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De "muso" a "véio", Giovane ressurge para a seleção
Jefferson Coppola/Folha Imagem
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O ponta Giovane, peça-chave na conquista da Copa do Mundo, posa com a taça da competição |
Eleito o melhor atacante da Copa, atleta de 33 anos se firma como peça-chave de Bernardinho
LUÍS FERRARI
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Em 1989, Giovane Gavio sentiu
pela primeira vez o gosto de ser o
melhor. Aos 19 anos, foi o mais
eficiente bloqueador da Copa do
Mundo. Estava sozinho no pódio.
O Brasil amargara o quinto lugar.
No domingo, a cena se repetiu.
Novamente no Japão, o ponta,
hoje com 33 anos, ganhou o título
de melhor atacante da Copa.
Mas agora, antes de receber seu
prêmio, conquistou com a seleção
o inédito troféu do torneio.
"Quando eu comecei, meu sonho era ir para a seleção. Depois,
quis ser o melhor do mundo.
Consegui em 1993 [na Liga Mundial], mas não acrescentou muito
à minha vida", disse ele, que, como Escadinha, dividiu os US$ 50
mil da premiação com a equipe.
"O prêmio individual é muito
ingrato em um esporte coletivo.
Não dá para você ser bom sozinho em um time", completou ele,
que chegou ontem a São Paulo
com os jogadores que atuam no
país e a comissão técnica.
Peça-chave na conquista da Copa, Giovane consolidou sua posição na seleção de Bernardinho.
De reserva "talismã", que fez o
ponto do título mundial de 2002,
desbancou Giba, tornou-se titular
e provou que ainda pode jogar
bem em nível internacional.
"Eu estou bem fisicamente, treinando muito e, principalmente,
tenho alegria para jogar", disse
ele, que no domingo fez questão
de dar a Bernardinho sua primeira medalha como técnico -só os
atletas costumam ser premiados.
O jovem bonitão que subiu ao
pódio em Barcelona-92 também
viu sua condição de "muso" da
seleção de ouro se transformar.
No atual grupo, ele é o "véio".
Não por ser o mais velho -Maurício tem 35 anos-, mas por sua
influência entre os jogadores.
"Ele sempre dá uma de filósofo,
fala coisas que ninguém espera.
Escutamos, mas, depois, tiramos
sarro dele", contou Ricardinho.
No Mundial, Giovane deu uma
de poeta e escreveu o "Diamante
de 12 faces", em alusão à coesão
do grupo. Naquele torneio e na
Copa-03, foi o guardião da mandala -os jogadores fazem um
desenho que representa o caminho que seguirão até o título e
pregam no vestiário a cada jogo.
Espírita, ele também compartilha suas aflições com o grupo.
"Tive um sonho ruim antes da
partida com o Japão [último da
Copa]. Contei para eles. Ajudou a
tirar a "zica'", disse o atacante.
Giovane já assistira a seus pesadelos virarem realidade na equipe
em que obteve sua maior glória.
Após o ouro olímpico, viu o time, aos poucos, se desmantelar
por rachas internos e ficar em
quinto em Atlanta-96. No mesmo
ano, foi para a areia com Tande,
mas não conseguiu seu principal
objetivo: a vaga em Sydney-2000.
Resgatado pelo técnico Radamés Lattari e longe da melhor forma, fracassou novamente: ficou
em sexto nos Jogos australianos.
O jogador voltou à seleção em
2001 ainda marcado pela má
atuação em Sydney: foi direto para o banco e viu Giba se firmar.
"Não me importava. Se eu entrasse para fazer só um pontinho
e ajudar, estava bom."
Na final do Mundial-2002, seu
ponto foi fundamental. Entrou
para sacar no tie-break e anotou o
ace da vitória sobre a Rússia.
Na Copa, começou como titular
após Giba sentir dores no pescoço. Não saiu mais. "A mudança
mostra como o grupo é maduro.
Contra Sérvia e Montenegro, meu
passe estava ruim. O Giba me
orientou a mudar a posição dos
braços. Fui o melhor em quadra."
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