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FUTEBOL
Clube e empresários do atacante, que se apresentou ontem ao Real Madrid, têm versões distintas para transferência
Ronaldo e Inter trocam farpas sobre saída
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
O argentino Héctor Cúper não
foi o único vilão da história, conforme diz o holandês Seedorf, que
assim como Ronaldo se desentendeu com o treinador e resolveu
deixar a Inter de Milão.
Chamado de "mercenário" pela
torcida italiana, o brasileiro se defende. Alexandre Martins, um de
seus procuradores, diz que uma
série de fatores fez o jogador ir para a Espanha e que os torcedores
deveriam hostilizar a diretoria do
clube, não Ronaldo.
De acordo com Martins, após a
Copa da França, quando o atacante sofreu duas operações no
joelho e ficou mais de dois anos
afastado dos gramados, a Inter reduziu seus vencimentos -de
US$ 6 milhões para US$ 4,5 milhões por ano. E cerca de 70% do
salário passou a ser pago por seus
patrocinadores, não pelo clube.
Para piorar, Ronaldo e seus assessores não ficaram satisfeitos
com a forma como Franco Combi, médico da Inter, conduziu sua
recuperação. "Não fosse pelo Filé
[Nílton Petrone, fisioterapeuta do
atleta], ele não teria voltado ao
que era. A Inter não apostou em
sua recuperação, o Filé e a seleção, sim, e o resultado todos viram na Copa", disse Martins.
Na Inter, a versão é outra. O
presidente Massimo Moratti declarou que "algum elo se rompeu
entre ele [Ronaldo] e a equipe, entre ele e a torcida, entre ele e Cúper". "A decisão de sair foi tomada [pelo atleta] durante a Copa."
Em e-mail para a Folha, Giacinto Facchetti, vice de Moratti, afirma que "o maior interesse pela transferência era dos empresários
[Martins e Reinaldo Pitta]. "O
salário pode diminuir [especula-se que Ronaldo vai ganhar menos
no Real do que recebia na Inter],
mas a porcentagem [cerca de 7%]
numa transferência dessas nenhum empresário despreza."
Para ir ao Real, os espanhóis pagaram cerca de US$ 45 milhões ao
time milanês, mas esperam faturar muito com a contratação.
Apresentado à torcida madrilenha, Ronaldo provocou comoção. "Era a peça que faltava. Teremos um apelo mundial, a camisa
11 [do brasileiro] será usada nos
cinco continentes, o Real será a
maior febre", disse o presidente
Florentino Pérez.
"Meu único desejo agora é que o
melhor clube do século passado
continue sendo o melhor no século atual", completou.
"Espero corresponder com gols
e jogadas bonitas", disse Ronaldo,
que pediu três semanas para se
preparar para estrear no novo time. "Jogar numa equipe com Zidane, Figo, Raúl, Roberto Carlos e uma constelação de estrelas, é o
sonho de qualquer jogador. Minha felicidade é imensa."
Com agências internacionais
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