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Abalados, rivais terminam jogo que fez embalo sumir
Uma semana após morte de Serginho, São Paulo e São Caetano voltam a campo por 31 minutos em situação bem distinta da que tinham há 7 dias
PAULO COBOS
RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma semana depois da morte
de Serginho, São Paulo e São Caetano se reencontram no Morumbi
para continuar a partida que começou com dois times que pensavam no título do Brasileiro, e que
agora jogam sob tensão e com
uma situação bem menos animadora na classificação.
Os 31 minutos que faltam para o
término do jogo, interrompido
após o zagueiro do São Caetano
sofrer uma parada cardiorrespiratória, serão disputados a partir
das 20h30, com portões abertos e
0 a 0 no placar.
Além da tragédia ocorrida com
Serginho, os resultados da última
rodada também influenciaram na
mudança de ânimo dos atletas.
Na semana passada, o São Paulo
era o terceiro colocado do Nacional, seguido pelo clube do ABC.
No último sábado, o Palmeiras fez
cada um perder uma posição ao
bater o Grêmio, de virada, e assumir o terceiro lugar.
Quando entrou em campo para
enfrentar o São Caetano, o time
do Morumbi estava embalado
por cinco vitórias seguidas. Agora
tenta se recuperar da derrota sofrida para o Figueirense, por 1 a 0,
quando o ataque foi mal e acabou
criticado pelo técnico Emerson
Leão e pelo goleiro Rogério.
"O justo seria não jogarmos no
final de semana, como o São Caetano não atuou. Fomos prejudicados nessa história", disse Leão.
Sem jogar há uma semana e
com os jogadores longe dos treinos por quatro dias, o São Caetano perdeu ritmo. "Nós vivenciamos mais o problema, mas acho
que o lado psicológico vai estar
equilibrado", afirma Péricles
Chamusca, o treinador do clube
do Grande ABC.
Os dois times perderam contato
com o líder Santos. Na noite em
que Serginho morreu, São Caetano e São Paulo tinham só três
pontos de desvantagem para o
clube do litoral. Agora, a diferença
subiu para sete pontos.
A morte de Serginho é um trauma também para os dois lados.
Segundo o ala são-paulino Cicinho, alguns atletas do time pediram a ajuda de psicólogos para
tentar superar o trágico episódio.
"Conversei muito com amigos
psicólogos. Contei tudo o que vi e
senti naquela noite. Não esqueci o
que aconteceu, mas o desabafo
me deixou mais leve", disse Cicinho. Seus colegas também não
conseguiram esquecer os momentos em que Serginho agonizava no gramado. "Sempre que
um jogador entrar no Morumbi
vai lembrar dessa tragédia", afirmou o atacante Grafite, que chegou a tropeçar no zagueiro logo
após ele ter desabado no chão.
Leão quer evitar que seus comandados tenham medo de sofrer um problema semelhante ao
de Serginho. "Mostrei a eles que
temos um grupo saudável, todos
estão aptos a fazer tudo o que o futebol exige", disse o treinador.
Porém o próprio técnico demonstra preocupação em relação
a possibilidade de um caso parecido. "Esse episódio mostrou que
não estamos preparados para essa
situação. Aconteceram muitos erros, espero que agora possamos
aprender com eles."
No São Caetano, os jogadores
treinaram ontem pela primeira
vez com a presença de jornalistas
e torcedores depois da morte do
zagueiro no Morumbi.
A prática teve as tradicionais
brincadeiras, mas na hora de falar
a emoção aparece. "Ele era mais
do que um parceiro de zaga. Era
como um irmão para mim", disse
Dininho, um dos mais abalados
com a morte do companheiro.
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