|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Esta Copa é para europeus", diz despejada
DE JOHANNESBURGO
Há cinco anos com sua
barraca montada na entrada
do Soccer City, Sophia Tlhagane recebeu no início do
ano a visita de um representante da Prefeitura de Johannesburgo. Tem até o fim
de abril para deixar o ponto.
"Disseram que é por causa
da Fifa. Esta Copa não é para
os africanos, é para os europeus", diz ela, que começou
vendendo pap (purê de milho) com fiapos de carne em
dias de jogos e passou a fornecer refeições para os operários da reforma do estádio.
Em outro ponto da cidade,
perto do estádio de Ellis
Park, os moçambicanos Alexandre Chiziana e Arlindo
Novele serão "realocados"
para Joubert Park, longe do
local da estreia do Brasil.
"O movimento lá não é tão
bom. Se pudesse escolher, ficaria por aqui mesmo", afirma Chiziana, vendedor de
balas, salgadinhos e cigarros.
A falta de organização sindical dos camelôs sul-africanos facilita o trabalho de remoção, mas algumas entidades ensaiam uma resistência.
Gaby Bikombo, da Street
Net, uma ONG que lida com
o setor, promete meses de
maio e junho "quentes".
"As pessoas estão irritadas.
É provável que isso resulte
em muitos protestos nos
próximos meses", afirma.
Na última terça, a ONG
reuniu cerca de 50 camelôs
para discutir a situação. "Pela inclusão dos pobres urbanos na preparação da Copa!
Não à realocação sem discussão!", clamava um cartaz.
"O setor informal está sendo marginalizado. A Copa
deveria ser uma grande
oportunidade para aliviar a
pobreza", diz Bikombo.
(FZ)
Texto Anterior: Nem vuvuzela escapa da pressão de patrocinadores Próximo Texto: País mergulha em choque de adaptação Índice
|