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Geeks tomam conta da NBA
No topo, nerds compram times e, nos bancos, são cada vez mais influentes no trabalho de técnicos
Diretores de estatísticas
contratam, dispensam, moldam o elenco e têm poder de até apostar em pivô "baixinho" de 1,98 m
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Paul Allen, da Microsoft, é
proprietário de um time. Larry
Elisson, da Oracle, quer comprar um. Daryl Morey, que só
brincou de basquete enquanto
estudava ciências da computação, manda em uma das mais
importantes equipes da liga.
Mais de mil matemáticos e
estatísticos se reuniram em
Boston no mês passado para
discutir a ciência no esporte,
especialmente no basquete.
Dos iniciantes até os mestres,
os geeks, nerds especializados
em tecnologia, hoje tomam
conta da NBA, a bilionária liga
norte-americana de basquete.
Primeiro, como donos dos
"brinquedos". Allen é dono do
Portland Trail Blazers. Elisson
é o principal candidato a pagar
pelos menos US$ 300 milhões
pelo Golden State Warrios,
equipe que está à venda.
O mais polêmico proprietário de um time na NBA, Mark
Cuban, do Dallas Mavericks,
construiu sua fortuna atuando
na indústria da tecnologia.
Mas a invasão dos ases dos
computadores não se restringe
a quem só paga a conta.
Pelo menos metade dos times da NBA, incluindo alguns
dos mais poderosos, como Boston, Cleveland, Denver e Orlando, têm hoje influentes diretores de estatísticas, que palpitam na contratação de jogadores e até nas mudanças de escalação durante os jogos.
Praticamente todos saíram
das ciências exatas, e suas frases já ganharam status de ensinamentos de gurus.
"Uma pessoa pode ver um jogo melhor do que os números,
mas só os números assistem a
todos os jogos", afirma Dean
Oliver, diretor de "análises
quantitativas" do Denver, o time do pivô brasileiro Nenê.
Segundo o próprio site do time do Colorado, Oliver, que é
PhD em engenharia pela Universidade da Carolina do Norte,
influi nas trocas e contratações
de jogadores para o Denver, nas
escolhas dos "drafts" e até nos
"assuntos do treinador".
Muita coisa, mas nada comparado com o poder que Daryl
Morey tem no Houston.
Depois de responder pelas
estatísticas do Boston Celtics,
Morey é o diretor-geral do time
texano desde 2007. Na NBA,
sua função é até mais importante do que a do treinador, já
que é ele quem contrata, dispensa e molda o elenco.
Por tradição, esse cargo é
quase sempre destinado a ex-jogadores ou treinadores cansados da rotina de treinos. Enfim, gente com alguma atuação
na quadra, não no computador.
Morey, que depois de estudar
computação fez um MBA no
célebre MIT (Massachusetts
Institute of Technology), assumiu o Houston e colocou a estatística como ponto essencial na
montagem de seu elenco.
A partir da análise de dados
como a diferença de pontos para o adversário quando determinado jogador está na quadra,
ele fez escolhas bastante polêmicas para seu time, como
apostar em um pivô, posição
em que altura é essencial, de
"só" 1,98 m (Chuck Hayes).
No ano passado, mesmo perdendo por contusão o chinês
Yao Ming, o Houston foi páreo
duro para os Lakers nos playoffs da Conferência Oeste.
Mas, nesta temporada, os números de Morey não deram resultado -seu time tem chances
remotas de passar às finais.
Com agências internacionais
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