranhou a imagem de bom moço de Ronaldo, mas seu futebol, pelo menos teoricamente, tende a brilhar mais na Espanha do que na Itália, onde
as defesas são mais duras e os
espaços, menores.
Dois craques
O outro Ronaldinho, o gaúcho, foi agraciado ontem neste espaço com uma bela nota
de Tostão, que reconheceu
ter se enganado quando disse
que o gol do rapaz contra a
Inglaterra tinha sido um lance de sorte. Só alguém com a
grandeza e a sensibilidade de
Tostão é capaz de reconhecer
francamente um erro de avaliação tanto tempo depois.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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