|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
onipresente
Dunga será o treinador na Olimpíada
Técnico deixa claro que pretende contar com a presença de Romário na comissão da seleção nos Jogos de Pequim-08
Encontro com presidente da CBF definirá se medalhões, como Kaká e Ronaldinho, serão ou não convocados para reforçar time sub-23
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
O técnico Dunga ganhou um
""presente" anteontem, ao completar 44 anos. Ele foi convidado pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, para comandar
o time na Olimpíada de Pequim, em agosto. E aceitou.
Em entrevista à Folha, por
telefone, o treinador deu detalhes do planejamento da equipe que vai tentar a conquista do
inédito ouro olímpico na China. Medalha de prata em Los
Angeles-84, Dunga deixou claro que quer contar com a ajuda
de Romário no Oriente. O atacante de 41 anos trabalharia na
comissão técnica nos Jogos.
O capitão da equipe nacional
na conquista do tetra adiantou
que não convocará todos os
medalhões, como Ronaldinho,
Kaká e Robinho, para a disputa
do torneio, que só permitirá
três atletas acima dos 23 anos.
Apesar da vontade de Dunga
de contar com os jogadores
mais experientes, Teixeira ainda não deu o aval ao treinador
para chamá-los. Na próxima
semana, os dois vão se reunir
para decidir sobre a convocação dos atletas, astros do esporte. O dirigente teme uma forte
oposição dos clubes europeus,
que poderia atrapalhar a seleção principal nas eliminatórias.
Apesar de admitir que não
ganhará um aumento salarial,
Dunga não teme terminar como Vanderlei Luxemburgo, último treinador que acumulou
as duas funções na seleção.
Após o fracasso em Sydney-2000, quando o Brasil terminou em sétimo lugar, ele foi demitido. O fiasco colaborou para
que a CBF enfrentasse duas
CPIs em Brasília.
FOLHA - Depois de aceitar o convite de trabalhar em Pequim, a medalha de ouro é o objetivo?
DUNGA - Sim. Sempre quando
a seleção entra numa competição é para buscar o título. Dessa vez, não será diferente. Na
seleção, qualquer título me serve. Quero participar sempre. A
seleção é algo indescritível e
tem que estar acima de tudo.
FOLHA - Você ficou surpreso com o
convite?
DUNGA - Desde que assumi a
seleção, pedi ao presidente para tomar algumas decisões.
Que, talvez, seria melhor ficar
calmo, mas tinha que trabalhar
para a seleção. Desde então, fui
chamando os jogadores com
idade olímpica. Integrando os
atletas mais novos ao grupo. Já
levei o Marcelo, o Gladstone, o
Alex, o Carlinhos, o Lucas, o
Denílson, o Rafael Sóbis, o Jô.
Chamei vários novatos para viver esse ambiente da seleção,
conviver com a pressão de lá.
FOLHA - A partir de agora, você terá a pressão de escolher apenas três
jogadores acima de 23 anos. Levará
Ronaldinho, Kaká e Robinho para
Pequim?
DUNGA - As minhas decisões
serão para a seleção. Não é para
agradar. Vai depender do que a
seleção necessitar naquele momento. Se tiver um grande goleiro no momento, será o goleiro. Se precisar de um zagueiro
mais experiente, será o zagueiro. Não vou levar os três maiores nomes para agradar a todo
mundo. Quem tem que ficar
contente é a seleção.
FOLHA - Na Suíça, o Romário disse
que pensa em ajudar a seleção. Vocês dividiam o quarto na seleção
quando jogadores [inclusive na Copa de 94] e são muito amigos. Pensa
em aproveitá-lo na China?
DUNGA - Ele está jogando ainda [risos]. Temos que esperar
as coisas acontecerem com naturalidade. O Romário está
presente na seleção sempre.
Nós somos amigos e queremos
sempre ganhar. Depende de ele
decidir. Ele sempre esteve disposto a ajudar.
FOLHA - Então, nada impede?
DUNGA - Não. Não tem nada
que o impeça.
FOLHA - Então, o Romário vai estar
com você na China?
DUNGA - Ele tem é que decidir
o que vai fazer. Mas disse para
ele que vou colocar um despertador na cabeça dele. Falei isso
de brincadeira. Com o Baixinho, não tem problema.
FOLHA - Para você, quem foi o melhor jogador, Pelé ou Romário?
DUNGA - Só vi o Pelé por vídeo.
Nunca o vi jogar. No futebol,
temos que parar de ficar nessa
de quem é o melhor. Tem isso
na música? Os caras são mitos.
Os dois fizeram mil gols. Então,
são mitos. Não tem que dizer
quem é o melhor.
FOLHA - Nos últimos jogos da seleção, você se mostrava tenso e discutiu algumas vezes com os jornalistas. Tem dificuldade de conviver
com as críticas?
DUNGA - Não. Não estava chateado, mas tenho uma forma de
responder mais dura, que é da
minha característica do Sul.
Gosto de não deixar ninguém
sem resposta. Além disso, como gosto da democracia, quando não concordo, dou minha
opinião. Não fico calado. Uma
vez, um cara me perguntou:
"Vou fazer uma pergunta banal, que todos fazem, mas não
quero uma resposta simples...".
Então, falei: "Quando você fizer uma pergunta inteligente,
vou dar uma resposta inteligente". E o cara ficou bravo comigo. Podia até não responder,
mas é minha caraterística, é
mais forte do que eu.
FOLHA - Você teme que um insucesso nos Jogos Olímpicos possa
atrapalhar o seu futuro na seleção,
como aconteceu com o Vanderlei
Luxemburgo, em 2000?
DUNGA - Seleção não tem jeito.
Se não tiver [pressão] de um lado, você tem de outro. Tenho
que confiar no meu trabalho. A
vida sempre nos leva a acertos
e erros. Você tem que arriscar
na vida. Seria mais fácil ficar na
[seleção] principal, mas estou
aqui feliz da vida.
Texto Anterior: Painel FC Próximo Texto: CBF esvazia a CPI do Corinthians Índice
|