São Paulo, quarta-feira, 04 de junho de 2008

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"Ecológica", China proíbe as sacolas plásticas

País, tido como o maior poluidor do mundo, quer mostrar preocupação com meio ambiente às vésperas da Olimpíada de Pequim

RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM

Lojas e supermercados chineses estão proibidos de distribuir gratuitamente as sacolinhas plásticas que os consumidores usam nas compras.
O governo proibiu a produção das sacolas mais finas e exigiu que os supermercados produzam outras, mais resistentes, que serão vendidas - a medida entrou em vigor no domingo.
A pouco mais de dois meses da Olimpíada de Pequim, o país quer mostrar que seu compromisso com o meio ambiente é sério. A medida visa a reduzir a produção das sacolas, vilãs na destruição ecológica pois levam anos para se decompor.
As estimativas mais conservadoras dizem que, por dia, os chineses usam 1 bilhão dessas sacolinhas. O governo calcula que o uso das sacolas será reduzido em dois terços.
Ao mesmo tempo, pretende estimular o uso de sacolas de pano duráveis, que possam ser usadas durante várias compras.
Nos primeiros dias da proibição, pouco mudou. Em três supermercados visitados pela Folha, as pessoas continuam usando várias sacolas para colocar a menor compra, como acontece no Brasil, e que depois têm várias finalidades domésticas. No interior da China, sacolinhas são usadas até na agricultura para proteger plantações de geadas e chuvas fortes.
O que mudou é que as pessoas compram as sacolinhas -os preços variam entre 0,2 yuan (R$ 0,05) a 2 yuans (R$ 0,50) por sacola.
"Vou pagar pelas sacolas, é mais prático. Quem vai sofrer com a medida são os mais pobres, como sempre", diz a universitária He Lu, 23.
"Apesar de conveniente para os consumidores, as sacolas provocam um severo desperdício de recursos e de poluição ambiental por causa de seu uso excessivo e da pequena taxa de reciclagem", diz a nota do governo sobre a proibição.
Grupos ecologistas como Greenpeace e Worldwatch Institute elogiaram a medida.
Às vésperas da Olimpíada, o governo chinês quer provar que se preocupa com o meio ambiente. Além da situação dos direitos humanos, as condições ambientais costumam ser a maior vidraça da China.
Criticada como o país mais poluidor do mundo e por ter permitido a destruição de 70% de seus rios e lagos nas últimas décadas, a China está tomando atitudes consideradas drásticas para mostrar seu lado ecologicamente consciente.


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