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Fifa usa ranking velho ao definir cabeças de chave
Entidade prejudica França e põe Inglaterra no topo de grupo da Copa de 2010
Se adotada versão mais recente da lista, franceses tomariam lugar de ingleses; Brasil é confirmado como um dos oito líderes de chave
PAULO COBOS
RODRIGO BUENO
ENVIADOS ESPECIAIS À CIDADE DO CABO
A Inglaterra foi a grande beneficiada, e a França, a maior
prejudicada, na definição dos
cabeças de chave da Copa de
2010 -a Fifa só levou em conta
as posições dos países em seu
polêmico ranking, e em um
único e atrasado momento.
A entidade que controla o futebol manteve sua ideia original, bombardeada por muitas
federações, e usou a lista, que
chama de Ranking Coca-Cola
(a marca de refrigerantes é patrocinadora), para indicar Espanha, Brasil, Holanda, Itália,
Alemanha, Argentina, Inglaterra e a anfitriã África do Sul para
os topos das oito chaves.
Além da França, campeã
mundial em 98 e vice em 2006,
Portugal também pode reclamar. Do outro lado, celebrarão
Inglaterra e Holanda, sem títulos de relevância nos últimos
anos, mas principais colonizadores sul-africanos e que estão
entre os países que mais turistas mandarão ao torneio (os cabeças de chave fazem mais jogos nas grandes arenas).
A Fifa negou de forma enfática que a França ficou de fora
em represália ao gol que classificou o país na repescagem,
marcado após indecente ajeitada de bola com a mão de Henry.
"Não houve represália alguma. Essa era a melhor posição.
Não há conflitos geográficos",
argumentou Jérôme Valcke, o
cartola escalado pela Fifa para
anunciar os cabeças de chave
para o Mundial de 2010.
A "melhor posição" é assunto
polêmico. Primeiro, foi levado
em conta o ranking de outubro,
quando os ingleses estavam à
frente dos franceses. Se o que
valesse fosse a lista atual, Portugal e França seriam cabeças
de chave, e Inglaterra e Argentina ficariam de fora. Segundo
Valcke, isso ocorreu para que
os países que jogaram a repescagem no mês passado, como
França e Portugal, não fossem
beneficiados, pois tiveram mais
chances de somar pontos.
Para a Fifa, o uso do ranking é
o que melhor reflete o que
ocorreu desde a Copa de 2006,
quando, segundo ela, fizeram
história "os jogadores que vão
estar na África em 2010".
Mas, se levado em conta a posição média no ranking (mensal), desde o último Mundial,
novamente os franceses ficariam à frente dos ingleses. De
julho de 2006 até agora, a França teve posição média de 7,1º
colocado, e a Inglaterra de 8,8º.
O ranking da Fifa, reformado
em 2006, também segue tendo
resultados inusitados. No final
de 2008, a modesta seleção de
Israel, que só disputou uma Copa, em 70, ficou na 15ª posição,
na frente de países expressivos.
Além de definir os cabeças de
chave, a Fifa anunciou a divisão
das outras 24 seleções em três
blocos. Um deles terá só os europeus que não encabeçam as
chaves. Outro, terá as seleções
sul-americanas e africanas que
também não são cabeças de
chave, e por fim a turma dos
classificados da Ásia, Oceania e
Américas Centrais e do Norte.
Cada bloco vai distribuir seus
oito times pelas oito chaves,
sendo vetada, com exceção da
Europa, a presença de times do
mesmo continente na mesma
chave. Um dos piores cenários
para o Brasil seria, por exemplo, ter França, Costa do Marfim e México como rivais.
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