São Paulo, domingo, 04 de setembro de 2011 |
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TOSTÃO Visão viciada
Duas correções. Escrevi, na coluna anterior, que há pouquíssima diferença técnica entre os oito primeiros colocados do Brasileirão. Há mais de oito. A outra é que são dez jogadores, e não oito, na atual seleção, que atuam no Brasil. O Corinthians não venceu o Grêmio porque mudou o esquema tático e atuou melhor. Venceu por detalhes. O acaso é isso. Decide no equilíbrio. São fatos corriqueiros, frequentes, como o pênalti mal marcado a favor do Corinthians. Acaso não é sorte nem mistério. Acontece, sem avisar, a favor e contra todos os times. Contra Gana, Ronaldinho vai jogar na frente, no lugar de Robinho, como faz no Flamengo. Mesmo se não se machucasse, Robinho seria reserva. Antes de definir o time, o esquema tático e o estilo, Mano deveria tentar escalar os melhores. Foi o que Zagallo fez na Copa de 1970. Nem sempre isso é possível. O Brasil foi campeão do mundo em 1958, 1962, 1970 e 2002 com três jogadores no meio-campo e três no ataque. Obviamente, com estilos diferentes, de acordo com a época. Em 1994, Parreira usou o estilo inglês, com duas linhas de quatro e dois atacantes. No Mundial de 2002, o volante Edmílson, em alguns jogos, recuou e se tornou um terceiro zagueiro. Por falar em três zagueiros, o Barcelona, na goleada sobre o Villarreal por 5 a 0, deu uma aula para os técnicos brasileiros sobre como jogar com três zagueiros. O time ficou ainda mais ofensivo. Em vez de uma linha de quatro defensores, tinha três, além de um volante e mais seis jogadores bem distribuídos, pressionando no campo do adversário. A equipe trocou um defensor por um jogador mais adiantado. Os técnicos brasileiros fazem o contrário. Trocam um meia ou um atacante por mais um defensor. Ficam sete atrás (três zagueiros, dois alas e dois volantes) e somente três na frente. Repito, pela milésima vez, que falta ao Brasil um craque no meio-campo, que marque e avance. O Barcelona tem três (Xavi, Iniesta e Fàbregas), além do jovem brasileiro Thiago Alcántara, uma promessa. Todos os quatro estão na seleção da Espanha. O Brasil só vai ter esse craque quando os técnicos, desde os das categorias de base, abandonarem a empáfia e se libertarem do lugar-comum, de que o meio-campo é dividido entre os volantes, para marcar, e um único meia de ligação, responsável pela criação de todas as jogadas. Ele é facilmente anulado. Essa visão viciada, estreita, mediocriza o futebol. Texto Anterior: Renovação cria pressão nos mais velhos Próximo Texto: Jogada aérea vira solução e caos Índice | Comunicar Erros |
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