São Paulo, terça-feira, 04 de junho de 2002

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JOSÉ ROBERTO TORERO

Por um lado e por outro, por outro e por um


Por um lado, a seleção mostrou garra e vontade de vencer. Por outro, não teve organização tática


Todas as questões têm pelo menos dois lados. Seja o de dentro e o de fora, o a favor e o contra, o esquerdo e o direito. Para ver um jogo da seleção é a mesma coisa. Há que ver as coisas por um lado e pelo outro, pelo outro e pelo um.
Por exemplo, por um lado Ronaldo fez uma boa partida e mostrou que logo vai estar no ponto. Ele driblou bem, passou, chutou e mostrou muita velocidade, como no lance do gol.
Por outro lado, Ronaldinho ficou abaixo do esperado. Perdeu um gol feito, não foi muito eficiente na criação das jogadas e também não foi eficaz na marcação pedida por Felipão. Por um lado, Rivaldo não jogou uma grande partida, como algumas que fez pelo Barcelona em seus bons tempos. Por outro, esteve acima de sua média na seleção. Pareceu mais acordado do que nas eliminatórias e, além disso, saiu-se bem como ator naquela encenação que culminou com a expulsão do jogador turco.
Por um lado, a seleção mostrou garra e vontade de vencer. Por outro, não teve organização tática. Essa história de um volante a menos não deu tanto gás para o ataque e desprotegeu a defesa.
Por um lado, Roque Júnior não deu grandes sustos na torcida brasileira (a não ser um pênalti não marcado pelo juiz), por outro lado o Edmilson fez uma partida muito feia, principalmente no primeiro tempo. Deu espaço, tomou dribles fáceis e errou na saída de bola. Poderia ter sido substituído pelo Anderson Polga.
E não seria mal que fosse para a próxima.
Por um lado, Denílson entrou muito bem no jogo. Por outro, se ele está tão bem, por que não começa jogando?
Para uma seleção sem tática ofensiva como a nossa, um jogador como ele, que resolve as coisas sozinho, pode ser muito útil.
Pela direita, Cafu esteve bem. Pela esquerda, Roberto Carlos já esteve melhor.
Por um lado, Luizão não fez grande coisa. Por outro, cavou um pênalti.
Por um lado, a substituição de Juninho por Vampeta foi inteligente. Por outro, Vampeta não fez nada em campo que merecesse destaque.
Por um lado, começamos perdendo da Turquia, o que não é muito agradável. Por outro, conseguimos virar o jogo, o que é muito agradável.
Por um lado, viramos, por outro, precisamos da ajuda do juiz para isso. Por um lado, vencemos. Por outro, não deu para ficar satisfeito.

torero@uol.com.br



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