São Paulo, quarta-feira, 04 de setembro de 2002

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TÊNIS

Prazeres e desprazeres em NY

RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA

"Ele voltou!"
"Ele" é Gustavo Kuerten, e quem disse isso, sabiamente, foi Marat Safin, número dois do ranking mundial, um dos melhores tenistas hoje, derrotado impiedosamente pelo brasileiro na segunda rodada do Aberto dos EUA.
"Foi o meu melhor jogo deste ano. Este é o diz mais feliz desde que passei pela cirurgia", falou Kuerten. Para quem viu o jogo, foi um prazer rever o catarinense no melhor da sua forma.
Dominar e destroçar hoje o segundo melhor tenista do mundo, o mais talentoso do planeta, em um piso que lhe é confortável, não é para qualquer um. É para poucos, pouquíssimos, como Gustavo Kuerten em sua melhor fase.
Ok, já ouvi alguém por aqui dizer que o brasileiro só chegou às oitavas-de-final porque dois adversários abandonaram a partida quando jogava contra ele. Coisa de gente estraga-prazer...

Esqueça o que você já ouviu falar sobre disputar Copa Davis em país sul-americano, atuar em competições juvenis sem juiz de linha, torneios sob o sol escaldante. Nada pode ser menos prazeroso do que enfrentar um norte-americano na quadra central de Flushing Meadows no Aberto dos EUA. Não bastasse o sufoco que já é encarar Andre Agassi, as irmãs Williams, Pete Sampras, Jennifer Capriati, James Blake, Andy Roddick, Lindsay Davenport, é preciso ainda superar o comportamento nada educado dos torcedores no Arthur Ashe Stadium.
Não são só os gritos patriotas. Tem as conversas intermináveis ao celular (especialmente quando o tenista rival está daquele lado da quadra), as vaias, a provocação verbal e até a intimidação. Lleyton Hewitt sofreu isso de perto na terceira rodada, contra Blake. Foi uma revanche da polêmico partida do ano passado, em que o australiano soltou declarações racistas. Sob vaia e alguns gritos de "porco racista", Hewitt ganhou apenas no quinto set.
A breve carreira mostra que Hewitt, hoje o melhor do mundo, sabe como poucos jogar sob pressão.

Falando em racismo... Cecil Hollins, um árbitro de cadeira que atuou por muitos anos no Aberto dos EUA e em outros Grand Slams, entrou na Justiça contra os organizadores do torneio nova-iorquino. Motivo: teria sido vítima de racismo e, por isso, jamais escalado para os jogos finais. Uma coisa é fato: Hollins é o único juiz de cadeira americano com distintivo dourado nunca escalado para uma final do Aberto.

Eliminada na primeira rodada, Anna Kournikova foi flagrada com o namorado, Enrique Iglesias, em uma festa da MTV.
O que ninguém viu foi a modelo-tenista se esbaldando em uma outra festa em Nova York com o também tenista Alex Bogomolov Jr., igualmente eliminado na primeira rodada.

Enquanto a chuva esfriava os ânimos em Nova York, Patrick Rafter, duas vezes campeão no Aberto, entrava ao vivo na TV, em entrevista por telefone a John McEnroe. Da sua nativa Austrália, Rafter dizia não sentir saudade do tênis e estar aproveitando os dias de sol do outro lado do mundo para se dedicar aos treinos de golfe, seu novo prazer.

Ainda em cena
Aos 45 anos, Martina Navratilova continua em quadra. Neste Aberto dos EUA, já avançou bem nas chaves de duplas femininas e duplas mistas. "Não se preocupem, porque vocês não vão me ver em quadra aos 50 anos", disse. Que pena!

Próximas cenas
Para quem está planejando ver tênis in loco em 2002: ingressos para o Brasil Open ainda estão à venda pelos telefones 11-6846-6000, 21-2421-3566 e 71-330-3939. O ATP Tour baiano começa segunda.

Entrando em cena
A quinta etapa da Credicard Visa Junior's Cup sofreu com as chuvas, mas definiu os campeões no domingo, em Niterói. Na categoria 12 anos, títulos para Rebeca Neves e Rafael Camilo; entre os de até 14 anos, Paula Madruga e Arthur Takahashi. Os vencedores na chave de 16 anos foram Patrícia Coimbra e Hugo Simões.

E-mail reandaku@uol.com.br



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