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Mulheres de
atletas prestam
apoio à viúva
MÁRVIO DOS ANJOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Na pequena torcida do São
Caetano, no setor inferior amarelo do Morumbi, quatro mulheres carregavam uma faixa.
"É na fraqueza do ser humano
que a força de Jesus Cristo se
manifesta", era a mensagem
endereçada a Helaine, viúva do
zagueiro Serginho.
Atrás dela estavam as mulheres do goleiro Silvio Luiz, do zagueiro Dininho, do meia Lúcio
Flávio e do lateral Ceará, esta
última com a filha Dâmares, de
oito meses. Amigas da família,
elas prestavam solidariedade
também aos seus maridos.
"Sabemos que eles estão abalados", disse Márcia, mulher de
Dininho. "Meu marido chora,
fala dele toda hora e diz que o
campeonato perdeu a graça."
Não há, porém, revolta. "Somos de famílias evangélicas e
sabemos que uma folha só cai
se for vontade de Deus", disse
Fernanda, mulher de Ceará.
Perto dali, o metalúrgico
Márcio Santos, 29, exibia uma
camisa que estampava uma foto dele com Serginho. "Era como um amigo. Quando eu visitava os treinos, ele sempre me
convidava para ir aos cultos."
Na torcida rival também
houve solidariedade. Ao fim do
jogo, a são-paulina Maria Lúcia
Queiroz, 43, acompanhada dos
filhos Jennifer Wivian e João
Wilker, acendeu uma vela e rezou um pai-nosso. "Sou católica e tenho arritmia cardíaca,
como ele [tinha]. Vim desejar
luz ao Serginho", disse ela, que
ouviu alguns torcedores a chamarem de "macumbeira".
Houve ainda descrença. O
aposentado Joaquim Cardoso,
50, torcedor do São Caetano,
acha que o time não supera o
incidente. "Se eu, que estou de
fora, não estou nem ligando
para o jogo, imagine os jogadores, que treinavam com ele."
Como o jogo era de graça, sonhos se realizaram. Danilo, 10,
pôde ir ao Morumbi pela primeira vez, ao lado da mãe, Marize, que está desempregada.
"Sei que vai ser rápido, mas espero que o São Paulo ganhe."
A Polícia Militar estima que
22 mil pessoas foram ao estádio
-na semana passada, 14.551
pagaram para ver o jogo. Para a
PM, faltou instruir a torcida para a situação de portões abertos: os que entravam e saíam
eram revistados de novo.
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