São Paulo, quarta-feira, 03 de março de 2010

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TOSTÃO

O protesto dos chatos


É difícil saber as posições de Neymar, Wesley e outros do Santos, que estão em todo lugar. Confundem a todos


NA DERROTA para o Once Caldas, pela Libertadores, o São Paulo jogou com duas linhas de quatro e dois atacantes.
É raro um time brasileiro atuar dessa forma.
Fora o esquema com três zagueiros, os outros são variações do tradicional 4-4-2. Muitos times jogam com uma linha de três no meio e mais um meia, na ligação com os dois atacantes (4-3-1-2). Outros preferem ter três no meio, um atacante de cada lado e um centroavante (4-3-3). A moda hoje é jogar com dois volantes, uma linha de três meias e um centroavante (4-2-3-1).
Não se deve confundir o 4-4-2 europeu, com um meia de cada lado, com o esquema, muito frequente no Brasil, de ter dois meias livres e próximos dos dois atacantes (4-2-2-2).
Os números servem hoje apenas como referência para treinadores e comentaristas. A estratégia depende muito mais do estilo dos jogadores.
Um time que tem um meia de cada lado, com características de armadores, será bem diferente de outro com dois meias nas mesmas posições, porém com características de atacantes.
O esquema com duas linhas de quatro pode ser ofensivo ou defensivo. Se o time toma a bola mais à frente, vai chegar com vários jogadores ao ataque. Se a equipe marca mais atrás, com oito jogadores próximos à área, será bastante defensivo.
O esquema com duas linhas de quatro privilegia as jogadas ofensivas pelos lados, com os meias formando duplas com os laterais.
Contra o Once Caldas, o São Paulo jogou com duas linhas de quatro, mas com os jogadores em posições trocadas. Cléber Santana, um volante, atuou, pela esquerda, como um meia, defendendo e atacando. Jorge Wagner, que joga bem nessa posição, atuou de lateral, posição que deveria ter sido ocupada por Richarlyson, que jogou de volante.
Na maioria das vezes, é fácil para o comentarista e o técnico saberem, nos detalhes, quais são as posições e funções dos jogadores.
Isso torna as equipes previsíveis e fáceis de serem marcadas.
Difícil é saber quais são as posições de Neymar, Wesley e outros do Santos. Eles estão em todos os lugares. Confundem a todos.
O drible (chapéu) que Neymar deu em Chicão, com a bola fora de jogo, foi um gesto espontâneo, como se ele estivesse em uma pelada de infância, sem nenhuma intenção de menosprezar o adversário. Neymar já demonstrou que sabe brincar e jogar com seriedade. Há hora para tudo. Além disso, os grandes talentos brincam com seriedade.
A turma do politicamente correto, que acha que todo lance tem de ter um objetivo, protestou.
São uns chatos.

Mais uma vitória
O Brasil mostrou suas virtudes. Kaká, Robinho, Júlio César, Maicon, Lúcio e Juan confirmaram seus talentos, e o time foi novamente bem na marcação.
Além disso, fez um gol, o primeiro, em seu estilo, no contra-ataque, embora em impedimento.
Daniel Alves entrou no meio e mostrou, mais uma vez, que é superior a Elano e a Ramires. Falta talento no meio. Os volantes marcam muito e apoiam pouco. Isso poderá não ser suficiente em certos momentos. É preciso criar melhores opções individuais e coletivas.


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