São Paulo, quinta, 3 de dezembro de 1998

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AÇÃO
O devido valor

CARLOS SARLI

As principais etapas do Mundial de surfe oferecem, cada uma, US$ 25 mil para o vencedor, a maior premiação do esporte entre os torneios regulares.
Eventos especiais, como o Eddie Aikau ou o concurso recentemente promovido pela marca K2, para uma minoria disposta a enfrentar ondas gigantes, vão mais longe, chegando a US$ 50 mil para o valente vencedor.
Uma ninharia se compararmos com os prêmios de outros esportes individuais, como tênis, golfe -no qual o maior risco para os atletas é uma indisposição passageira- ou boxe.
Há muito, o surfe deixou de ser novidade e já foge à memória sua profissionalização.
No entanto os valores oferecidos aos atletas estão muito aquém da exploração de suas imagens pelos patrocinadores e pelas mídias.
Se levarmos em conta que um surfista com mais de 30 anos já é considerado veterano, para não dizer velho, a situação fica ainda mais dramática.
Alguns poderão argumentar que vem havendo evolução ou mesmo que essa não é uma situação particular do surfe, que no alpinismo -mais perigoso e antigo-, no skate ou no pára-quedismo a situação é a mesma.
De fato, diria que é ainda pior e, embora reconheça a evolução, ela é por demais lenta e desproporcional. Tomemos como exemplo o snowboarding, irmão mais novo do surfe, cujo avô, o esqui na neve, serviu como base. Hoje, com cerca de 15 anos de existência, o surfe na neve já oferece melhores prêmios e remunerações do que o na água.
Fator determinante nesse contexto, a televisão vem cada vez mais abrindo espaço para o surfe. A recente transmissão ao vivo das finais do Mundial no Brasil foi um marco.
Agora cabem aos organizadores e vendedores adequar o produto para o melhor formato televisivo e, sobretudo, valorizar o que têm em mãos. Aí sim os profissionais do esporte poderão ter o devido reconhecimento.

NOTAS

Longboarding
O norte-americano Joel Tudor, 22, acabou com a hegemonia havaiana de cinco anos e ficou com o título mundial. Em segundo, ficou o australiano Bean Young, 24, filho de Nat, quatro vezes campeão mundial. Picuruta foi o melhor brasileiro (9º) nas Ilhas Canárias.

Missão impossível
O prêmio seria o maior da história do surfe, US$ 1 milhão. Para conquistá-lo, o surfista teria que vencer as três etapas da Tríplice Coroa Havaiana. Como o vencedor da primeira prova, Kaipo Jaquias, perdeu de cara na segunda, a Vans, marca que oferece o prêmio, segue mais capitalizada.

XPression Session
A Gotcha promove em janeiro, em Fernando de Noronha, disputa que premiará o surfista que executar a melhor manobra. Serão 16 atletas, sendo 10 convidados, 4 estrangeiros da equipe e 2 selecionados, neste fim-de-semana, no Ceará.



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