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FUTEBOL
Reunião de compadres
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Há no Brasileirão deste ano
um equilíbrio entre as equipes, ainda maior do que nos campeonatos anteriores.
Quase todos os times vão disputar os primeiros e últimos lugares.
Nenhuma equipe do Rio está entre as oito mais bem colocadas.
No Flu, saiu o técnico Robertinho e entrou o ex-jogador Renato
Gaúcho, com especialização em
futevôlei. Será auxiliado pelo
compadre Ricardo Rocha. Ambos, supervisionados pelo amigo
Romário. Tem tudo para dar errado. Mas o futebol é a tal caixinha de surpresas. Não é assim
também que tradicionalmente as
coisas funcionam no futebol e em
outros setores da sociedade?
Um dos motivos das más campanhas das equipes do Rio nos últimos Brasileiros é a maneira de
jogar, mais lenta e cadenciada.
Querem atuar no estilo dos grandes jogadores e times do passado.
Não sabem. Não jogam e deixam o adversário jogar.
Outras equipes mais modestas,
principalmente as do Sul, fazem
melhores campanhas porque são
mais bem preparadas fisicamente, marcam de perto e têm mais
força em seu conjunto.
Na última rodada, os principais
destaques foram o Atlético-PR e o
armador Kleberson.
O time dirigido por Valdyr Espinosa tem a mesma qualidade daquele do ano passado. Só mudou
o esquema tático, com a presença
de quatro zagueiros. Kleberson
está jogando mais adiantado,
próximo dos dois atacantes. Hoje,
mais confiante com o reconhecimento de todo o Brasil, o jogador
poderá repetir as brilhantes atuações do Mundial e jogar ainda
melhor que o ano passado.
Já o São Paulo é o único time
que tem três campeões do mundo.
Kaká continua com a mesma garra e talento. Joga simples, fácil e
com objetividade. Não perde tempo com firulas. Surpreendentemente, ele não brilhou nos treinos
da seleção durante a Copa.
Além do talento, Ricardinho
tem as características do armador
que faltava ao São Paulo. Nos últimos anos, o time só pensava em
fazer gols. Os atacantes e os armadores perdiam a bola e davam
muita chance para o contra-ataque. A defesa estava sempre desprotegida e mal posicionada. Oswaldo de Oliveira já estava corrigindo o defeito. Com Ricardinho
será mais fácil. O jogador deverá
ser o pensador da equipe, capaz
de decidir o momento exato entre
procurar o gol e segurar a bola.
Ainda é cedo, mas o São Paulo
já foi eleito o melhor time do torneio. O campeonato é longo, podem acontecer muitos problemas,
e qualquer equipe corre riscos de
ficar no meio do caminho.
A alma e o craque
Assim como aconteceu na final
da Copa de 98, há muitas hipóteses e fofocas sobre a saída do Ronaldo da Inter. Uma coisa é certa:
ele terá no Real Madrid muito
mais chance de continuar brilhando. Provavelmente, este foi o
principal motivo de sua saída.
Ronaldo, Raúl, Figo e Zidane,
quatro excepcionais jogadores,
ocuparão posições e funções diferentes. Por isso tem tudo para dar
certo. Além disso, eles destacam-se mais por características diferentes. Ronaldo tem muita habilidade e velocidade. Raúl, seu companheiro no ataque, é um estilista, preciso nos toques rápidos. Pelas laterais, Figo dribla e cruza
com perfeição. Zidane, mais recuado, é o organizador e o mais
criativo de todos.
O time dos sonhos, só dará certo
se os jogadores tiverem união e
garra. "Quem ganha e perde as
partidas é a alma" (Nelson Rodrigues). A alma e o craque.
Novo calendário
Foi aprovado o calendário para
2003, proposto pela CBF. O Brasileiro terá oito meses de duração
com turno e returno. Melhor ainda se for por pontos corridos. É o
critério técnico mais justo. Os oito
primeiros disputarão a Taça Libertadores da América e a Copa
Pan-Americana.
Para o critério técnico se tornar
também o mais rentável, será necessário muitas outras coisas, como melhorar as condições dos estádios, e o Congresso aprovar a
"MP da Moralização" do esporte
e o Código de Defesa do Torcedor.
Durante dois meses serão disputados os torneios estaduais. Os regionais mostraram que são muito
mais rentáveis.
Os pequenos clubes que não
participassem dos regionais, disputariam as divisões inferiores do
Brasileiro e fariam parte de uma
segunda divisão dos regionais,
com acesso e descenso.
Na verdade, os Estaduais foram
mantidos somente para agradar
aos presidentes da federações e
conseguir votos para a reeleição
do Ricardo Teixeira.
E-mail
tostao.folha@uol.com.br
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