São Paulo, segunda-feira, 03 de dezembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FIM

No ano de escândalos, Corinthians cai

EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
ENVIADOS ESPECIAIS A PORTO ALEGRE

A agonia terminou. Mas, para a infelicidade de mais de 20 milhões de pessoas, virou desespero, tristeza, decepção. Dor.
O Corinthians caiu. Pela primeira vez, em seus 97 anos de existência, o segundo clube mais popular do país vai ser obrigado a freqüentar a Série B do Campeonato Brasileiro.
O dia mais catastrófico da história do clube alvinegro foi construído com um empate por 1 a 1 diante do Grêmio, no Olímpico, em Porto Alegre, e com a vitória do Goiás de virada por 2 a 1 sobre o Internacional, no Serra Dourada, em Goiânia.
O Corinthians iniciou a rodada dependendo apenas de suas forças para se manter na elite. Mas não conseguiu superar o Grêmio e ficou à mercê de ajuda do Inter para não cair.
O mesmo clube gaúcho que, desde 2005, reclama de ter sido "roubado" no Brasileiro de 2005, quando o Corinthians conquistou seu título mais recente, o único da malfadada parceria com a MSI.
Ao apito final do árbitro Alício Pena Júnior, os jogadores corintianos desabaram em campo. Quem se manteve em pé, parecia não acreditar no que acabara de ocorrer.
E quem caiu em si também iniciou um choro compulsivo, incessante, como o zagueiro e capitão, Betão, o companheiro de defesa Zelão e o meia Aílton.
"Não há o que falar. Não tem o que dizer agora. Tem que esfriar a cabeça um pouco", suplicava um atormentado goleiro Felipe, ídolo corintiano forjado em meio a desempenhos irregulares dentro de campo e problemas intermináveis fora dele.
Este foi capítulo derradeiro de um drama que se estendeu por toda a temporada. Ao longo do Brasileiro, o Corinthians teve três presidentes, três técnicos, incontáveis polêmicas.
"O Corinthians não caiu hoje [ontem] caiu há muito tempo", disse o agora veterano Vampeta, 33, ídolo corintiano dos tempos em que as glórias se avolumavam, recheadas de títulos.
A crise corintiana, que agora causou as feridas mais profundas dentro de campo, começou nos bastidores da parceria com a MSI, que, ao contrário do desfecho vexatório no Brasileiro deste ano, prometia títulos por dez anos, com esquadrões de craques internacionais.
Alberto Dualib, "o mais vitorioso presidente da história corintiana", como gostava de se intitular, saiu enxotado do clube do Parque São Jorge após 14 anos no comando do clube.
Renunciou, pressionado por processos judiciais, investigações policiais e acusado na Justiça Federal, junto com a cúpula que comandava a parceira MSI, de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
A atual diretoria deixou o Olímpico ontem reclamando de uma "herança maldita". Deixou de lado seu envolvimento, em vários momentos, com as decisões do clube nos anos em que Dualib esteve no poder.
Falando também em "volta por cima" com o retorno à elite imediatamente no primeiro ano da antes temida e agora inevitável passagem para o calvário da segunda divisão.
"O Corinthians vai ter muitas alegrias no ano que vem e também em 2009", prometeu o presidente Andrés Sanches, ex-integrante do estafe de Dualib e apoiador da parceria, a uma semana de completar dois meses de mandato à frente do clube e após entrar para a história corintiana pela porta dos fundos.


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Agonia em dobro marca a queda do Corinthians
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.