São Paulo, domingo, 03 de abril de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
FOCO Para preparar equipe, Scolari finge, gesticula e até faz graça DE SÃO PAULO Abaixado, com as mãos nos joelhos, o técnico Luiz Felipe Scolari finge bufar para simular cansaço durante um treino palmeirense. A cena é dirigida ao lateral esquerdo Gabriel Silva, que havia deixado de avançar em um ataque do time titular pelo seu setor. O recado é claro: não dá ficar parado quando a equipe precisa dele. É também mais um dos gestos incorporados à coleção de mímicas do treinador. Para um jogador palmeirense, nem é necessário ouvir Scolari para entendê-lo. Basta prestar atenção nele. Na linguagem corporal do técnico palmeirense, braços levantados significam contrariedade com uma jogada errada. Na maioria das vezes, o treino para e há uma correção de posicionamento ou ele aponta a alternativa correta para determinado lance. Quando os braços estão abertos, porém abaixados, a irritação do treinador é menor. Será feita apenas uma pequena mudança de rumo. Giros com as mãos indicam por onde um jogador ou o time deve se movimentar. E pobre do pupilo a quem Scolari der as costas. Quando o lateral Luis Felipe errou o terceiro cruzamento seguido em cobrança de falta, o treinador fez um sinal positivo irônico e se virou. Tinga assumiu a cobrança seguinte. Nos dias de sol, os jogadores palmeirenses devem temer o ar de seu chefe, com o boné enfiado na cara inteira. Em outras ocasiões, Scolari desiste de todo o time e se dirige ao banco, onde se senta e fica de braços cruzados. De longe, ele costuma usar as mãos em concha para amplificar seus gritos. A imobilidade, porém, dura pouco. Ao ter uma inspiração, dá um pique com o apito na boca para chamar a atenção. E aí desloca atletas, aponta para indicar o local certo da jogada ou abana as mãos para afastar atletas da bola. Nem o final do coletivo acaba com o balé de Scolari. Seus truques também estão em treinos simples e diretos, como ensinar beques a tirar bolas em cima da linha. Arremessa com as mãos as bolas por cima deles e faz graça. Finge que jogaria a bola longa e apenas a solta, sem força. "Arrá!", grita ao zagueiro, após a pegadinha. As brincadeiras se repetem em entrevistas. Os gestos é que mudam. Sentado, mexe os braços para se expressar, contrai o rosto para algumas perguntas e dá uma bufada para pensar antes de responder a uma questão. Ver Scolari no CT do Palmeiras é como um ensaio para os jogos. A diferença é que, na partida, a tensão aumenta e ele não entra em campo. Logo, seus gestos se tornam mais exacerbados para chamar a atenção dos atletas. Quem olha para ele sabe, sem ouvi-lo, se está satisfeito ou não com o time. (RM) Texto Anterior: Santistas tentam dar importância ao duelo na Vila Próximo Texto: Corinthians faz testes na reta final Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |