São Paulo, quarta-feira, 04 de setembro de 2002

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FUTEBOL

Reunião de compadres

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Há no Brasileirão deste ano um equilíbrio entre as equipes, ainda maior do que nos campeonatos anteriores.
Quase todos os times vão disputar os primeiros e últimos lugares. Nenhuma equipe do Rio está entre as oito mais bem colocadas.
No Flu, saiu o técnico Robertinho e entrou o ex-jogador Renato Gaúcho, com especialização em futevôlei. Será auxiliado pelo compadre Ricardo Rocha. Ambos, supervisionados pelo amigo Romário. Tem tudo para dar errado. Mas o futebol é a tal caixinha de surpresas. Não é assim também que tradicionalmente as coisas funcionam no futebol e em outros setores da sociedade?
Um dos motivos das más campanhas das equipes do Rio nos últimos Brasileiros é a maneira de jogar, mais lenta e cadenciada. Querem atuar no estilo dos grandes jogadores e times do passado.
Não sabem. Não jogam e deixam o adversário jogar.
Outras equipes mais modestas, principalmente as do Sul, fazem melhores campanhas porque são mais bem preparadas fisicamente, marcam de perto e têm mais força em seu conjunto.
Na última rodada, os principais destaques foram o Atlético-PR e o armador Kleberson.
O time dirigido por Valdyr Espinosa tem a mesma qualidade daquele do ano passado. Só mudou o esquema tático, com a presença de quatro zagueiros. Kleberson está jogando mais adiantado, próximo dos dois atacantes. Hoje, mais confiante com o reconhecimento de todo o Brasil, o jogador poderá repetir as brilhantes atuações do Mundial e jogar ainda melhor que o ano passado.
Já o São Paulo é o único time que tem três campeões do mundo. Kaká continua com a mesma garra e talento. Joga simples, fácil e com objetividade. Não perde tempo com firulas. Surpreendentemente, ele não brilhou nos treinos da seleção durante a Copa.
Além do talento, Ricardinho tem as características do armador que faltava ao São Paulo. Nos últimos anos, o time só pensava em fazer gols. Os atacantes e os armadores perdiam a bola e davam muita chance para o contra-ataque. A defesa estava sempre desprotegida e mal posicionada. Oswaldo de Oliveira já estava corrigindo o defeito. Com Ricardinho será mais fácil. O jogador deverá ser o pensador da equipe, capaz de decidir o momento exato entre procurar o gol e segurar a bola.
Ainda é cedo, mas o São Paulo já foi eleito o melhor time do torneio. O campeonato é longo, podem acontecer muitos problemas, e qualquer equipe corre riscos de ficar no meio do caminho.

A alma e o craque
Assim como aconteceu na final da Copa de 98, há muitas hipóteses e fofocas sobre a saída do Ronaldo da Inter. Uma coisa é certa: ele terá no Real Madrid muito mais chance de continuar brilhando. Provavelmente, este foi o principal motivo de sua saída.
Ronaldo, Raúl, Figo e Zidane, quatro excepcionais jogadores, ocuparão posições e funções diferentes. Por isso tem tudo para dar certo. Além disso, eles destacam-se mais por características diferentes. Ronaldo tem muita habilidade e velocidade. Raúl, seu companheiro no ataque, é um estilista, preciso nos toques rápidos. Pelas laterais, Figo dribla e cruza com perfeição. Zidane, mais recuado, é o organizador e o mais criativo de todos.
O time dos sonhos, só dará certo se os jogadores tiverem união e garra. "Quem ganha e perde as partidas é a alma" (Nelson Rodrigues). A alma e o craque.

Novo calendário
Foi aprovado o calendário para 2003, proposto pela CBF. O Brasileiro terá oito meses de duração com turno e returno. Melhor ainda se for por pontos corridos. É o critério técnico mais justo. Os oito primeiros disputarão a Taça Libertadores da América e a Copa Pan-Americana.
Para o critério técnico se tornar também o mais rentável, será necessário muitas outras coisas, como melhorar as condições dos estádios, e o Congresso aprovar a "MP da Moralização" do esporte e o Código de Defesa do Torcedor.
Durante dois meses serão disputados os torneios estaduais. Os regionais mostraram que são muito mais rentáveis.
Os pequenos clubes que não participassem dos regionais, disputariam as divisões inferiores do Brasileiro e fariam parte de uma segunda divisão dos regionais, com acesso e descenso.
Na verdade, os Estaduais foram mantidos somente para agradar aos presidentes da federações e conseguir votos para a reeleição do Ricardo Teixeira.

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