São Paulo, quinta-feira, 03 de dezembro de 2009

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Fifa usa ranking velho ao definir cabeças de chave

Entidade prejudica França e põe Inglaterra no topo de grupo da Copa de 2010

Se adotada versão mais recente da lista, franceses tomariam lugar de ingleses; Brasil é confirmado como um dos oito líderes de chave

PAULO COBOS
RODRIGO BUENO
ENVIADOS ESPECIAIS À CIDADE DO CABO

A Inglaterra foi a grande beneficiada, e a França, a maior prejudicada, na definição dos cabeças de chave da Copa de 2010 -a Fifa só levou em conta as posições dos países em seu polêmico ranking, e em um único e atrasado momento.
A entidade que controla o futebol manteve sua ideia original, bombardeada por muitas federações, e usou a lista, que chama de Ranking Coca-Cola (a marca de refrigerantes é patrocinadora), para indicar Espanha, Brasil, Holanda, Itália, Alemanha, Argentina, Inglaterra e a anfitriã África do Sul para os topos das oito chaves.
Além da França, campeã mundial em 98 e vice em 2006, Portugal também pode reclamar. Do outro lado, celebrarão Inglaterra e Holanda, sem títulos de relevância nos últimos anos, mas principais colonizadores sul-africanos e que estão entre os países que mais turistas mandarão ao torneio (os cabeças de chave fazem mais jogos nas grandes arenas).
A Fifa negou de forma enfática que a França ficou de fora em represália ao gol que classificou o país na repescagem, marcado após indecente ajeitada de bola com a mão de Henry.
"Não houve represália alguma. Essa era a melhor posição. Não há conflitos geográficos", argumentou Jérôme Valcke, o cartola escalado pela Fifa para anunciar os cabeças de chave para o Mundial de 2010.
A "melhor posição" é assunto polêmico. Primeiro, foi levado em conta o ranking de outubro, quando os ingleses estavam à frente dos franceses. Se o que valesse fosse a lista atual, Portugal e França seriam cabeças de chave, e Inglaterra e Argentina ficariam de fora. Segundo Valcke, isso ocorreu para que os países que jogaram a repescagem no mês passado, como França e Portugal, não fossem beneficiados, pois tiveram mais chances de somar pontos.
Para a Fifa, o uso do ranking é o que melhor reflete o que ocorreu desde a Copa de 2006, quando, segundo ela, fizeram história "os jogadores que vão estar na África em 2010".
Mas, se levado em conta a posição média no ranking (mensal), desde o último Mundial, novamente os franceses ficariam à frente dos ingleses. De julho de 2006 até agora, a França teve posição média de 7,1º colocado, e a Inglaterra de 8,8º.
O ranking da Fifa, reformado em 2006, também segue tendo resultados inusitados. No final de 2008, a modesta seleção de Israel, que só disputou uma Copa, em 70, ficou na 15ª posição, na frente de países expressivos.
Além de definir os cabeças de chave, a Fifa anunciou a divisão das outras 24 seleções em três blocos. Um deles terá só os europeus que não encabeçam as chaves. Outro, terá as seleções sul-americanas e africanas que também não são cabeças de chave, e por fim a turma dos classificados da Ásia, Oceania e Américas Centrais e do Norte.
Cada bloco vai distribuir seus oito times pelas oito chaves, sendo vetada, com exceção da Europa, a presença de times do mesmo continente na mesma chave. Um dos piores cenários para o Brasil seria, por exemplo, ter França, Costa do Marfim e México como rivais.



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