Mesmo com dívida estimada em R$ 100 mi e com corte de gasto como regra, clube quer aumentar salário do goleiro

Empresário do atleta diz que contrato atual com o clube está desatualizado diante da importância do arqueiro no grupo alvinegro

Ricardo Nogueira/Folha Imagem

O ala Iran (esq.) e o atacante Finazzi treinam no Corinthians, que hoje enfrenta o Atlético-PR

DA REPORTAGEM LOCAL

Com uma dívida estimada pela nova diretoria em R$ 100 milhões, a regra no Corinthians é economizar. A exceção a ela é o goleiro Felipe. A renovação do contrato com o arqueiro é uma das prioridades do clube.
Segundo a Folha apurou, o Corinthians não pretende renovar os contratos dos goleiros Jean e Marcelo, que vencem no último dia deste ano. O valor que o clube deixará de pagar a eles pode ser usado para conceder o aumento a Felipe.
Hoje, o titular recebe R$ 30 mil, mesma remuneração de Marcelo. Barrado por Paulo César Carpegiani, Jean ganha R$ 50 mil mensalmente.
Apesar de Felipe ter sido o único atleta a receber reajuste salarial depois da renúncia de Alberto Dualib -ele chegara ao clube com ganho mensal de R$ 20 mil-, a avaliação dos dirigentes é que ele precisa ganhar mais. Assim, a multa rescisória do goleiro também sobe, e fica mais difícil para outro clube tirá-lo do time alvinegro.
O sinal de alerta acendeu no Parque São Jorge depois que os corintianos souberam do interesse do Fluminense, que estudou contratar Felipe para a disputa da Libertadores-2008.
Marcelo Robalinho, procurador do goleiro, encara com naturalidade o interesse do Corinthians em ampliar o vínculo.
"Quando ele deixou o Bragantino para ir ao Corinthians, havia uma proposta do Anderlecht, da Bélgica, no quíntuplo do valor. Ele preferiu ficar no Brasil, porque tem um projeto de seleção brasileira", lembra o empresário do camisa 1.
Apesar de alegar ter "um monte" de propostas do exterior pelo goleiro (de times da Espanha, da Itália e do Leste Europeu), o agente insiste que Felipe não pensa em sair.
Nem se o Corinthians cair? "Essa possibilidade o Felipe nem considera", diz ele.
Para Robalinho, o atual contrato de Felipe com o Corinthians tem valores baixos e um prazo curto -expira em abril de 2011-, considerando a condição que o atleta tem hoje, de destaque do elenco e jogador mais aclamado pela torcida.
Apesar de estar no clube há apenas seis meses, mais de uma vez ele já criticou os companheiros, além de cobrá-los por falhas em campo.
Já apontou falta de vontade e disse que não poderia fazer gols, só defender bolas.
Mais ainda, o goleiro disse que, se o Corinthians já estivesse rebaixado, alguns companheiros no elenco nem sequer suportariam se olhar e que todos os problemas do grupo na temporada viriam à tona.
Isso motivou o zagueiro Betão, um dos líderes do elenco, a pedir que Felipe maneirasse nas declarações.
Apelo à parte, para os dirigentes, está claro que o grupo corintiano está rachado.
Alguns concordam com a avaliação de Betão -acreditam que Felipe tinha razão no mérito das reclamações, mas não na forma como as externou.
Mas crêem que não há no elenco outro jogador que possa peitar o camisa 1 atualmente. A avaliação é que os insatisfeitos não têm moral para questionar os ataques de Felipe.
Apesar do ambiente azedo, os dirigentes não cogitam mudar nada até o fim do ano, para não arriscar piorar a situação.
(EDUARDO ARRUDA E LUÍS FERRARI)


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