São Paulo, quarta, 4 de junho de 1997.



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Empate com selecionado francês caiu do céu

ALBERTO HELENA JR.
da Equipe de Articulistas

Pra quem esperava uma volta por cima gloriosa, depois do vexame de Oslo, esse 1 a 1 com França foi uma decepção. Como não faço parte dessa turma, acho até que caiu do céu. No rigor da análise, poderíamos ter perdido, no segundo tempo, quando os franceses foram soberanos.
Fizemos o gol numa cobrança de falta (e que cobrança!) de Roberto Carlos, criamos mais umas duas boas oportunidades e só. E, se melhoramos um pouquinho na defesa, deve-se muito mais ao esforço de toda a equipe do que a eventuais reformas de base no sistema tático.
O fato é que não há time que resista a um mau posicionamento tático defensivo. Isso se reflete de cara no meio-campo e no ataque. Resultado: começa-se a mexer lá na frente, enquanto o problema é aqui atrás. Desfaz-se um setor e não se toca no problema.
Claro que ontem alguns craques essenciais negaram fogo, simplesmente negaram fogo. Foi o caso de Giovanni, de Romário e, em certa medida, de Ronaldinho. A bem da verdade, no plano individual, apenas Cafu esteve à altura de seu potencial. E Dunga? Ora, Dunga foi o guerreiro de sempre: luta, xinga, orienta, dá carrinho, retoma a bola e a entrega para o adversário, a fim de começar tudo de novo.
A impressão que se tem é que esse time, quando enfrenta adversários mais categorizados do que aquelas galinhas mortas que desfilam por aqui o ano inteiro, perde o viço. A bem da verdade, perde a identidade. Esse é um time fadado a atacar, com habilidade e rapidez. Mas isso só é possível se tiver a meta inimiga como horizonte pleno. Atacar com um olho nas costas é ficar no meio do caminho.
E nós estamos no meio do caminho quando já deveriamos estar chegando à reta final.

O Corinthians chega com Marcelinho e tudo, embora tenha perdido Silvinho. Mas isso não chega a ser uma tragédia; afinal, Romeu se recuperou e pode formar, com Gilmar, uma dupla, se não habilidosa, pelo menos segura na marcação.
Isso, claro, se Nelsinho, que joga pelo empate, não quiser formar sua defesa com três zagueiros, com vistas a uma marcação individual sobre a dupla Ari-Dodô, única chance de o tricolor sonhar com o título paulista.
Digo única porque a ausência de Denílson criou um buraco negro no meio-campo tricolor, prenhe de energia mas sem nenhuma luminosidade.
A propósito, Dario Pereyra quebra a cabeça para achar uma solução: quem, no lugar de Denílson? O menino Fábio Aurélio, deslocado para a meia-esquerda, Marques ou Edmílson? É a história do cobertor curto: Edmílson e Fábio Aurélio só defendem; Marques só ataca. E nenhum deles confere o mínimo de talento nesse setor tão vital.
Mas, se Dario errar na aritmética, poderá acertar na loteria do futebol: 2 no lugar de 1. Isto é: Fábio Aurélio, na meia-esquerda, combinando com Serginho por ali, e Válber, na meia-direita, no lugar de Luís Carlos. Com Serginho mais solto e Válber coordenando pela direita, aí sim grandes serão as chances de a bola chegar de jeito nos pés da dupla Ari-Dodô. É uma tese.


Alberto Helena Jr. escreve às quartas, domingos e segundas



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