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"Ecológica", China proíbe as sacolas plásticas
País, tido como o maior poluidor do mundo, quer mostrar preocupação com meio ambiente às vésperas da Olimpíada de Pequim
RAUL JUSTE LORES
DE PEQUIM
Lojas e supermercados chineses estão proibidos de distribuir gratuitamente as sacolinhas plásticas que os consumidores usam nas compras.
O governo proibiu a produção das sacolas mais finas e exigiu que os supermercados produzam outras, mais resistentes,
que serão vendidas - a medida
entrou em vigor no domingo.
A pouco mais de dois meses
da Olimpíada de Pequim, o país
quer mostrar que seu compromisso com o meio ambiente é
sério. A medida visa a reduzir a
produção das sacolas, vilãs na
destruição ecológica pois levam anos para se decompor.
As estimativas mais conservadoras dizem que, por dia, os
chineses usam 1 bilhão dessas
sacolinhas. O governo calcula
que o uso das sacolas será reduzido em dois terços.
Ao mesmo tempo, pretende
estimular o uso de sacolas de
pano duráveis, que possam ser
usadas durante várias compras.
Nos primeiros dias da proibição, pouco mudou. Em três supermercados visitados pela Folha, as pessoas continuam
usando várias sacolas para colocar a menor compra, como
acontece no Brasil, e que depois
têm várias finalidades domésticas. No interior da China, sacolinhas são usadas até na agricultura para proteger plantações de geadas e chuvas fortes.
O que mudou é que as pessoas compram as sacolinhas
-os preços variam entre 0,2
yuan (R$ 0,05) a 2 yuans (R$
0,50) por sacola.
"Vou pagar pelas sacolas, é
mais prático. Quem vai sofrer
com a medida são os mais pobres, como sempre", diz a universitária He Lu, 23.
"Apesar de conveniente para
os consumidores, as sacolas
provocam um severo desperdício de recursos e de poluição
ambiental por causa de seu uso
excessivo e da pequena taxa de
reciclagem", diz a nota do governo sobre a proibição.
Grupos ecologistas como
Greenpeace e Worldwatch Institute elogiaram a medida.
Às vésperas da Olimpíada, o
governo chinês quer provar
que se preocupa com o meio
ambiente. Além da situação dos
direitos humanos, as condições
ambientais costumam ser a
maior vidraça da China.
Criticada como o país mais
poluidor do mundo e por ter
permitido a destruição de 70%
de seus rios e lagos nas últimas
décadas, a China está tomando
atitudes consideradas drásticas
para mostrar seu lado ecologicamente consciente.
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