São Paulo, domingo, 04 de abril de 2010

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Geeks tomam conta da NBA

No topo, nerds compram times e, nos bancos, são cada vez mais influentes no trabalho de técnicos

Diretores de estatísticas contratam, dispensam, moldam o elenco e têm poder de até apostar em pivô "baixinho" de 1,98 m

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Paul Allen, da Microsoft, é proprietário de um time. Larry Elisson, da Oracle, quer comprar um. Daryl Morey, que só brincou de basquete enquanto estudava ciências da computação, manda em uma das mais importantes equipes da liga.
Mais de mil matemáticos e estatísticos se reuniram em Boston no mês passado para discutir a ciência no esporte, especialmente no basquete.
Dos iniciantes até os mestres, os geeks, nerds especializados em tecnologia, hoje tomam conta da NBA, a bilionária liga norte-americana de basquete.
Primeiro, como donos dos "brinquedos". Allen é dono do Portland Trail Blazers. Elisson é o principal candidato a pagar pelos menos US$ 300 milhões pelo Golden State Warrios, equipe que está à venda.
O mais polêmico proprietário de um time na NBA, Mark Cuban, do Dallas Mavericks, construiu sua fortuna atuando na indústria da tecnologia.
Mas a invasão dos ases dos computadores não se restringe a quem só paga a conta.
Pelo menos metade dos times da NBA, incluindo alguns dos mais poderosos, como Boston, Cleveland, Denver e Orlando, têm hoje influentes diretores de estatísticas, que palpitam na contratação de jogadores e até nas mudanças de escalação durante os jogos.
Praticamente todos saíram das ciências exatas, e suas frases já ganharam status de ensinamentos de gurus.
"Uma pessoa pode ver um jogo melhor do que os números, mas só os números assistem a todos os jogos", afirma Dean Oliver, diretor de "análises quantitativas" do Denver, o time do pivô brasileiro Nenê.
Segundo o próprio site do time do Colorado, Oliver, que é PhD em engenharia pela Universidade da Carolina do Norte, influi nas trocas e contratações de jogadores para o Denver, nas escolhas dos "drafts" e até nos "assuntos do treinador".
Muita coisa, mas nada comparado com o poder que Daryl Morey tem no Houston.
Depois de responder pelas estatísticas do Boston Celtics, Morey é o diretor-geral do time texano desde 2007. Na NBA, sua função é até mais importante do que a do treinador, já que é ele quem contrata, dispensa e molda o elenco.
Por tradição, esse cargo é quase sempre destinado a ex-jogadores ou treinadores cansados da rotina de treinos. Enfim, gente com alguma atuação na quadra, não no computador.
Morey, que depois de estudar computação fez um MBA no célebre MIT (Massachusetts Institute of Technology), assumiu o Houston e colocou a estatística como ponto essencial na montagem de seu elenco.
A partir da análise de dados como a diferença de pontos para o adversário quando determinado jogador está na quadra, ele fez escolhas bastante polêmicas para seu time, como apostar em um pivô, posição em que altura é essencial, de "só" 1,98 m (Chuck Hayes).
No ano passado, mesmo perdendo por contusão o chinês Yao Ming, o Houston foi páreo duro para os Lakers nos playoffs da Conferência Oeste.
Mas, nesta temporada, os números de Morey não deram resultado -seu time tem chances remotas de passar às finais.


Com agências internacionais

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