|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
MATINAS SUZUKI JR.
Fraqueza à frente
O Corinthians precisa vencer
pelo menos um dos jogos contra o Santos. Portanto, deve ir
ao ataque. No ataque está o
ponto fraco corintiano.
Em parte, porque Marcelinho
não vem jogando bem. Essa situação depende apenas dele
para ser revertida.
Mas, em grande parte também, a atual crise dos definidores alvinegros vem de uma política mantida pelo técnico
Wanderley Luxemburgo ao
longo de toda a temporada.
Agora, o Corinthians paga caro
por ela.
WL insistiu, enquanto pôde,
em manter Mirandinha como o
finalizador do alvinegro. Ele tinha suas razões: Mirandinha
era complemento veloz para
um time que, com Edilson e
Marcelinho, poderia ser um
raio a semear tempestades nas
trincheiras adversárias.
Além disso, Mirandinha, com
a sua bizarra barbicha, tem as
garras afiadas de um tigre lutador e funcionaria como espírito emulador para a equipe.
Por suas limitações técnicas,
entre outras razões, Mirandinha acabou não resolvendo o
problema do posto mais avançado do Corinthians.
Passou a ter não só os adversários na marcação, mas também a torcida à beira do alambrado e do ataque de nervos.
Mais erro de Mirandinha,
mais críticas às suas apresentações, mais insegurança do jogador gerando mais erros na
sequência das jogadas mais
simples. A bola, obsessão de todo jogador, passou a ser uma
aterrorizante bola de neve a
empurrar tudo para baixo.
Aí entra o erro (involuntário,
é certo) de WL. Ele procurou
manter Mirandinha como titular na esperança de que, com o
seu apoio de técnico experiente, conseguir uma melhor produtividade do atacante.
Nada feito.
O erro da manutenção de Mirandinha mesmo com baixo
rendimento teve consequências
para as outras opções de ataque que o time dispõe.
Didi, um jogador jovem e tímido, na indefinição do processo de entra e sai, não conseguiu a segurança psicológica
necessária para se impor como
o artilheiro que a equipe corintiana necessita.
Dinei, o mais experimentado
e melhor jogador dos três, teve
uma sequência irregular de
aproveitamento, fato que o impediu de adquirir ritmo de jogo
e entrosamento com o resto da
equipe.
Artilheiros têm um biorritmo
diferente. Às vezes, um deles
entra no final do jogo e, em
apenas três minutos, se consagra e conquista a posição.
Outras vezes, um bom artilheiro passa uma grande temporada sem marcar -mas,
mesmo assim, não perde o seu
prestígio dentro da área (artilheiro precisa ser temido pelos
zagueiros).
Contudo, na maioria dos casos, um artilheiro vai se fazendo na regularidade dos jogos:
sem ser necessariamente o melhor jogador do time, para dar
certo ele precisa de boa colocação, bom entrosamento, senso
de oportunismo e muita segurança para finalizar. Não pode
se precipitar e nem ver o gol diminuir à sua frente, coisas frequentes em atacantes inseguros, como os atuais corintianos.
Enquanto Fábio Junior, Viola e Leandro são atacantes que
acrescentam aos times de Cruzeiro, Santos e Lusa, os atacantes corintianos, até agora, são
presenças ausentes que têm no
Pacaembu, no domingo, um
bom palco para se redimirem.
²
Matinas Suzuki Jr., diretor editorial-adjunto da Abril S/A, escreve às quintas
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|