São Paulo, domingo, 03 de agosto de 2008

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TOSTÃO

Não há futebol sem mistério


Os seis melhores do Brasileiro são bons e têm o mesmo nível. O Palmeiras é o único brilhante, mas só em casa

NESTE ANO , a vantagem de jogar em casa no Brasileirão é ainda mais expressiva. Há muitas razões para isso. Mas falta uma grande explicação, que não sei qual é. Nunca vou saber. A vida e o futebol não existem sem o mistério.
Os seis melhores times são bons, do mesmo nível e bem dirigidos por seus treinadores. O único brilhante é o Palmeiras, mas só quando joga em casa. Por isso, não é também uma grande equipe.
Em casa, o Palmeiras pressiona e ataca com vários bons jogadores. Fora, é pressionado e mostra sua fragilidade defensiva, por falta de bons zagueiros e por ter somente dois jogadores marcando no meio-campo, já que os laterais avançam bastante ao ataque.
Contra o Palmeiras, no Parque Antarctica, o Flamengo teve muitos espaços para contra-atacar e não aproveitou as chances. Faltam bons atacantes ao time. Ibson é um volante que ataca. Não é um meia.
Quando assisto a uma partida, gosto de ver um bom espetáculo e times organizados, como o Grêmio. Isso geralmente ocorre nas equipes dirigidas pelo técnico Celso Roth. Por que ele não ganha títulos importantes? Não sei.
Como no futebol há muitos fatores envolvidos no resultado, um técnico pior pode ganhar mais títulos que um melhor. Existem ainda treinadores que ganham um título importante e passam a ser valorizados por um longo tempo, mesmo que fracassem nas outras equipes.
Talvez falte carisma a Celso Roth, ou seria marketing, que se tornou hoje tão ou mais importante que o talento. Torcedores de várias equipes adoram chamar Celso Roth e alguns técnicos de burro. Quando eles acertam, dizem que é um burro com sorte.
Apesar de poucos acreditarem, o Vitória continua jogando bem e entre os primeiros. Como Dodô, Marquinhos, revelação do campeonato, faz gols bonitos.
O Cruzeiro perdeu Ramires, mas manteve, até agora, seus três principais jogadores: Fábio, Guilherme e Wagner. Os dois atacantes se completam. Wagner é veloz, habilidoso, chuta bem e atua melhor pela ponta, por onde faz ótimos cruzamentos. Guilherme atua mais pelo meio, em pequenos espaços, finaliza bem e é excepcional nos passes rápidos e decisivos.
Discordo de alguns excelentes comentaristas, como Mauro Cezar Pereira, da ESPN Brasil, de que Muricy é hoje o melhor técnico brasileiro. Os times dirigidos por Luxemburgo costumam jogar bem e bonito. Tocam mais a bola e constroem mais jogadas. Os gols não saem de qualquer maneira.
Já ganhar sem jogar bem e/ou bonito tem sido uma marca do São Paulo, mesmo no ano passado, quando o time era individualmente muito melhor e ganhou o título com ampla vantagem. Reconheço a eficiência de Muricy.
Duro é agüentar a soberba, a ambição desmedida e a falta de ética de Luxemburgo. Nesta semana, ele disse que não via nada demais na trapaça de dois times da Série C (Marcílio Dias e Toledo), que combinaram antes do jogo empatar para os dois se classificarem. Luxemburgo falou que agiram de acordo com o regulamento. Ele e outros devem achar que ética é algo nebuloso, coisa de filósofo, como um dia disse Eurico Miranda.


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