São Paulo, terça-feira, 03 de setembro de 2002

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FUTEBOL

Clube e empresários do atacante, que se apresentou ontem ao Real Madrid, têm versões distintas para transferência

Ronaldo e Inter trocam farpas sobre saída

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

O argentino Héctor Cúper não foi o único vilão da história, conforme diz o holandês Seedorf, que assim como Ronaldo se desentendeu com o treinador e resolveu deixar a Inter de Milão.
Chamado de "mercenário" pela torcida italiana, o brasileiro se defende. Alexandre Martins, um de seus procuradores, diz que uma série de fatores fez o jogador ir para a Espanha e que os torcedores deveriam hostilizar a diretoria do clube, não Ronaldo.
De acordo com Martins, após a Copa da França, quando o atacante sofreu duas operações no joelho e ficou mais de dois anos afastado dos gramados, a Inter reduziu seus vencimentos -de US$ 6 milhões para US$ 4,5 milhões por ano. E cerca de 70% do salário passou a ser pago por seus patrocinadores, não pelo clube.
Para piorar, Ronaldo e seus assessores não ficaram satisfeitos com a forma como Franco Combi, médico da Inter, conduziu sua recuperação. "Não fosse pelo Filé [Nílton Petrone, fisioterapeuta do atleta], ele não teria voltado ao que era. A Inter não apostou em sua recuperação, o Filé e a seleção, sim, e o resultado todos viram na Copa", disse Martins.
Na Inter, a versão é outra. O presidente Massimo Moratti declarou que "algum elo se rompeu entre ele [Ronaldo] e a equipe, entre ele e a torcida, entre ele e Cúper". "A decisão de sair foi tomada [pelo atleta] durante a Copa."
Em e-mail para a Folha, Giacinto Facchetti, vice de Moratti, afirma que "o maior interesse pela transferência era dos empresários [Martins e Reinaldo Pitta]. "O salário pode diminuir [especula-se que Ronaldo vai ganhar menos no Real do que recebia na Inter], mas a porcentagem [cerca de 7%] numa transferência dessas nenhum empresário despreza."
Para ir ao Real, os espanhóis pagaram cerca de US$ 45 milhões ao time milanês, mas esperam faturar muito com a contratação.
Apresentado à torcida madrilenha, Ronaldo provocou comoção. "Era a peça que faltava. Teremos um apelo mundial, a camisa 11 [do brasileiro] será usada nos cinco continentes, o Real será a maior febre", disse o presidente Florentino Pérez.
"Meu único desejo agora é que o melhor clube do século passado continue sendo o melhor no século atual", completou.
"Espero corresponder com gols e jogadas bonitas", disse Ronaldo, que pediu três semanas para se preparar para estrear no novo time. "Jogar numa equipe com Zidane, Figo, Raúl, Roberto Carlos e uma constelação de estrelas, é o sonho de qualquer jogador. Minha felicidade é imensa."


Com agências internacionais



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