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ABC DO APITO
Mesmo local que formou Edilson Pereira de Carvalho exige diploma e até ficha criminal
Escola defende caráter contra mácula
MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Pela sala no segundo andar da
Federação Paulista de Futebol,
164 estudantes passam toda a semana com o sonho de se tornarem árbitros e bandeirinhas.
São pessoas numa faixa de idade que vai dos 25 até os 35 anos,
diferentes formações, que chegam à Escola de Árbitros Flávio
Iazetti atrás de uma formação.
Na mesma escola, em 1990,
formou-se o árbitro Edilson Pereira de Carvalho, que na última
semana foi eliminado dos quadros da CBF e da Fifa por manipular resultados para beneficiar
apostadores em sites ilegais.
"Aqui nós temos a preocupação de formar homens e mulheres de caráter", afirma o ex-árbitro Roberto Perassi, 43 anos, diretor da escola e membro da Comissão de Arbitragem da FPF,
que ressalta: "O aluno tem que
ter uma vida muito certinha para entrar e permanecer na escola. Só que, infelizmente, alguns
se perdem pelo caminho", diz
Perassi, que levou Paulo José Danelon, envolvido no escândalo,
para dar aula a seus alunos.
Para entrar no curso, o aluno
tem que levar entre seus documentos xerox do diploma de ensino médio e atestado de antecedentes criminais. Diretor do instituto desde 2002, em substituição a Gustavo Caetano, ele prefere não comentar o caso de Carvalho, que não era da sua época.
Mas salienta que, para os alunos, o que ocorreu é exemplar.
"Eu disse que a geração deles
terá uma responsabilidade muito grande em relação à atividade
de árbitro, por causa da repercussão que isso tomou."
O curso leva dez meses de aulas teóricas mais um ano de estágio prático, como quarto árbitro,
auxiliares e bandeirinhas. Na
parte teórica, as aulas versam sobre as regras, língua portuguesa,
os regulamentos e códigos do esporte e a confecção de relatórios.
Depois de formado, o árbitro
leva ao menos dois anos para
chegar aos profissionais, no caso
do sub-20 e da Série B.
Os alunos pagam o equivalente a um salário mínimo por mês
(R$ 300) pelas aulas. É um dinheiro que pode ser recuperado
logo nos cinco primeiros meses
de estágio, etapa seguinte ao ciclo teórico, já que as partidas em
que podem atuar são remuneradas com uma bolsa de R$ 150
(feminino) a R$ 300 (sub-17).
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