São Paulo, terça-feira, 02 de dezembro de 2008 |
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JOSÉ ROBERTO TORERO Decepção, desilusão, desengano...
O CARO tricolor e a caríssima tricoliz talvez pensem que são os mais tristes torcedores deste começo de semana. Mas não são. Enxugai vossas lágrimas na faixa de campeão comprada por antecedência. Perder a chance de comemorar o título em casa não é uma tragédia. O time precisa de um simples empate para ser campeão. Seria bem pior se o estranho chute de Borges não tivesse entrado e o tricolor precisasse da vitória. O empate é totalmente possível. Diria até que o São Paulo é o favorito para este jogo. Os são-paulinos têm o direito de estar decepcionados, mas não podem se dizer desiludidos. Desiludidos estão os flamenguistas. O time vencia por 3 a 0 aos 35min do primeiro tempo, um placar dos sonhos. Com os outros resultados da rodada, o rubro-negro pularia da quinta para a terceira posição e estaria a um passo da Libertadores. Mas empolgou-se, quis golear, e por esta falta de humildade cedeu o empate. Na verdade, no segundo tempo, o Goiás até poderia ter virado, tantas foram as chances que criou. O Flamengo foi da autoconfiança exagerada para o pessimismo catatônico e por pouco não perdeu o jogo. E no Maracanã. Os flamenguistas têm todo o direito de estarem desiludidos com seu time. Mas não estão desenganados. Desenganados estão os torcedores da Portuguesa. A volta à primeira divisão durou apenas um ano. Mas, também, o que esperar de um time que vende seu principal jogador no meio do campeonato? Ao assinar o recibo da venda de Diogo, a Portuguesa assinou também seu atestado de óbito na Série A. Porém os mais decepcionados, desiludidos e desenganados torcedores desta semana são os do XV de Piracicaba. Estes têm o direito de chorar aos jorros, de arrancar os cabelos, de socar o próprio peito até quebrar as costelas. O time, que hoje está na modesta A-3 do futebol estadual, disputou a final da Copa Paulista contra o Atlético de Sorocaba. O vencedor teria o direito de disputar a Copa do Brasil, ou seja, teria a chance de enfrentar os grandes. No primeiro jogo, fora de casa, 1 a 1. Para a segunda partida, todos os 18 mil ingressos para o Barão de Serra Negra acabaram em três dias. A cidade estava em festa. A torcida já previa a volta aos tempos de glória. Porém, logo aos 17min, o Atlético fez 1 a 0. Os torcedores pessimistas do XV devem ter pensado: "Está tudo acabado...". Mas não estava. Aos 37min veio o empate. E bastava o empate para conquistar o título. Tudo ficou ainda melhor quando, no começo do segundo tempo, o time virou o jogo. Os otimistas do XV devem ter pensado: "O título está em casa!". Mas não estava. Um jogador do XV foi expulso e isso complicou tudo. Aos 30min, o Atlético conseguiu o empate. O time de Piracicaba segurou-se à base de chutões até os 45min, quando o juiz deu três minutos de acréscimo. Faltavam 30 segundos e a torcida gritava "É campeão!". Mas aí a bola sobrou na área e um atleticano deu um chute um tanto ridículo, daqueles em que o pé bate na orelha da bola. Mas ela fez uma parábola irônica e encobriu o desesperado goleiro, que acabou abraçado às redes. O XV tinha uma mão na taça, mas seus dedos escorregaram nos últimos segundos. Isso, sim, é decepção, desilusão, desengano... torero@uol.com.br
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