São Paulo, quinta-feira, 04 de março de 2004

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Renê Simões aceita Milene e cargo

DA SUCURSAL DO RIO

Depois de levar a Jamaica para a Copa do Mundo de 1998, na França, Renê Simões foi anunciado ontem como técnico da seleção feminina nos Jogos de Atenas.
Sem conhecer as jogadoras, o técnico foi obrigado a convocar a meia-atacante Milene Domingues, ex-mulher de Ronaldo, pivô da saída de Paulo Gonçalves, seu antecessor no cargo.
"Não sei nada sobre ela [Milene Domingues]. A lista das convocadas não foi feita por mim. Se a convocação da Milene é jogada de marketing, saberei daqui a dois meses", disse Simões, que atribuiu a convocação da atleta a Paulo Dutra, supervisor da seleção.
"Como não conheço nada, deixei o Paulo escolher. Se ela vai permanecer no grupo, isto pode ser ou não", acrescentou Simões. Dutra trabalhava na comissão técnica da seleção na disputa do Mundial realizado nos EUA, no ano passado, quando o Brasil foi bem na primeira fase, mas não foi páreo para as suecas no primeiro mata-mata da competição.
Milene foi convocada para a disputa do Mundial por pressão da direção da CBF. Sem condição física e tecnicamente mais fraca em relação a outras jogadoras, a ex-mulher de Ronaldo não estava nos planos de Paulo Gonçalves.
O treinador, que fez várias críticas contra a atleta durante a preparação para a disputa do torneio, levou Milene ao Mundial americano, mas não colocou em campo em nenhuma partida.
Apesar de ter rejuvenescido o grupo (revelou nomes como a meia Marta) e ter um bom retrospecto na seleção -21 jogos e apenas uma derrota-, Gonçalves não conseguiu se manter no cargo para a Olimpíada na Grécia.
Depois das críticas de Milene, que contestou os métodos de trabalho do treinador antes do início da competição, várias jogadoras também se desentenderam com Gonçalves, que deixou a CBF depois do Mundial.
"As informações que tive da Milene foram ótimas. O Paulo [Dutra, supervisor] me disse que ela tem uma liderança forte no grupo e é adorada pelas atletas", disse Simões, que fez questão de contratar uma psicóloga para trabalhar com a seleção até Atenas.
"Trabalhar com mulher é diferente. Elas são mais detalhistas, mas não tem problema. Tenho três filhas, e ninguém melhor do que eu para entender uma mulher", declarou Simões, que trabalhou nos anos 80 nos EUA com times femininos e também coordenou a seleção feminina da Jamaica durante a sua passagem pelo país nos anos 90.
Para comandar a seleção em Atenas, o treinador, que também já trabalhou no Oriente Médio, não vai receber salários da CBF. "Vou ter direito apenas a uma ajuda de custo, mas o projeto me fascina. Quero transformar o sonho das jogadoras em ouro", disse Simões, que batizou o seu trabalho na seleção feminina de "Projeto Alquimia Olímpica Atenas 2004".
O início da preparação da equipe será na segunda-feira, em Teresópolis, região serrana do Rio. Milene, que atua no Rayo Vallecano, da Espanha, só se apresentará na quarta-feira. (SR)


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