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FUTEBOL
Olho no olho
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Na derrota do Brasil para
a Bolívia, em La Paz, pelas
eliminatórias, Scolari lamentou
que os grandalhões brasileiros
perderam quase todas as jogadas
pelo alto, para os "anõezinhos"
bolivianos. Dessa vez, não vieram
os anõezinhos maiores, nem os
melhores. O Brasil deu um baile
pelo alto no jovem time boliviano.
Dos seis gols, cinco foram por
meio de jogadas aéreas; quatro de
bolas paradas. Essa é uma qualidade de todas as equipes dirigidas
pelo técnico brasileiro.
Gilberto Silva e Kléberson foram os destaques. Em épocas recentes, os dois, que têm bastante
técnica, dificilmente jogariam na
posição de volante. A preferência
era pelos brucutus.
Para o próximo jogo, Djalminha será a novidade. Sua convocação mostra que Felipão busca
mais um armador ofensivo. Kaká
é muito jovem. Juninho não
atuou bem contra a Bolívia, e o
técnico não gosta muito de baixinhos. Apesar das facilidades, Luizão e Edílson, os únicos titulares,
foram os que menos se destacaram contra a Bolívia.
Sem um excepcional atacante
em forma, como Romário ou Ronaldo, as chances do Brasil são
mínimas no Mundial. Se o o time
brasileiro não tivesse o Ronaldo
na Copa de 98, na França, não
chegaria à final.
Por isso, Scolari deveria ter uma
conversa franca, transparente,
olho no olho com Romário. O jogador assumiria o compromisso
de se preparar com todo o entusiasmo para o Mundial, e o treinador de chamá-lo na última
convocação, se Romário estivesse
mesmo bem.
Melhor do que ter Ronaldo e
Romário pela metade é ter um
dos dois inteiro.
Três nebulosas esperanças
Na conquista da Copa América
em 1999, período em que a seleção
era dirigida pelo Wanderley Luxemburgo, havia três novas e
grandes esperanças: Vampeta,
Alex e Ronaldinho.
Vampeta era o único excelente
volante; Alex e Ronaldinho começavam a ser titulares. Além dos
três, a seleção tinha Ronaldo, Roberto Carlos e Rivaldo. Romário
estava fora e poucos acreditavam
em sua presença no Mundial.
Naquele momento, imaginei
que Vampeta, Alex e Ronaldinho
estariam hoje muito melhores.
Com os três e outros já consagrados jogadores, o Brasil formaria
uma seleção excepcional e seria o
principal favorito ao Mundial.
Hoje, a situação é bem diferente. Vampeta, Alex e Ronaldinho
caíram muito de produção; Ronaldo ainda não se recuperou; Rivaldo e Roberto Carlos só brilham
intensamente em seus clubes na
Espanha, e Felipão não se entende com Romário.
Vampeta se destacava pela técnica, movimentação, capacidade
de defender e atacar e pelo excepcional preparo físico. Era o volante que faltava ao futebol brasileiro. Ninguém aguentava mais os
brucutus.
Depois de receber muitos elogios, Vampeta achou que era um
craque, um novo Gérson, melhor
do que era. Só queria driblar e dar
passes impossíveis.
Errava muito mais do que acertava. Perdeu também sua excepcional condição física. Nos últimos dois anos, só jogou bem contra a Argentina, pelas eliminatórias. Teve péssimas passagens pela Itália, França e Flamengo.
Alex, outra esperança, tinha
momentos excepcionais. Esperava que sua irregularidade fosse
passageira. Ele dava a impressão
de que em pouco tempo seria o
melhor jogador do Brasil. Não foi.
Por causa de sua pouca mobilidade joga numa faixa estreita do
campo e é facilmente marcado.
Ficou muito tempo sem jogar e
perdeu a boa forma.
Como Alex, Ronaldinho parecia que seria o grande craque brasileiro. Era comum a discussão
sobre qual dos dois era o melhor.
Alex era mais técnico, e Ronaldinho, mais criativo. Os dois brilharam no Pré-Olímpico. Um completava o outro.
Depois, os dois fracassaram na
Olimpíada. Ronaldinho também
ficou sem jogar por um longo
tempo e sumiu. Somente agora,
no PSG, dá sinais de recuperação.
Fez uma belíssima partida nessa
semana que passou.
Vampeta, Alex e Ronaldinho
vivem hoje situações parecidas.
Eles que eram as grandes esperanças correm grandes riscos de
não ir ao Mundial. Pressinto que,
pensando na Copa, os três vão
brilhar nos próximos meses.
Ainda não perdi as esperanças
de o Brasil formar uma grande
equipe. Imagine se todos os principais jogadores estiverem em forma na Copa... Além deles, o técnico terá de dar uma "mãozinha",
arrumando coletivamente o time.
Aí, ninguém segura a seleção!
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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