São Paulo, domingo, 02 de outubro de 2005

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ABC DO APITO

Mesmo local que formou Edilson Pereira de Carvalho exige diploma e até ficha criminal

Escola defende caráter contra mácula

MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Pela sala no segundo andar da Federação Paulista de Futebol, 164 estudantes passam toda a semana com o sonho de se tornarem árbitros e bandeirinhas.
São pessoas numa faixa de idade que vai dos 25 até os 35 anos, diferentes formações, que chegam à Escola de Árbitros Flávio Iazetti atrás de uma formação.
Na mesma escola, em 1990, formou-se o árbitro Edilson Pereira de Carvalho, que na última semana foi eliminado dos quadros da CBF e da Fifa por manipular resultados para beneficiar apostadores em sites ilegais.
"Aqui nós temos a preocupação de formar homens e mulheres de caráter", afirma o ex-árbitro Roberto Perassi, 43 anos, diretor da escola e membro da Comissão de Arbitragem da FPF, que ressalta: "O aluno tem que ter uma vida muito certinha para entrar e permanecer na escola. Só que, infelizmente, alguns se perdem pelo caminho", diz Perassi, que levou Paulo José Danelon, envolvido no escândalo, para dar aula a seus alunos.
Para entrar no curso, o aluno tem que levar entre seus documentos xerox do diploma de ensino médio e atestado de antecedentes criminais. Diretor do instituto desde 2002, em substituição a Gustavo Caetano, ele prefere não comentar o caso de Carvalho, que não era da sua época.
Mas salienta que, para os alunos, o que ocorreu é exemplar.
"Eu disse que a geração deles terá uma responsabilidade muito grande em relação à atividade de árbitro, por causa da repercussão que isso tomou."
O curso leva dez meses de aulas teóricas mais um ano de estágio prático, como quarto árbitro, auxiliares e bandeirinhas. Na parte teórica, as aulas versam sobre as regras, língua portuguesa, os regulamentos e códigos do esporte e a confecção de relatórios.
Depois de formado, o árbitro leva ao menos dois anos para chegar aos profissionais, no caso do sub-20 e da Série B.
Os alunos pagam o equivalente a um salário mínimo por mês (R$ 300) pelas aulas. É um dinheiro que pode ser recuperado logo nos cinco primeiros meses de estágio, etapa seguinte ao ciclo teórico, já que as partidas em que podem atuar são remuneradas com uma bolsa de R$ 150 (feminino) a R$ 300 (sub-17).

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