São Paulo, domingo, 04 de agosto de 2002

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FUTEBOL

Rescisão com HMTF encerra ciclo com parceiros que reforçaram time

Após 5 anos, Corinthians conta só com suas pernas

DA REPORTAGEM LOCAL

Desde o início de 1997, o Corinthians sabia que tinha a seu lado uma empresa para pedir reforços, dividir responsabilidades e até sonhar com seu estádio próprio. Agora não tem mais.
O clube vai rescindir nos próximos dias o contrato que o liga ao fundo norte-americano HMTF e não vê perspectiva de nova parceria a curto prazo.
""Hoje em dia, com essa turbulência mundial e a crise geral no futebol, acho difícil uma parceria no curto prazo", afirmou o vice-presidente de futebol corintiano, Antonio Roque Citadini.
O fim da associação tem dois pontos principais a serem discutidos: o patrocínio e os jogadores.
Por um lado, o clube vai ter de renegociar com a Pepsi a permanência de sua marca na camiseta (o acordo do logo do refrigerante no uniforme vai até dezembro).
""A Pepsi cresceu no mercado com nossa ajuda. Tudo o que tem revertido de positivo para eles vai ser levado em conta nas negociações", disse Citadini.
Outro ponto a ser acertado é o futuro de jogadores como Rogério, Fábio Luciano e Deivid, que pertencem à Corinthians Licenciamentos, firma comandada pelo sócio estrangeiro que se desliga.
Citadini não é o único a não ver perspectiva de um parceiro. ""Na atual situação, acho difícil que exista alguma empresa disposta a investir no futebol", afirma Carlos Roberto de Mello, vice-presidente financeiro do clube.
Aproveitando a onda neoliberal do país, formou-se no final de 1996 o chamado Grupo de Apoio à Presidência, formado por Ibrahim Eris, ex-presidente do Banco Central no governo Collor, Luís Paulo Rosemberg, consultor do governo Sarney, e Eduardo Rocha Azevedo, ex-presidente da Bolsa de Valores paulista.
Eles encontraram o Banco Excel, que incorporara no ano anterior o Banco Econômico. De cara, contratou por US$ 7,5 milhões quatro atletas: Túlio, Sangaletti, Fábio Augusto e Fernando Diniz.
O time venceu o Paulista-1997, mas quase foi rebaixado no Campeonato Brasileiro. Aí começou a era de grandes contratações do clube. Chegaram Edílson e Gamarra, Vampeta, além do técnico Wanderley Luxemburgo.
A mesma empresa investiria no Vitória e no Botafogo-RJ.
No final de 1998, com a compra do Excel por parte do Bilbao Vizcaya, a ajuda financeira foi diminuindo, mesmo com a conquista do Brasileiro daquele ano, afinal, o banco espanhol não tinha interesse em investir em futebol.
Isso abriu a brecha para a entrada do grupo texano HMTF, que chegou prometendo o tão sonhado estádio e contratando atletas (Vampeta e Edílson, que já estavam por lá, além de Luizão, Dida e João Carlos).
O grupo abriu 2001 retirando seu capital da América Latina, resistiu um pouco mais no Corinthians, mas o prazo se encerrou agora. (RICARDO PERRONE e RODRIGO BERTOLOTTO)


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