São Paulo, quinta, 3 de dezembro de 1998

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MATINAS SUZUKI JR.
Fraqueza à frente

O Corinthians precisa vencer pelo menos um dos jogos contra o Santos. Portanto, deve ir ao ataque. No ataque está o ponto fraco corintiano.
Em parte, porque Marcelinho não vem jogando bem. Essa situação depende apenas dele para ser revertida.
Mas, em grande parte também, a atual crise dos definidores alvinegros vem de uma política mantida pelo técnico Wanderley Luxemburgo ao longo de toda a temporada. Agora, o Corinthians paga caro por ela.
WL insistiu, enquanto pôde, em manter Mirandinha como o finalizador do alvinegro. Ele tinha suas razões: Mirandinha era complemento veloz para um time que, com Edilson e Marcelinho, poderia ser um raio a semear tempestades nas trincheiras adversárias.
Além disso, Mirandinha, com a sua bizarra barbicha, tem as garras afiadas de um tigre lutador e funcionaria como espírito emulador para a equipe.
Por suas limitações técnicas, entre outras razões, Mirandinha acabou não resolvendo o problema do posto mais avançado do Corinthians.
Passou a ter não só os adversários na marcação, mas também a torcida à beira do alambrado e do ataque de nervos.
Mais erro de Mirandinha, mais críticas às suas apresentações, mais insegurança do jogador gerando mais erros na sequência das jogadas mais simples. A bola, obsessão de todo jogador, passou a ser uma aterrorizante bola de neve a empurrar tudo para baixo.
Aí entra o erro (involuntário, é certo) de WL. Ele procurou manter Mirandinha como titular na esperança de que, com o seu apoio de técnico experiente, conseguir uma melhor produtividade do atacante.
Nada feito.
O erro da manutenção de Mirandinha mesmo com baixo rendimento teve consequências para as outras opções de ataque que o time dispõe.
Didi, um jogador jovem e tímido, na indefinição do processo de entra e sai, não conseguiu a segurança psicológica necessária para se impor como o artilheiro que a equipe corintiana necessita.
Dinei, o mais experimentado e melhor jogador dos três, teve uma sequência irregular de aproveitamento, fato que o impediu de adquirir ritmo de jogo e entrosamento com o resto da equipe.
Artilheiros têm um biorritmo diferente. Às vezes, um deles entra no final do jogo e, em apenas três minutos, se consagra e conquista a posição.
Outras vezes, um bom artilheiro passa uma grande temporada sem marcar -mas, mesmo assim, não perde o seu prestígio dentro da área (artilheiro precisa ser temido pelos zagueiros).
Contudo, na maioria dos casos, um artilheiro vai se fazendo na regularidade dos jogos: sem ser necessariamente o melhor jogador do time, para dar certo ele precisa de boa colocação, bom entrosamento, senso de oportunismo e muita segurança para finalizar. Não pode se precipitar e nem ver o gol diminuir à sua frente, coisas frequentes em atacantes inseguros, como os atuais corintianos.
Enquanto Fábio Junior, Viola e Leandro são atacantes que acrescentam aos times de Cruzeiro, Santos e Lusa, os atacantes corintianos, até agora, são presenças ausentes que têm no Pacaembu, no domingo, um bom palco para se redimirem.
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Matinas Suzuki Jr., diretor editorial-adjunto da Abril S/A, escreve às quintas



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