São Paulo, domingo, 04 de agosto de 2002

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FUTEBOL

De volta à Ásia

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Dizem que o que é bom passa rápido. Pois é, já tem um mês que a Copa acabou. Boa hora para dar uma verificada nos efeitos do Mundial-2002. Não no Brasil (não sabemos ao certo ainda se algo mudará), mas nos dois distantes países-sede do torneio.
Como não poderia deixar de ser, muita coisa está diferente por lá. O futebol deu sim uma boa mexida com os países-sede do evento. A J-League a e K-League estão batendo recordes de público. Uma rodada da liga japonesa depois da Copa levou 204.786 aos estádios, um recorde -a marca anterior era de 191.881 em julho de 2001. Os primeiros números após o Mundial mostraram aumento de 27% no público nos estádios do país. Isso apesar da escassez de grandes nomes no torneio, que teve o auge nos anos 90.
Uma partida entre Urawa Red Diamonds e Jubilo Iwata, no estádio de Saitama, contou com 57.902 torcedores, terceiro maior público da história da liga, que já teve algumas atraentes decisões.
Na liga sul-coreana, uma rodada de meio de semana fez com que 115.395 comparecessem aos jogos, também um recorde. Nos finais de semana, uma marca histórica já havia caído antes, pois mais de 25 mil pessoas, em média, foram assistir às partidas de uma rodada -o jogo entre Ulsan Tigers e Chonbuk Motors reuniu mais de 39 mil pessoas.
Chung Kul-il, secretário-geral da federação sul-coreana, já chegou a afirmar que a presença de torcedores nos estádios do país neste ano poderá ser 50% maior do que a dos últimos anos.
Há a possibilidade de surgirem novos clubes de ponta na Coréia do Sul na esteira da Copa. Isso porque algumas cidades-sede do torneio, como Seogwipo, Daegu e Gwangju, não têm times na elite e querem aproveitar o embalo.
A K-League pode passar de 10 para 14 participantes, o que lhe renderia reconhecimento da Fifa como liga de primeira divisão.
O governo sul-coreano está estudando a possibilidade de facilitar a vida dos atletas que atuam no país, cobrando menos impostos deles, por exemplo. E a Korea Telecom, também por exemplo, estuda criar um novo clube.
Com apoio estatal e da iniciativa privada, a K-League celebra em 15 de agosto um jogo especial, um ""All-Star Game", em Seul.
No Japão, até a liga da segunda divisão colhe louros. Na J-League-2, alguns times investem pesado, e o público se mostra motivado. É o caso do Trinita, de Oita.
Mas a euforia dos asiáticos não fez com que empresas parceiras do torneio seguissem com a Fifa até 2006. Das cinco companhias japonesas que patrocinaram esta Copa, apenas a Toshiba está garantida. As outras não querem pôr dinheiro em um torneio fora de casa e frustraram as esperanças da entidade de sair da lama.
Muitas empresas não-asiáticas, porém, lucraram bastante com o Mundial e certamente estarão na Alemanha. A Nike foi a campeã do chamado ""marketing de guerrilha". Pesquisas feitas na Inglaterra mostram que a parceira da CBF é vista como patrocinadora oficial da Copa quase tanto como a rival Adidas, que pagou US$ 30 milhões para se ligar ao Mundial.
No final, foi bom para todos. A Adidas vendeu 500 mil camisas do Japão, a Nike esgotou seus uniformes sul-coreanos, os japoneses venderam 38% mais TVs em maio, e os clubes coreanos esperam movimentar agora bilhões (isso mesmo) de dólares. Valeu!

De volta à Ásia
A chance que o São Caetano teve nunca mais terá. Pode até ganhar outra Libertadores, um Mundial, mas deixar escapar a oportunidade de pegar o Real Madrid mais badalado de todos os tempos, no estádio da final da Copa, em 2002, foi de chorar.

De volta à Inglaterra
Os ingleses fizeram disputa acirrada com os alemães para hospedar a Copa de 2006, mas perderam. Estariam na frente na disputa para receber o Mundial seguinte na Europa, mas as modificações no estádio de Wembley estão recheadas de burocracia e vão demorar. A Espanha pode passar na frente da Inglaterra.

De volta à África
Certamente o Mundial acontecerá na África, mais precisamente na África do Sul em 2010. Mas agora falam em uma co-organização África do Sul-Zimbábue. Será que vai mesmo acontecer?

E-mail rbueno@folhasp.com.br



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