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FIM
No ano de escândalos, Corinthians cai
EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
ENVIADOS ESPECIAIS A PORTO ALEGRE
A agonia terminou. Mas, para
a infelicidade de mais de 20 milhões de pessoas, virou desespero, tristeza, decepção. Dor.
O Corinthians caiu. Pela primeira vez, em seus 97 anos de
existência, o segundo clube
mais popular do país vai ser
obrigado a freqüentar a Série B
do Campeonato Brasileiro.
O dia mais catastrófico da
história do clube alvinegro foi
construído com um empate por
1 a 1 diante do Grêmio, no Olímpico, em Porto Alegre, e com a
vitória do Goiás de virada por 2
a 1 sobre o Internacional, no
Serra Dourada, em Goiânia.
O Corinthians iniciou a rodada dependendo apenas de suas
forças para se manter na elite.
Mas não conseguiu superar o
Grêmio e ficou à mercê de ajuda do Inter para não cair.
O mesmo clube gaúcho que,
desde 2005, reclama de ter sido
"roubado" no Brasileiro de
2005, quando o Corinthians
conquistou seu título mais recente, o único da malfadada
parceria com a MSI.
Ao apito final do árbitro Alício Pena Júnior, os jogadores
corintianos desabaram em
campo. Quem se manteve em
pé, parecia não acreditar no
que acabara de ocorrer.
E quem caiu em si também
iniciou um choro compulsivo,
incessante, como o zagueiro e
capitão, Betão, o companheiro
de defesa Zelão e o meia Aílton.
"Não há o que falar. Não tem
o que dizer agora. Tem que esfriar a cabeça um pouco", suplicava um atormentado goleiro
Felipe, ídolo corintiano forjado
em meio a desempenhos irregulares dentro de campo e problemas intermináveis fora dele.
Este foi capítulo derradeiro
de um drama que se estendeu
por toda a temporada. Ao longo
do Brasileiro, o Corinthians teve três presidentes, três técnicos, incontáveis polêmicas.
"O Corinthians não caiu hoje
[ontem] caiu há muito tempo",
disse o agora veterano Vampeta, 33, ídolo corintiano dos tempos em que as glórias se avolumavam, recheadas de títulos.
A crise corintiana, que agora
causou as feridas mais profundas dentro de campo, começou
nos bastidores da parceria com
a MSI, que, ao contrário do desfecho vexatório no Brasileiro
deste ano, prometia títulos por
dez anos, com esquadrões de
craques internacionais.
Alberto Dualib, "o mais vitorioso presidente da história corintiana", como gostava de se
intitular, saiu enxotado do clube do Parque São Jorge após 14
anos no comando do clube.
Renunciou, pressionado por
processos judiciais, investigações policiais e acusado na Justiça Federal, junto com a cúpula que comandava a parceira
MSI, de lavagem de dinheiro e
formação de quadrilha.
A atual diretoria deixou o
Olímpico ontem reclamando
de uma "herança maldita". Deixou de lado seu envolvimento,
em vários momentos, com as
decisões do clube nos anos em
que Dualib esteve no poder.
Falando também em "volta
por cima" com o retorno à elite
imediatamente no primeiro
ano da antes temida e agora
inevitável passagem para o calvário da segunda divisão.
"O Corinthians vai ter muitas
alegrias no ano que vem e também em 2009", prometeu o
presidente Andrés Sanches, ex-integrante do estafe de Dualib e
apoiador da parceria, a uma semana de completar dois meses
de mandato à frente do clube e
após entrar para a história corintiana pela porta dos fundos.
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