São Paulo, quarta-feira, 03 de novembro de 2004

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Abalados, rivais terminam jogo que fez embalo sumir

Uma semana após morte de Serginho, São Paulo e São Caetano voltam a campo por 31 minutos em situação bem distinta da que tinham há 7 dias

PAULO COBOS
RICARDO PERRONE

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma semana depois da morte de Serginho, São Paulo e São Caetano se reencontram no Morumbi para continuar a partida que começou com dois times que pensavam no título do Brasileiro, e que agora jogam sob tensão e com uma situação bem menos animadora na classificação.
Os 31 minutos que faltam para o término do jogo, interrompido após o zagueiro do São Caetano sofrer uma parada cardiorrespiratória, serão disputados a partir das 20h30, com portões abertos e 0 a 0 no placar.
Além da tragédia ocorrida com Serginho, os resultados da última rodada também influenciaram na mudança de ânimo dos atletas.
Na semana passada, o São Paulo era o terceiro colocado do Nacional, seguido pelo clube do ABC. No último sábado, o Palmeiras fez cada um perder uma posição ao bater o Grêmio, de virada, e assumir o terceiro lugar.
Quando entrou em campo para enfrentar o São Caetano, o time do Morumbi estava embalado por cinco vitórias seguidas. Agora tenta se recuperar da derrota sofrida para o Figueirense, por 1 a 0, quando o ataque foi mal e acabou criticado pelo técnico Emerson Leão e pelo goleiro Rogério.
"O justo seria não jogarmos no final de semana, como o São Caetano não atuou. Fomos prejudicados nessa história", disse Leão.
Sem jogar há uma semana e com os jogadores longe dos treinos por quatro dias, o São Caetano perdeu ritmo. "Nós vivenciamos mais o problema, mas acho que o lado psicológico vai estar equilibrado", afirma Péricles Chamusca, o treinador do clube do Grande ABC.
Os dois times perderam contato com o líder Santos. Na noite em que Serginho morreu, São Caetano e São Paulo tinham só três pontos de desvantagem para o clube do litoral. Agora, a diferença subiu para sete pontos.
A morte de Serginho é um trauma também para os dois lados. Segundo o ala são-paulino Cicinho, alguns atletas do time pediram a ajuda de psicólogos para tentar superar o trágico episódio.
"Conversei muito com amigos psicólogos. Contei tudo o que vi e senti naquela noite. Não esqueci o que aconteceu, mas o desabafo me deixou mais leve", disse Cicinho. Seus colegas também não conseguiram esquecer os momentos em que Serginho agonizava no gramado. "Sempre que um jogador entrar no Morumbi vai lembrar dessa tragédia", afirmou o atacante Grafite, que chegou a tropeçar no zagueiro logo após ele ter desabado no chão.
Leão quer evitar que seus comandados tenham medo de sofrer um problema semelhante ao de Serginho. "Mostrei a eles que temos um grupo saudável, todos estão aptos a fazer tudo o que o futebol exige", disse o treinador.
Porém o próprio técnico demonstra preocupação em relação a possibilidade de um caso parecido. "Esse episódio mostrou que não estamos preparados para essa situação. Aconteceram muitos erros, espero que agora possamos aprender com eles."
No São Caetano, os jogadores treinaram ontem pela primeira vez com a presença de jornalistas e torcedores depois da morte do zagueiro no Morumbi.
A prática teve as tradicionais brincadeiras, mas na hora de falar a emoção aparece. "Ele era mais do que um parceiro de zaga. Era como um irmão para mim", disse Dininho, um dos mais abalados com a morte do companheiro.


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