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Renê Simões aceita Milene e cargo
DA SUCURSAL DO RIO
Depois de levar a Jamaica para a
Copa do Mundo de 1998, na França, Renê Simões foi anunciado
ontem como técnico da seleção
feminina nos Jogos de Atenas.
Sem conhecer as jogadoras, o
técnico foi obrigado a convocar a
meia-atacante Milene Domingues, ex-mulher de Ronaldo, pivô
da saída de Paulo Gonçalves, seu
antecessor no cargo.
"Não sei nada sobre ela [Milene
Domingues]. A lista das convocadas não foi feita por mim. Se a
convocação da Milene é jogada de
marketing, saberei daqui a dois
meses", disse Simões, que atribuiu a convocação da atleta a Paulo Dutra, supervisor da seleção.
"Como não conheço nada, deixei o Paulo escolher. Se ela vai
permanecer no grupo, isto pode
ser ou não", acrescentou Simões.
Dutra trabalhava na comissão
técnica da seleção na disputa do
Mundial realizado nos EUA, no
ano passado, quando o Brasil foi
bem na primeira fase, mas não foi
páreo para as suecas no primeiro
mata-mata da competição.
Milene foi convocada para a disputa do Mundial por pressão da
direção da CBF. Sem condição física e tecnicamente mais fraca em
relação a outras jogadoras, a ex-mulher de Ronaldo não estava
nos planos de Paulo Gonçalves.
O treinador, que fez várias críticas contra a atleta durante a preparação para a disputa do torneio,
levou Milene ao Mundial americano, mas não colocou em campo
em nenhuma partida.
Apesar de ter rejuvenescido o
grupo (revelou nomes como a
meia Marta) e ter um bom retrospecto na seleção -21 jogos e apenas uma derrota-, Gonçalves
não conseguiu se manter no cargo
para a Olimpíada na Grécia.
Depois das críticas de Milene,
que contestou os métodos de trabalho do treinador antes do início
da competição, várias jogadoras
também se desentenderam com
Gonçalves, que deixou a CBF depois do Mundial.
"As informações que tive da Milene foram ótimas. O Paulo [Dutra, supervisor] me disse que ela
tem uma liderança forte no grupo
e é adorada pelas atletas", disse Simões, que fez questão de contratar uma psicóloga para trabalhar
com a seleção até Atenas.
"Trabalhar com mulher é diferente. Elas são mais detalhistas,
mas não tem problema. Tenho
três filhas, e ninguém melhor do
que eu para entender uma mulher", declarou Simões, que trabalhou nos anos 80 nos EUA com times femininos e também coordenou a seleção feminina da Jamaica durante a sua passagem pelo
país nos anos 90.
Para comandar a seleção em
Atenas, o treinador, que também
já trabalhou no Oriente Médio,
não vai receber salários da CBF.
"Vou ter direito apenas a uma
ajuda de custo, mas o projeto me
fascina. Quero transformar o sonho das jogadoras em ouro", disse Simões, que batizou o seu trabalho na seleção feminina de
"Projeto Alquimia Olímpica Atenas 2004".
O início da preparação da equipe será na segunda-feira, em Teresópolis, região serrana do Rio.
Milene, que atua no Rayo Vallecano, da Espanha, só se apresentará
na quarta-feira.
(SR)
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