São Paulo, domingo, 04 de abril de 2010

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"Esta Copa é para europeus", diz despejada

DE JOHANNESBURGO

Há cinco anos com sua barraca montada na entrada do Soccer City, Sophia Tlhagane recebeu no início do ano a visita de um representante da Prefeitura de Johannesburgo. Tem até o fim de abril para deixar o ponto.
"Disseram que é por causa da Fifa. Esta Copa não é para os africanos, é para os europeus", diz ela, que começou vendendo pap (purê de milho) com fiapos de carne em dias de jogos e passou a fornecer refeições para os operários da reforma do estádio.
Em outro ponto da cidade, perto do estádio de Ellis Park, os moçambicanos Alexandre Chiziana e Arlindo Novele serão "realocados" para Joubert Park, longe do local da estreia do Brasil.
"O movimento lá não é tão bom. Se pudesse escolher, ficaria por aqui mesmo", afirma Chiziana, vendedor de balas, salgadinhos e cigarros.
A falta de organização sindical dos camelôs sul-africanos facilita o trabalho de remoção, mas algumas entidades ensaiam uma resistência.
Gaby Bikombo, da Street Net, uma ONG que lida com o setor, promete meses de maio e junho "quentes".
"As pessoas estão irritadas. É provável que isso resulte em muitos protestos nos próximos meses", afirma.
Na última terça, a ONG reuniu cerca de 50 camelôs para discutir a situação. "Pela inclusão dos pobres urbanos na preparação da Copa! Não à realocação sem discussão!", clamava um cartaz.
"O setor informal está sendo marginalizado. A Copa deveria ser uma grande oportunidade para aliviar a pobreza", diz Bikombo. (FZ)

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