São Paulo, quinta-feira, 04 de junho de 2009

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FUTEBOL

B (em) arcelona x M (al) anchester


Nada contra a beleza do jogo espanhol, ao contrário, mas satanizar os Diabos por uma partida ruim apenas é dose

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

A IMPRESSÃO para alguns é a de que a aliança rebelde, coberta de razão e heróis, dizimou o maquiavélico império galáctico.
Foi, sim, a vitória da beleza, da arte, de Messi, de um monte de coisas boas. Mas não foi a derrota de cavalos, toscos, robotizados, amarelões... Teve colega que me ""xingou" de ""inglesinho" porque elogiei mais o Manchester ao longo da temporada e o apontei como franco favorito na final contra o Barcelona, o ""ideal".
Foi a terceira Copa dos Campeões do time catalão, e todas tiveram o mesmo verniz: Dream Team (1992), Dream Team 2 (2006) e algo ainda sem um rótulo, mas utópico (2009).
A filosofia do Barcelona é a mesma desde a década de 70, quando Rinus Michels e Cruyff fixaram no clube espanhol a proposta holandesa: jogar bom futebol como meta maior.
O Barcelona posa desde então de ""Holanda que ganha às vezes" (ah, se tivesse Copa todo ano, a minha tão querida seleção laranja já seria hexacampeã mundial, pelo menos).
Neste ano, a equipe de Guardiola, primeiro técnico não holandês a ganhar a Europa pelo Barça, carregava o Unicef no uniforme, exibia o novo Maradona (só falta a Copa), trocava passes como a ótima seleção espanhola (não a catalã) e era o mocinho.
Concordo com tudo, só que não tinha vilão do outro lado. Hooligans x Animados latinos e latinas? Jogo bruto x Jogo lindo? Chuva x Sol?
O Manchester United fez talvez a pior partida de toda a sua longa temporada, que teve picos (Mundial de Clubes, tri do Inglês e Copa da Liga Inglesa) e poucos tombos (perdeu a semifinal da Copa da Inglaterra para o Everton nos pênaltis, usando uma equipe alternativa, e caiu diante de um magnífico adversário na Copa dos Campeões após 25 partidas invicto, um recorde duro de quebrar).
Nesse seu provável pior jogo, o Manchester ""assistiu" ao Barcelona ficando com ""só" 49% da posse de bola. Finalizou 11 vezes a gol, uma a mais que o belo rival, curioso. Bateu mais, é verdade, mas o marcador foi 10 a 7, apenas, em faltas. As estatísticas são ferramentas tortas em boa parte das vezes, como demonstrei. O Barça foi muito melhor do que mostram (?) esses números. Mas será que o Manchester é que não foi pior?
Se a final não foi tão legal (ouvi gente dizendo que dormiu), é porque o Manchester travou (e foi mal escalado). Não sei dizer até agora quem foi o melhor dos Diabos Vermelhos em campo. Só sei que o time todo acabou satanizado por alguns.
De repente, Vidic já não é aquela Coca-Cola toda, e Puyol é uma Brastemp. Van der Sar é um grandalhão bobo, e Valdés é inexpugnável. E por aí vai. Será que o Campeonato Inglês é tudo isso mesmo? Será que Cristiano Ronaldo foi o melhor do mundo de fato em 2008? Como o ""burro" Ferguson está desde 1986 no cargo?
O céu para o Barcelona! E o inferno para os ruins, não para os Diabos!

rodrigo.bueno@grupofolha.com.br


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